Derrota de Rodrigo Garcia pode atrasar regulamentação da Polícia Penal
Sindicato tenta reunião com governador e ação
pede que STF obrigue governo a tirar nova polícia do papel
No dia 30 de junho,
depois de 46 dias de acampamento na porta da Assembleia Legislativa de São
Paulo, dezenas de agentes penitenciários comemoraram a aprovação Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) que criou a Polícia Penal de São Paulo. Foi a
última alegria desses servidores. De lá para cá o processo de regulamentação
não deu nenhum passo. “A
Emenda 51 da Constituição do Estado exige a aprovação da Lei Complementar e da
Lei Orgânica, que definem, de fato, a regulamentação da nova polícia paulista.
Sem isso, a instituição não sai do papel. Temos um grupo de trabalho na
Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), que só se reuniu duas vezes
esse ano. Nenhuma no período eleitoral”, revela Fábio Jabá,
presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo
(SIFUSPESP).
O sindicato tenta
marcar uma reunião com o governador Rodrigo Garciaestá nos últimos meses de
mandato. A entidade teme que, com a derrota, o governo não se esforce para
cumprir o compromisso. “Sabemos
que é pouco tempo para tramitar as duas propostas ainda neste ano, mas a Lei
Complementar, que é a mais importante, dá para fazer. É uma proposta sem
nenhuma objeção no Legislativo, por isso sabemos que a aprovação pode ser
rápida. Só que isso depende de o governo mandar o projeto de lei para a Alesp”,
analisa o dirigente sindical.
Compromissos
de Tarcísio e Haddad
Jabá
revela que os dois candidatos que disputam o segundo turno, Tarcísio Freitas e
Fernando Haddad, se comprometeram com a regulamentação da Polícia Penal, mas o
sindicalista se preocupa com a falta do tema na campanha eleitoral. “Vemos os dois candidatos falando em
políticas de segurança pública como o fortalecimento da PM e da Polícia Civil,
que são absolutamente necessários, mas quase nada falam sobre o sistema
prisional. Queremos relembrar que é de dentro das nossas cadeias que saem
diversas informações para grandes operações de combate ao crime organizado.
Regulamentar e fortalecer a Polícia Penal significa aumentar a capacidade de
inteligência do Estado na luta contra o crime. Não estamos vendo esse debate na
campanha e isso é preocupante”, diz o sindicalista.
STF pode
obrigar governo a regulamentar
O Partido
Socialista Brasileiro (PSB) voltou ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir
que o Governo de São Paulo seja obrigado a concluir a regulamentação da Polícia
Penal. Depois que a ministra Rosa Webber determinou a criação da nova força
policial, o governo enviou a PEC da Polícia Penal à Alesp. Com isso o Supremo
considerou o caso solucionado e extinguiu a ação, mas o PSB pediu
reconsideração, e reforça à ministra que a determinação não foi inteiramente
cumprida, uma vez que a Polícia Penal de São Paulo ainda não existe na prática.
“Nossa ação é de número 72, o que demonstra o quanto esse tipo de processo é raro. Estamos lutando para que o governo faça algo que já que é obrigado a fazer por lei, mas não faz. Ao mesmo tempo buscamos o diálogo com o governador para recolocar essa pauta em discussão o quanto antes”, encerra.
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