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Os impulsos da pandemia para a transformação digital na saúde

Por Daniel Rocha

 

Os reflexos da pandemia de Covid-19 ainda ressoam em diferentes áreas, especialmente na saúde. Quando o assunto é implementação de tecnologias, mais do que uma adaptação pontual, o momento impulsionou uma tendência de transformação digital na saúde, que se tornou indispensável nas estratégias de modernização da estrutura organizacional dos hospitais.

 

Ao analisar a longo prazo a evolução tecnológica das instituições de saúde, é possível identificar a melhora no controle e armazenamento das informações com o início da informatização nos hospitais, em meados das décadas de 70 e 80. Entretanto, a tecnologia da época dispunha de grandes computadores e alto preço de aquisição e manutenção, além de poucos recursos que auxiliavam, de fato, no processo do hospital.

 

Já no cenário atual, ao adentrar em um hospital informatizado, é possível observar a integração e controle de processos desde a recepção até o centro cirúrgico. Desta forma, a tecnologia possibilita o atendimento sem a utilização de papéis, a visualização de exames na tela do computador, além de recursos que facilitam o processo assistencial e a tomada de decisão clínica, por exemplo.

 

A transformação digital na saúde durante a pandemia

 

Em um primeiro momento, desde a instauração das políticas de isolamento e distanciamento social durante a pandemia, ficou evidente a necessidade de uma adaptação quanto ao modelo de serviço oferecido. Para tanto, o atendimento dos pacientes à distância tornou-se uma realidade em grande parte das instituições.

 

Em muitas dessas, por sua vez, esse foi o primeiro passo em direção à transformação digital na saúde, gerando uma forte demanda de investimento a curto prazo, remodelando processos, estrutura e tecnologia.

 

Daí surge a busca por novas soluções tecnológicas como o prontuário eletrônico e a certificação digital, que além de garantirem agilidade e praticidade no processo, trazem mais segurança às equipes assistenciais, evitando perdas de informações pelo uso do prontuário físico e agregando retorno financeiro e de imagem à instituição.

 

Um mapeamento realizado em parceria pelas associações Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e Brasileira de Startups de Saúde (ABSS) durante os meses de junho e julho de 2022, endossa tais benefícios. Entre os desafios do setor na área tecnológica, 24% dos entrevistados mencionaram a falta de interoperabilidade sistêmica, especialmente entre prontuários eletrônicos e registros da assistência via telemedicina, 24% a dificuldade de engajar o corpo clínico em novas tecnologias, 24% a falta de padrão na jornada do paciente, 9% a falta de padrão nos protocolos e 9% as inconsistências no faturamento.

 

Além disso, quando questionados sobre quanto teriam deixado de faturar em função dos gargalos diários, 37,6% dos entrevistados informaram entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões, 20,8% até R$ 500 mil, 16,8% entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões, 12,9% entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão, 7,9% acima de R$ 10 milhões e 4% entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões.

 

Desafios do investimento em tecnologia nos hospitais

 

Quando falamos em investimentos, muitas vezes os hospitais acabam tendo que escolher entre software ou hardware, sendo que o ideal é que haja um equilíbrio. Ou seja, um investimento gradativo não só em software, mas também em equipamentos que suportam a tecnologia, bem como em dispositivos que melhoram a mobilidade e a agilidade na inserção das informações.

 

Exemplo disso é a utilização do prontuário eletrônico, mas com a impressão em papel, cenário ainda comum em muitas instituições. O ideal, porém, é a migração para um sistema 100% eletrônico. Neste caso, a utilização do prontuário junto da certificação digital e de um GED (Gestão Eletrônica de Documentos) faz com que as soluções melhorem o processo como um todo, não só de forma parcial.

Nesse sentido, o mercado conta atualmente com tecnologias que podem ser muito benéficas no processo de transformação digital na saúde, pois trazem mais agilidade, controle e produtividade, uma vez que automatizam processos manuais.

 

A assinatura de documentos 100% digital, por exemplo, evita gastos com papel e perdas de documentações importantes para controle do prontuário. Há também soluções que agilizam e integram as notas fiscais dentro do sistema, evitando desgastes e lançamentos manuais, mitigando erros e falhas operacionais.

 

Assim, tecnologias como essas facilitam o atendimento de pacientes e geram maior disponibilidade das equipes a atenderem de qualquer lugar, quebrando barreiras de distância e tempo. Sem contar a possibilidade do atendimento seguro, evitando o risco de contágio, seja do Covid-19, como também de outros vírus.

 

Tecnologias ainda escassas nas instituições de saúde

 

Diante, muitas vezes, da incompatibilidade de software ou investimentos, as instituições de saúde ainda carecem da implementação de tablets e smartphones em seu dia a dia, que possibilitem a continuidade no atendimento digital sem a necessidade de equipamentos maiores como notebooks e computadores.

Além disso, cabe ressaltar as ferramentas de barramento para integrações diversas que as instituições possam precisar e que ainda apresentam muitos transtornos de entrega na qualidade da informação ou até mesmo ausência de conteúdo. Esses gargalos, por sua vez, se tornam fluidos a medida em que as instituições de saúde compreenderem a necessidade de dedicar esforços na implementação de soluções voltadas para integrações e implementações de recursos. Além de otimizar a experiência do paciente, elas atuam na melhoria de processos e qualidade das informações, favorecendo os ganhos da transformação digital na saúde.

 

Daniel Rocha é Diretor Executivo da Digisystem, empresa 100% brasileira com 31 anos de experiência em serviços especializados em TI.

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