Semana de quatro dias: será que esse modelo é adaptável a realidade de trabalho do Brasil?
Por
Daniel Neto Campos, CEO e founder da EDC Group
Rolando o feed do LinkedIn você já
deve ter se deparado com alguma notícia ou post sobre a jornada de trabalho reduzida,
ou semana de quatro dias. Priorizando o equilíbrio entre a vida profissional e
a pessoal, mas sem perder de vista a produtividade, diversas empresas em todo o
mundo decidiram adotar a semana com apenas quatro dias úteis de trabalho. Essa
adoção está sendo muito bem aceita entre os funcionários, afinal, quem não
gostaria de tirar uma folga remunerada no meio da semana? No entanto, você já
parou para pensar se esse modelo é adaptável para a realidade de trabalho do
Brasil?
Especialmente após a retomada aos
postos de trabalho em decorrência da redução da pandemia, muitas companhias
compreenderam que as prioridades e objetivos das pessoas mudaram e, com isso, a
forma como enxergam suas funções também.
Por isso, priorizar e garantir mais
autonomia para os funcionários tocarem suas
vidas fora das empresas é uma atitude que impacta diretamente a produção e
engajamento dos times. Essas mudanças foram
observadas na pesquisa realizada pela
EDC Group, onde 62,3% dos entrevistados relataram estar mais focados em
oportunidades que facilitam o equilíbrio entre o trabalho e atividades
pessoais, como a prática de exercícios.
No
entanto, para colher os bons frutos dessa mudança o empregador precisa dispor
de um time maduro que entenda e domine absolutamente todas as suas atribuições,
de forma que seja possível medir a produtividade por meio das entregas e não
pelas horas trabalhadas. O grande desafio da difusão desse modelo no Brasil é que estamos muito mais
habituados a entregar nossas horas trabalhadas do que de fato entregar
produtividade e resultado.
Além disso, trabalhar apenas quatro
dias não significa deixar de fazer o trabalho de um dia. Para isso é preciso
ter um bom senso de organização e prioridade, de forma que seja possível
entregar todas as demandas da semana em um período de tempo reduzido. O
que é perfeitamente possível com uma boa gestão e domínio do trabalho desempenhado.
Uma pesquisa do site de empregos
Indeed, divulgada em junho, afirma que 85% das pessoas entrevistadas consideram
que a semana de quatro dias úteis seria útil para melhorar a saúde mental. Para 86% dos participantes, a
jornada reduzida traria um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e
profissional. Já outros 75% dos trabalhadores concordariam em aumentar suas
horas diárias de trabalho para terem uma semana de quatro dias.
Com a alta aceitação desse modelo de
trabalho, acredito que no Brasil essa implementação acontecerá muito mais por
necessidade do que de fato pela reestruturação das crenças e hábitos de
trabalho. Áreas com grande procura de
profissionais como a de TI, por exemplo, devem passar a adotar a semana de
quatro dias para atrair novos talentos em meio
a escassez de mão de obra.
Embora a redução traga muitos
benefícios, é preciso compreender que não é
como um final de semana estendido. As empresas
enxergam essa reformulação enquanto uma pausa no meio da semana para descansar,
organizar as ideias e voltar mais disposto e criativo. Por isso, ao contrário
do que muitos pensam, as pausam acontecem no meio da semana, geralmente de
quarta-feira.
De forma prática, no Brasil essa
adoção deve acontecer de forma mais lenta, afinal, trabalhos mais
’’independentes’’ facilitam essa implementação, diferente da nossa cultura
organizacional que tende a separar funções por etapas nas quais um trabalhador
depende do outro para concluir uma tarefa. Ou seja, quando mais assíncrono for
a sua função, mais fácil será de adaptá-la ao modelo de quatro dias.
Outro ponto importante sobre a redução
da semana de trabalho é entendermos que esse benefício não pode estar atrelado
somente ao nível e qualificação do trabalho. Trabalhadores braçais e de
diferentes setores também são impactados com os benefícios desse modelo, por
isso, não faz sentido excluí-los dessa reformulação, tampouco elitizá-la.
Nos últimos dois anos, evoluímos muito
na forma como trabalhamos e enxergamos essa relação. A semana de quatro dias faz
parte dessas reestruturações que estão sendo feitas para mantermos nossas vidas
e atividades mais equilibradas. Com certeza, nos próximos anos teremos ainda
mais mudanças e adaptações que favorecem esse relacionamento entre empresas e
funcionários, garantindo maior produtividade e felicidade para os
trabalhadores. E você o que pensa sobre esse assunto?
*Daniel Neto Campos é CEO e founder da EDC Group
SOBRE
A EDC GROUP
A EDC Group é uma consultoria de RH e
outsourcing de serviços especializados. Com mais de 10 anos de atuação no
mercado, a empresa oferece serviços de Hunting, Temporários, Outsourcing, BPO e
Projetos especiais, para as áreas de Engenharia, Manufatura, Logística,
Agroindustrial, Telecomunicações, Serviços e Saúde, visando fornecer o profissional
adequado a necessidade da empresa, proporcionando a cada colaborador a
oportunidade de crescimento e desenvolvimento.
Com sede em São Paulo (SP) e filiais em Indaiatuba (SP) e Troy Michigan (EUA), a EDC conta com mais de 200 colaboradores para atender clientes como Siemens, Mercedes-Benz, John Deere, AGCO, ZF, entre outros. Saiba mais: www.edcgroup.com.br
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