Os smartphones podem substituir as maquininhas de cartão?
*Por Wilton Brito, executivo do Grupo Gertec
Ao longo dos últimos
anos, vemos que o smartphone vem incorporando cada vez mais funções e
assumindo o papel de diversos equipamentos. Um grande exemplo é como ele
praticamente substituiu diversos segmentos da indústria, como foi o caso da
câmera digital, o aparelho de GPS, o tocador de MP3, a calculadora, entre
outros. Ou seja, o smartphone poderia ser considerado um verdadeiro “canivete
suíço” da tecnologia na atualidade, e seguindo nesta direção, hoje ele avança
no setor de meios de pagamento também.
Recentemente, a Apple
anunciou o lançamento da funcionalidade que permite que o iPhone seja capaz de
receber pagamentos por aproximação através da tecnologia NFC, o que o
transforma em um “terminal de pagamento” para o lojista. E por aqui, a GERTEC
atenta às novidades e inovações do setor, também acaba de lançar sua solução
Tap2Pay, que possibilitará que qualquer smartphone Android com tecnologia NFC
se transforme também em um terminal de pagamento.
Realmente trata-se de uma
grande evolução para a indústria de meios de pagamento, e este assunto tem
despertado muitas discussões no mercado sobre o futuro das chamadas
“maquininhas de cartão”.
A realidade é que o setor de
meios de pagamentos vem passando por grandes transformações, e o resultado é
uma mudança cada vez mais significativa na forma como o dinheiro circula e é
transacionado. O volume de dinheiro “em espécie” circulando na economia vem
sendo reduzido de forma bastante significativa nos últimos tempos. Segundo
dados do BC, somente entre os meses de janeiro a outubro de 2021, a redução foi
de R$
40 bilhões, e grande parte desta mudança tem sido impulsionada pelo avanço da
tecnologia, maior competição no setor e também pelo amadurecimento do mercado,
que tem hoje maior oferta e acesso a produtos e serviços financeiros digitais,
incluindo as novas formas de pagamento como o PIX e as carteiras digitais, por
exemplo.
Neste cenário, podemos ver
que os pagamentos digitais crescem a todo vapor no Brasil e tanto o PIX, quanto
o uso do cartão de crédito continuam batendo recordes de crescimento
sucessivos. Segundo dados da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de
Cartões de Crédito e Serviços), o setor de cartões cresceu 33,1% em 2021,
alcançando um volume transacionado de R$ 2,65 trilhões, o que representa um novo
patamar recorde para este mercado. A realidade é que o cartão de crédito se
consolidou como uma das principais linhas de crédito para a população na
atualidade. Já o PIX também segue com sucessivos recordes de crescimento, e
hoje já é uma das principais modalidades de pagamento utilizadas pela população
de uma forma geral.
Outro dado importante sobre
a evolução do mercado de meios de pagamento, é o crescimento das transações por
aproximação (NFC). Esta modalidade de pagamento vem apresentando um forte
crescimento nos últimos tempos, impulsionado principalmente pela evolução
tecnológica (maior quantidade de cartões NFC e de terminais de aceitação), mas
também pelas mudanças relacionadas aos hábitos de consumo ocorridos durante a
pandemia. Também de acordo com a Abecs, o volume de transações por aproximação
cresceu 384% em 2021, o que significa que uma em cada quatro transações
presenciais ocorrem por meio da aproximação, e a estimativa é que alcance
metade ainda em 2022, ou seja, o mercado de transações por aproximação (NFC)
está em forte crescimento no Brasil.
Diante de tantas
transformações e novidades, é possível imaginar que o “fim das maquininhas”
esteja próximo, mas em minha opinião, a realidade é que o mercado de meios de
pagamento, vem evoluindo ao longo dos últimos anos em uma direção que indica um
formato muito mais de INCLUSÃO e COMPLEMENTARIDADE das tecnologias e formas de
pagamento do que de SUBSTITUIÇÃO ou de obsolescência das tecnologias atuais. Ou
seja, caminhamos para um mundo de pagamentos com muito mais ofertas de produtos
e soluções que ajudem o lojista a entregar uma melhor experiência de uso e de
atendimento ao consumidor. É provável que teremos muitas opções disponíveis, e
tanto o consumidor, quanto o lojista poderão escolher o que fizer “mais
sentido” para o seu uso, conforme os benefícios e vantagens de cada um.
O próprio mercado de
“maquininhas” como conhecemos também vem evoluindo e se transformando. Se
olharmos por exemplo os terminais de pagamento Android, conhecidos como SmartPOS atuais, vemos que se
assemelham muito mais a um PDV (terminal de caixa) para o lojista por sua
capacidade de processamento e de recursos, do que dos tradicionais terminais
POS (maquininhas de cartão) que fazem apenas o pagamento. Sendo assim, é possível
supor que todos aqueles equipamentos que o lojista possui atualmente no
terminal de caixa (PDV), que na maioria das vezes inclui: computador,
impressora, pinpad, leitores e outros periféricos, poderiam ser substituídos
por um SmartPOS integrado com a automação comercial. Isto possibilitaria menor
custo, mobilidade e melhor aproveitamento do espaço físico para o lojista, ou
ainda, poderia funcionar em conjunto com o terminal de caixa (PDV) tradicional,
expandindo a capacidade e qualidade de atendimento do estabelecimento
comercial.
Como já falamos, a
tecnologia vem sendo o grande agente de transformação do mundo em que vivemos,
e este movimento vem ganhando cada vez mais velocidade a cada dia. Talvez se
olharmos de uma forma mais ampla, podemos nos questionar sobre até mesmo a
existência do próprio smartphone como conhecemos nos próximos anos. Será que
ele também irá se transformar? Ou deixará de existir? Veremos os próximos
capítulos. Mas o ponto chave é: cada vez mais o advento de novas tecnologias
dará outros sentidos para tudo que já conhecemos. Estejamos preparados para o
futuro que começa logo.
*Wilton Brito é executivo do Grupo Gertec e atua há mais de 16 anos no mercado de meios de pagamento e automação comercial, com passagens por empresas como Gertec e Diebold Nixdorf.
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