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SETEMBRO AMARELO | Socorro, o amor está doendo!

Por Fernanda Braite

Você conhece alguém que sempre acreditou e lutou pelo empoderamento feminino, mas que quando termina um namoro parece que o mundo simplesmente vai acabar? Depressão, ataques de pânico, vontade de morrer, vontade de matar... tudo simplesmente perde a vida e a cor! Se sim, continue aqui comigo, porque gostaria de ter uma conversa com você sobre isso. Antes, no entanto, preciso me apresentar. Sou jornalista e escritora; em 2012, eu descobri um grupo chamado MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas), que me inspirou a escrever um livro sobre três mulheres que conheci por lá – e que me contaram suas histórias. O “Amadas”, título do meu livro, foi publicado pela Primavera Editorial.

O grupo Mulheres que Amam Demais Anônimas teve origem no trabalho da psicóloga Robin Norwood, que criou o termo MADA após estudar casos de pessoas dependentes de relacionamento. Sim, o ser humano é capaz de se viciar em alguém, assim como nos viciamos em drogas! O processo químico cerebral, inclusive, é incrivelmente parecido, assim como o processo de abstinência e desintoxicação. Por isso, por mais que racionalmente a gente apoie e incentive o empoderamento e a liberdade feminina, não significa que estejamos blindadas contra relacionamentos tóxicos ou a dependência de pessoas.

A coisa fica ainda mais complicada quando percebemos que nós, mulheres, recebemos incentivos emocionais para vermos as relações amorosas como um propósito de vida. Vamos ser sinceras, aposto que você conhece mais meninas que amam filmes, séries e histórias românticas do que meninos, não é? Isso não é um problema, apenas um fato: somos socialmente incentivadas ao romantismo. E isso, somado a questões familiares e estruturais, faz com que tenhamos uma tendência maior de nos doarmos para os outros e nos esquecermos de nós mesmas.

Com toda a sociedade dando sinais, às vezes sutis, de que temos que ser bonitas, interessantes, inteligentes, atraentes e adoráveis – com o único objetivo de conquistar um parceiro para toda a vida –, não se julgue ou se culpe por perceber que está indo por esse caminho e tentando se moldar aos olhos do outro. O importante é percebermos isso e ligarmos o alerta para realmente seguirmos, na prática, o empoderamento que amamos na teoria. 

Fique atenta! Você sente que dar um rolê sozinha ou com as amigas, ou fazer coisas que não envolvem a pessoa amada não tem mais a menor graça? Você tem interesses, hobbies ou sonhos que não envolvem o parceiro? Analise se você não está se perdendo no relacionamento, se você está sendo você mesma. Seja cuidadosa consigo!

E o que fazer se achar que está “amando demais”? Se estiver sofrendo demais com um término, a primeira coisa importante é não se sentir culpada por estar “exagerando”, mesmo que as pessoas digam “nossa, parece que alguém morreu”. Um rompimento é como se fosse um luto, mesmo! Aquela pessoa ou a ideia que tínhamos dela “morreu” para a gente. E, caramba, isso dói pra burro! Ou, às vezes, o relacionamento nem acabou, mas você percebeu que é algo tóxico e que está minando a sua personalidade.

Respire fundo! O próximo passo é buscar ajuda. Faça terapia, faça um tratamento médico, se for preciso, ou procure o Grupo Mada. As reuniões são gratuitas e há vários endereços por todo o Brasil, além de reuniões on-line. Lembre-se de que você não está e nunca estará sozinha!

| Fernanda Braite é escritora, jornalista formada pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em literatura pela Pontifícia Universidade Católica (PUC). É autora do livro “Amadas”, que conta histórias reais de relacionamentos abusivos. A autora é apaixonada por filmes de terror e por romances da Jane Austen; casada, mora em São Paulo e tem quatro gatos.

 

SOBRE A EDITORA | A Primavera Editorial é uma editora que procura apresentar obras inteligentes, instigantes e acalentadoras para a mulher que busca emancipação social e poder sobre suas escolhas. www.primaveraeditorial.com

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