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Educação bilíngue: conheça os requisitos que uma escola deve cumprir para se enquadrar neste modelo


Por Rone Costa

O domínio do inglês tem se tornado um diferencial cada vez mais necessário, especialmente para se destacar no mercado de trabalho. Neste contexto, a aquisição de uma nova língua adquiriu um papel tão relevante que, atualmente, 60% das vagas de emprego disponíveis no mercado exigem o conhecimento da língua inglesa, conforme dados da Catho, empresa nacional de classificados de empregos.

O levantamento revela, ainda, que o estagiário ou o trainee com inglês fluente ganha mais do que o dobro comparado ao colega de função que possui apenas o inglês básico. Diante deste cenário, a busca pela fluência tem se tornado um dos principais objetivos tanto no âmbito educacional, quanto profissional. E, com isto, as escolas bilíngues desempenham um papel crucial neste processo de formação.

De modo geral, uma escola bilíngue é aquela que trabalha com um currículo único, integrado e ministrado em duas línguas de instrução, em que os alunos têm contato direto com a língua adicional por uma determinada carga horária. De acordo com as diretrizes de regulamentação, para uma escola ser considerada, de fato, bilíngue, é preciso que de 30% a 50% da carga horária seja ministrada em uma língua adicional, tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Fundamental. Já no Ensino Médio essa carga horária pode ser de 20%.

No entanto, com o intuito de se adaptar à demanda que cresce a cada dia por um ensino de qualidade, alguns colégios têm desenvolvido estratégias diferentes para a inclusão do inglês em suas grades curriculares, sem necessariamente ser uma escola bilíngue. Parte deles opta pelo ensino do idioma como um conteúdo extracurricular, ou seja, mesmo que não haja a instrução de outras matérias em inglês, os alunos são expostos à língua com frequência durante a semana, o que foge da norma regulatória.

Vale destacar que, além da carga horária, para que uma instituição se enquadre como bilíngue, parte do conteúdo das disciplinas tradicionais, como matemática, geografia e história, por exemplo, deve ser ministrada em outra língua. Por isso, a grade curricular, geralmente, é maior do que em escolas convencionais, garantindo ao aluno a oportunidade de vivenciar o idioma na prática.

Os principais requisitos para uma educação bilíngue

Trabalhar a educação bilíngue dentro das escolas é muito mais do que, simplesmente, ensinar o idioma como objeto de estudo. É preciso que os educadores pensem no desenvolvimento do aluno de forma completa, para que ele compreenda com naturalidade a língua adicional e entenda que o idioma caminha por todos os componentes curriculares. A língua muda a todo instante e é por meio dessas vivências que o aluno torna-se apto a se comunicar cada vez melhor.

Neste contexto, os professores também possuem um papel fundamental. Para atuar em uma escola bilíngue, a formação em letras ou pedagogia por parte dos docentes não é suficiente. Além da licenciatura, é preciso que o profissional realize um curso de extensão, reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) de, pelo menos, 120 horas em educação bilíngue, além de uma certificação internacional nível B2 (no mínimo), dentro do quadro europeu de conhecimento de línguas intermediário superior. Desta forma, encontrar um profissional qualificado para atuar na educação bilíngue, com todos os requisitos exigidos, não é uma tarefa fácil.

Benefícios proporcionados por uma educação bilíngue

Conforme citado, uma das principais vantagens a respeito das escolas bilíngues é a oportunidade de o aluno adquirir a fluência de forma natural e progressiva. Ao longo do processo de aquisição de língua, professores e alunos das instituições discutem as matérias utilizando outro idioma. Com isso, os alunos têm contato com a língua estrangeira por um tempo mais extenso, desenvolvendo, inclusive, as habilidades em matérias específicas, com o objetivo de aprimorar o aprendizado do idioma de escolha.

Além disso, por se preocupar com a formação acadêmica do aluno em sua proposta pedagógica, utilizando a língua como uma forma de melhor interação com o mundo e como entendimento da diversidade, o aluno de educação bilíngue não apenas aprende outro idioma, como também adquire outros benefícios proporcionados pelo bilinguismo, como maior flexibilidade, confiança, independência, tolerância, respeito à diversidade e ainda, a fácil transição e entendimento de outras culturas.

Neste universo cada vez mais pluricultural e interligado, a educação bilíngue torna-se um pilar fundamental para que os alunos concluam sua formação com uma base forte e consolidada para enfrentar a competitividade e se destacarem no mercado de trabalho. E, no que diz respeito às escolas, o mais importante é garantir a aplicação de metodologias pedagógicas que estimulem o desenvolvimento, a fluência, a confiança e a motivação dos alunos, para que se comuniquem em outro idioma de maneira natural e desenvolvam outras habilidades que contribuirão para uma formação de excelência.

Rone Costa é Gerente de Desenvolvimento e Relacionamento do Systemic Bilingual, programa pioneiro de educação bilíngue no Brasil.

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