Retirada de recursos fragiliza Assistência Social no Brasil
Levantamento aponta que recursos voltados à
proteção social no país vêm caindo, ainda que o número de pessoas em situação
de vulnerabilidade esteja maior
Por mais que o número de pessoas em
situação de vulnerabilidade venha crescendo no Brasil, recursos destinados à
proteção social têm caído desde 2019. É o que aponta levantamento de
pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Políticas
Públicas (PPGDH) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(PUCPR).
Na prática, o que se constata é o
subfinanciamento do sistema de assistência social. O orçamento aprovado na Lei
Orçamentária Anual (LOA) para o setor no país tem se mantido abaixo de R$ 2
bilhões ao ano desde 2019, quando o valor foi de R$ 1,9 bilhão. Em 2020, ficou
em R$ 1,4 bilhão, enquanto em 2021 chegou a R$ 1,1 bilhão e em 2022, R$ 1
bilhão. A título de comparação, em 2014 o orçamento para assistência social foi
de R$ 3,1 bilhões.
No Brasil, a assistência social está
organizada por meio do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e tem como
objetivo garantir a proteção social aos cidadãos, prestando apoio a pessoas,
famílias e à comunidade no enfrentamento de suas dificuldades, por meio de serviços,
benefícios, programas e projetos. Com um orçamento cada vez mais reduzido para
o setor, porém, a atuação da assistência social também é enfraquecida.
Para Jucimeri Isolda Silveira,
professora do PPGDH da PUCPR a promulgação da Emenda Constitucional número
95/2016, há seis anos, que estabeleceu o novo regime fiscal e o chamado “teto
dos gastos”, contribuiu para essa situação, mas há outros fatores a serem
analisados.
“As mudanças de gestão estão gerando
filas nos Centros de Referência de Assistência Social [CRAS] de todo o país. É
nos municípios que os cidadãos em situação de desemprego, informalidade,
pobreza e insegurança alimentar buscam acesso para cadastramento e atualização
de informações, na esperança de receberem benefícios como o Auxílio Brasil e o
Benefício de Prestação Continuada [BPC]”, pontua.
Maior vulnerabilidade social – Ao mesmo
tempo que os recursos para assistência social são reduzidos, a pobreza cresce
no país. Os recursos para a população de rua, por exemplo, caíram de R$ 88,4
milhões de reais em 2019 para R$36,1 milhões em 2021, segundo o Projeto SUAS
Números. Em relação ao combate ao trabalho infantil, ações como o Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil deixaram de receber verbas federais.
“A retirada de recursos da assistência
social, assim como da saúde, da educação e da segurança alimentar, penaliza a
população que se encontra em situação de maior vulnerabilidade, que sofre com a
desigualdade, e impacta negativamente os municípios que ofertam os serviços
integrados aos benefícios. Esses serviços devem ser cofinanciados pela União e
estados, de forma regular, por meio de fundos públicos, com critérios técnicos
e transparentes e em volume suficiente para atender às demandas por proteção
social”, finaliza Jucimeri.
Mais informações sobre o levantamento e outros projetos do Núcleo de Direitos Humanos acesse: https://blogs.pucpr.br/ndh
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