CROSP celebra o Dia das Crianças
Nesta data, saiba quais desafios envolvem a
descoberta do universo da Odontologia e como apresentá-lo aos pequenos
Além de brinquedos, o Dia das Crianças é
a data ideal para lembrar sobre a importância de levar os pequenos ao
Odontopediatra logo cedo. A tarefa não é fácil e, por isso, requer cuidado e
atenção.
Para a Cirurgiã-Dentista, Odontopediatra
e membro da Câmara Técnica de Odontopediatria do Conselho Regional de
Odontologia de São Paulo (CROSP), Dra. Patrícia Valéria Cunha Georgevich, um
dos maiores desafios da Odontopediatria está relacionado à insegurança da
criança em relação aos primeiros encontros. “Essas primeiras idas ao
consultório odontológico são mais delicadas, uma vez que o profissional trará
algo novo para a rotina do paciente, que normalmente vem bastante inseguro, o
que, aliás, é bastante comum”.
A importância da companhia
Dra. Patrícia explica que para driblar
essa insegurança é importante inserir aos poucos a criança no mundo da
Odontologia. Para ajudar neste processo, ela estabelece que a companhia de
alguém próximo é fundamental. “Ela nunca deve entrar sozinha na primeira visita,
pois o consultório odontológico é muito grande diante de uma criança. Se
abaixarmos e olharmos para cima vamos ver que é tudo muito maior. É tudo feito
para um universo adulto e elas enxergam tudo muito grande, daí surgem
indagações como: eu vou sentar nessa cadeira?”.
Portanto, a companhia das pessoas com as
quais a criança tem maior segurança é imprescindível. A Odontopediatra reforça
que os pequenos precisam estar acompanhados por aquelas pessoas com as quais
eles tenham convívio diário, como pais, mães, o avô ou avó ou babá.
Momento de descobertas
Além disso, a Odontopediatra explica que
o segundo passo para vencer os desafios consiste em apresentar de maneira
lúdica o consultório, os instrumentos e as suas funções. “Eu trabalho muito com
o sugador, comento com a criança que é a tromba do elefante que vai puxar a
água da boca - a saliva - e que tem uma duchinha lavando os dentinhos, por
exemplo, quando uso a tríplice”. Dra. Valéria comenta que muitas vezes durante
essa apresentação são percebidos olhares mais curiosos pelas crianças.
A idade cronológica também é um fator
essencial levantado pela especialista, pois de acordo com ela ajudará a definir
qual tipo de linguagem será usada para conversar. “A linguagem que o
Odontopediatra vai trazer deve estar de acordo com a idade e intelecto da
criança. Ela é essencial para entrar neste universo lúdico e manter a criança
motivada durante essa experiência de atendimento”.
Lidando com os medos
O medo e o incômodo provocados por
alguns instrumentos, como o motorzinho (alta e baixa rotação) e a aplicação de
anestésico, também fazem parte do processo de descobertas durante as primeiras
consultas.
O diálogo com a criança é sempre o
melhor caminho, aponta a Odontopediatra. Explicar o motivo do uso de cada um
destes recursos e os efeitos que cada um provocará é fundamental, segundo a
especialista. “No caso da anestesia, eu explico que ela vai fazer a boca
adormecer e que vai incomodar “sim” um pouquinho, no início. É importante ser
sincero com a criança e não mentir, pois assim se estabelece uma boa relação de
confiança”.
Dra. Patrícia ressalta ainda que o bom
relacionamento e a conquista da confiança são um processo progressivo, que se
inicia desde a primeira consulta.
Fada dos dentes
A ansiedade também é um fator importante
por parte dos pais e das crianças, especialmente quando se trata da troca dos
dentes. A fada dos dentes aparece muito neste contexto, segundo Dra. Patrícia.
“Vivemos num mundo comparativo, as crianças comparam muito a perda dos seus
dentes com a de outras crianças. Questionam por que o dente delas ainda não
caiu. Neste momento, eu explico que cada um tem um tempo diferente e que o dela
vai cair também. Outras não querem perder o dente com a justificativa de que o
dentinho é delas”.
Já a ansiedade por parte dos pais diz
respeito à formação dos dentes e se está tudo de acordo. Para trabalhar a
ansiedade de todos, a especialista conta que durante a consulta explica à
criança que ela está ali para verificar como está a fala, se está mastigando direitinho
e como está lá dentro do mundo da boquinha. “Vamos conversando todos juntos.
Pais e crianças participam da consulta, que se torna um assunto familiar. É uma
consulta bem gostosa, pois eles contam, fazem sempre comparações e percebem que
o Cirurgião-Dentista faz parte de um mundo necessário também na sua
rotina”.
Cuidado precoce
O atendimento voltado às crianças ainda
na primeira fase da vida faz parte da rotina de muitos Odontopediatras. De
acordo com a Dra. Patrícia, quanto mais cedo esses cuidados forem iniciados,
melhores serão os reflexos para a saúde geral.
A presença do bebê junto à mãe no
consultório permite que o profissional avalie o tecido mole (mucosa oral), como
estão os freios labiais e linguais, as formas dos arcos dentários, a formação
dos dentes e a postura da língua, bem como outras observações do conhecimento
do Cirurgião-Dentista. “Temos gestantes e mães com bebês de colo que
comparecem ao consultório, sejam elas encaminhadas por pediatras ou porque já
têm essa informação de que é importante a visita do bebê ao
Cirurgião-Dentista”.
Oportunidade de mais contato
Outro tema importante é a quanto à
alimentação do bebê. Muitas mães, segundo ela, perguntam se o leite materno
causa cárie. “O leite materno de modo algum causa cárie, ao contrário do
leite industrializado. O que causa cárie é quando o bebê continua sendo
amamentado e já faz uso de produtos industrializados sem uma rotina de higiene
efetiva. É importante ressaltar que amamentação é um momento único de doação e
conexão entre mãe e bebê, em que há, além de desenvolvimento físico, o
nutricional, imunológico e emocional”.
Neste contexto, a Odontopediatra chama a
atenção para um outro aspecto da higienização, a qual permitirá a saúde da boca
mas também o contato entre pais e filhos. “Esse momento de cuidar dos dentes
dos filhos também é a conexão emocional e educativa. Há mães, por exemplo, que
têm sua rotina profissional intensa e não conseguem ficar com a criança no dia
a dia. É legal que ela faça pelo menos um dos momentos de higiene com a
criança, assim é um outro momento de troca que começou desde a amamentação”.
Crianças especiais
A Odontopediatra chama a atenção também
para o atendimento direcionado às crianças com necessidades especiais. De
acordo com ela, o conhecimento sobre a realidade e o mundo no qual a criança
está inserida; onde ela vive, como é o modo de vida; se é cuidada pelos pais,
avós ou instituições; se possui alteração apenas física ou cognitiva; além dos
cuidados relacionados à alimentação e higiene, são fatores fundamentais.
“Algumas questões sociais são importantes e vão facilitar e proporcionar um diagnóstico
mais preciso”.
Dra. Patrícia acrescenta que o
tratamento dessas crianças inclui uma dinâmica com uma equipe multidisciplinar,
como fonoaudiólogo e nutricionista. “As crianças especiais merecem um
carinho especial, elas estão ali, de olho e tem a mesma ansiedade. Ela pode ter
uma paralisia, por exemplo, mas tem a mesma ansiedade para ser cuidada e às
vezes até mais”.
Remoção de hábitos
Outra preocupação recorrente por parte
das mães nos consultórios odontológicos diz respeito aos hábitos deletérios e
como remove-los, como o uso de chupetas, mamadeiras, dedos, “naninhas” e roer
unhas. As mães querem saber qual a idade correta para retirá-los e como
fazê-lo. Neste ponto, Dra. Patrícia sugere que a mãe trabalhe a
conscientização acerca do hábito junto à criança. “É importante que a criança
entenda que esse hábito já não é mais necessário e não está mais de acordo para
o papel social dela. Uma alternativa é o trabalho multidisciplinar com os
psicoterapeutas”.
A especialista conclui enfatizando que a
jornada na clínica odontológica desde a infância tem um papel fundamental para
saúde, tanto nos aspectos físicos como emocionais. “Só temos benefícios, com a
possibilidade de implementar um tratamento preventivo menos invasivo e ainda
que promova o desenvolvimento psicoemocional. As emoções despertadas nas
consultas com os Odontopediatras marcam histórias de vida”.
Sobre o CROSP
O Conselho
Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) é uma Autarquia
Federal dotada de personalidade jurídica e de direito público com a finalidade
de fiscalizar e supervisionar a ética profissional em todo o Estado de São
Paulo, cabendo-lhe zelar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo
prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente. Hoje, o CROSP conta com cerca de
170 mil profissionais inscritos.
Além dos Cirurgiões-Dentistas, o CROSP detém competência também para fiscalizar o exercício profissional e a conduta ética dos Auxiliares em Saúde Bucal (ASB), Técnicos em Saúde Bucal (TSB), Auxiliares em Prótese Dentária (APD) e Técnicos em Prótese Dentária (TPD).
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