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ROCK IN RIO HUMANORAMA & A REVOLUÇÃO PRATEADA | Hoje é dia de Rock, bebê!

Por Michelle Queiroz

A frase icônica dita pela atriz Christiane Torloni na edição de 2011 do Rock in Rio  – e até hoje relembrada entre os apaixonados (ou não) pelo rock –, nos faz refletir o alcance e a importância do festival dentro e fora do país. Do metal ao rap, do clássico ao pop, da favela ao asfalto, unindo palcos, tribos e orquestra em um único coro, em uma única voz. Todos os dias deveriam ser dias de rock! Dias de lutar por um propósito, por um ideal, por uma causa, uma causa comum a todos e todas.

A música tem naturalmente um potencial de reunir as pessoas e nos mostra que juntos o sonho acontece.  Foi assim no Rock in Rio Humanorama, uma iniciativa do festival, realizada em julho deste ano, que buscou materializar o propósito de “tornar o mundo um lugar melhor”. O evento colocou em pauta diversas mudanças de paradigmas que vivemos nesse momento. Entre elas, trouxe para o debate a questão da longevidade, afinal, independente do estilo, gênero ou raça, o fato é que todos nós envelhecemos.

A Revolução da Longevidade é uma realidade global e tem repercutido em diferentes dimensões da vida humana: da economia à cultura, passando pela educação e saúde, nada escapa ao impacto da longevidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2050, o número de pessoas com idade superior a 60 anos ultrapassará os 2 bilhões. No Brasil, estima-se que, em 2030, seremos a quinta população mais idosa do mundo.

Por isso, durante o Rock In Rio Humanorama, o tema longevidade e as implicações trazidas pelo envelhecimento da população no país fomentaram o diálogo entre representantes da comunidade LGBTQIA+, pessoas com deficiência e outras diversidades. O evento contou também com o pré-lançamento do Movimento E.L.U.S. (Educação em Longevidade Unindo a Sociedade), iniciativa da Rede Longevidade, que tem como proposta promover a longevidade como uma causa de todos, criando um pacto social pela educação em longevidade no país de maneira intergeracional e inclusiva.

Ainda hoje, em pleno século XXI, observa-se acentuado preconceito contra pessoas mais velhas, também conhecido como ageísmo, o que impacta na qualidade de vida, na saúde física e mental, na empregabilidade e nas políticas públicas voltadas para os 60+. É necessário entender que, por mais que o envelhecimento seja uma realidade de todos, ele afeta cada grupo social de uma maneira específica e, por esse motivo, é necessário trazer esse diálogo atores diversos, foi o que o Rock in Rio Humanorama e o Movimento E.L.U.S. se propuseram a fazer: trazer uma abordagem que conecte e dê luz a diferentes tons de diversidade.

Eventos como o Rock in Rio ultrapassa limites territoriais. Pessoas de todo o mundo se voltam para um acontecimento com dia e hora determinados, mas com um legado intangível, como a simples frase que iniciamos esse artigo. E é essa a reflexão que fica: o envelhecimento está aí! Mas, para além dos holofotes é preciso permanecer e assumir esse movimento, dar continuidade, fazer reverberar a mensagem para que seja uma causa abraçada por todos e todas.

Que sejamos protagonistas de uma nova realidade, de respeito às diferentes formas de envelhecer. É o que propõe o movimento E.L.U.S. que oficialmente será lançado no Brasil no Expo Fórum Longevidade 2022, em 30 de setembro, em São Paulo. Que possamos ser palco deste que é o maior evento de toda a história: uma sociedade que valoriza a diversidade e respeita suas memórias.

Ao falarmos de rock, lembramos de encontro de gerações, de longevidade. Mais que um evento cultural, o Rock in Rio, representa um marco para a história da música. Estamos também diante de um marco histórico, futuro está no agir hoje e nossa vida pode se tornar infinita pelo legado que deixamos.

 

| Michelle Queiroz

Mestre em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora-associada da Fundação Dom Cabral há 15 nos. Fundadora e presidente da Rede Longevidade, Conselheira do Internacional Longevity Centre – ILC / Brasil, membro do GT 60+ do Grupo Mulheres do Brasil, associada à SBGTec - Sociedade Brasileira de Gerontecnologia. Atua também como palestrante, pesquisadora, autora de artigos e publicações em diversos formatos no campo da longevidade.

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