Como as empresas podem se preparar para a recessão?
Por Sacha Aprile, diretor de operações da Crediblue
Segundo dados levantados pelo Serasa Experian, as micro e pequenas empresas configuram a maior parcela de companhias inadimplentes, somando 5.5 milhões. Com as incertezas e riscos tomando conta do cenário internacional, mesmo com a melhora das perspectivas internas é essencial tratar o endividamento de forma estratégica. De acordo com informações do Banco Central que se referem à tomada de crédito financeiro por pessoas jurídicas, empresários pagam ao longo do ano altíssimas taxas de juros com recursos como conta garantida – empréstimo rotativo para fluxo de caixa – e cartão de crédito.
No primeiro, a taxa média de juros é de 41,7% a.a., e, no segundo, chega a 318,2% a.a., quando analisado o mês de fevereiro de 2022. Pagar mais de 300% de juros ao ano é insustentável! É um volume de recursos que poderia ser reinvestido no negócio. A facilidade em acessar as opções de crédito mais caras, como é o caso do cartão de crédito e cheque especial, é um dos motivos do elevado estoque dessas linhas, em detrimento do custo exorbitante.
Além disso, ocorre também que, culturalmente, o endividamento é visto como algo ruim e, por isso, acessar as linhas de curto prazo gera a expectativa de que o débito logo será quitado, o que nem sempre acontece. O endividamento deve ser visto como um insumo, logo, deve ser tratado de forma estratégica. Nesse sentido, deve-se buscar informação bem como entender o produto que melhor se adequa à sua necessidade e ao momento.
Com a expectativa de um período turbulento à vista, é importante estar preparado. Para isso, buscar linhas de crédito de longo prazo pode ser uma alternativa interessante, deixando as de curto prazo apenas para emergências. Caso já esteja acessando as linhas de crédito de curto prazo, vale revisar, procurando negociação com a instituição financeira, outras possibilidades com menor custo e maior prazo ou mesmo buscar outras alternativas no mercado.
Existem soluções de crédito mais atrativas e com juros infinitamente menores – o home equity, ou crédito com garantia de imóvel, é um deles. Neste tipo de produto, o imóvel do empresário, que pode inclusive ser sua própria residência, é posto como garantia, assegurando taxas menores e mais tempo para pagar. A solução de home equity tem taxas que custam apenas uma fração daquelas cobradas no cheque especial, além de contar com prazo de até dez anos para quitação. Frente aos juros do cartão de crédito, não há dúvidas de que é um crédito mais saudável para um negócio e um caminho palpável para manter a saúde financeira em momentos de turbulência.
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