Formigas-de-Embaúba projeta plantio de miniflorestas em 650 escolas públicas na cidade de São Paulo
Organização sem fins lucrativos, parceira da
ONU na Década da Restauração de Ecossistemas, busca apoiadores para ampliar seu
trabalho
Cerca de 650 escolas das redes públicas
na cidade de São Paulo têm disponíveis áreas onde seria possível plantar
miniflorestas de Mata Atlântica com até 500 mil árvores, uma contribuição
significante para reflorestar uma das maiores metrópoles do planeta. Os números
preliminares são de levantamento inédito da organização sem fins lucrativos
formigas-de-embaúba em colaboração com o MapBiomas e o Laboratório Quapá da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
A tarefa de transformar o árido em verde
é a missão da formigas-de-embaúba,que promove educação ambiental a partir de
projetos de restauração ecológica em escolas públicas. A missão é nobre e está
alinhada aos princípios de sustentabilidade do mundo contemporâneo.
Os programas da formiga-de-embaúbas não
tem custo para as prefeituras atendidas e têm sido financiados através de
doações de empresas, institutos e pessoas físicas, principalmente aquelas
engajadas na nova realidade mundial de gestão empresarial baseada no social e
no meio ambiente, conhecida pela sigla em inglês ESG (environmental, social and
governance).
Começando pelas escolas, há muito
trabalho a ser feito, mas a formigas-de-embaúba já coleciona expressivos
resultados. Depois de rodar os pilotos iniciais, em 2021 a organização começou
a dar escala a seu ambicioso projeto de reflorestar as escolas da capital mais
industrial do Brasil, e assinou um acordo de cooperação não financeiro com a
Secretaria Municipal de Educação (SME) de São Paulo.
Desde então, o programa foi implementado
em 11 Centros Educacionais Unificados (CEUs) nas zonas leste e sul da cidade de
São Paulo: CEUs Cidade Dutra, Alvarenga, Campo Limpo, Guarapiranga,Capão
Redondo, Paraisópolis, Vila do Sol, Feitiço da Vila, Tiquatira, Alto Alegre e
Três Pontes.
Os CEUs são centros de educação, cultura
e lazer da prefeitura de São Paulo nas periferias, abertos a toda a população
do entorno. Cada CEU conta com três escolas públicas para crianças e jovens de
educação infantil e ensino fundamental.
Nessas escolas, a formigas-de-embaúba já
atendeu mais de 4,3 mil estudantes e mais de mil educadores e educadoras, com o
plantio de cerca de 10 mil árvores de 125 espécies nativas da Mata Atlântica,
grande parte delas árvores frutíferas como cambuci, uvaia, grumixama, goiaba,
cabeludinha, araçá, pitanga, jabuticaba e outras. Os plantios são realizados
pelo Método Miyawaki, que prevê preparo cuidadoso do solo, seleção de uma
variedade alta de espécies nativas e plantio adensado das árvores e espécies
companheiras.
O trabalho nas escolas é intenso,
envolvendo um longo processo pedagógico, de plantio e depois de manutenção das
miniflorestas junto aos estudantes, educadores e educadoras, pais e mães e
comunidade. “A gente passa um ano dentro de cada CEU trabalhando o pedagógico.
Tem toda uma criação do imaginário da floresta até o plantio com os alunos e
alunas”, afirma a educadora ambiental e cofundadora da formigas-de-embaúba
Gabriela Arakaki. Nesse processo, cada grupo de crianças e jovens das unidades
educacionais passa por um percurso pedagógico com seis vivências ao ar livre ao
longo de um semestre. Os professores e professoras são preparados/as com formações
para participar de toda a ação e para desenvolver seus próprios projetos com
seus estudantes, relacionados aos temas do reflorestamento e das mudanças
climáticas.
O sucesso do programa rendeu à
formigas-do-embaúba reconhecimento internacional. Desde o início de 2022 a
organização é parceira oficial da Década para Restauração de Ecossistemas da
ONU (2021-2030), passou a integrar o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e
a rede global de miniflorestas Miyawaki, da SUGi.
Benefícios locais e globais
Os benefícios do projeto são locais e
globais. O processo pedagógico da criação dessas miniflorestas sensibiliza
essas crianças e jovens para a urgência da regeneração de ecossistemas e da
mitigação das mudanças climáticas. E as miniflorestas crescem para se tornar
salas de aula ao ar livre, espaços de aprendizagem e conexão com a natureza,
alinhadas com novos conceitos educacionais de vivências práticas para o
desenvolvimento socioemocional dos estudantes e a geração de soluções baseadas
na natureza no espaço urbano.
E essas áreas verdes contribuem
para melhorar a saúde das pessoas, criam corredores de biodiversidade na
cidade, combatem as ilhas de calor, aumentam a infiltração de água no solo,
melhoram a qualidade do ar, produzem alimentos, absorvem carbono e atraem
polinizadores e avifauna.
Assim, a organização contribui com a
criação, fortalecimento e multiplicação de redes de cuidados com o meio
ambiente, levando a restauração ecológica para dentro das escolas públicas e
contribuindo com a formação das gerações que poderão fazer parte da
regeneração do planeta, afirma o cofundador da formigas-de-embaúba Rafael
Ribeiro, mestrando em Antropologia da Natureza pela Universidade de São Paulo
(USP).
“Estamos planejando levar as
miniflorestas para muito mais escolas nos próximos anos! A gente vem
articulando acordos para levar nossos programas às redes públicas de outros
municípios e do Estado de São Paulo, e buscando apoio de empresas para
crescer”, conta Rafael.
Mapeamento
O ambientalista explica que outra
novidade de 2022 é que a organização, em colaboração com o MapBiomas, está
utilizando tecnologia de leitura automatizada de imagens de satélite para
realizar um levantamento em todas as quase 3 mil escolas públicas localizadas
na cidade de São Paulo, em busca de áreas para miniflorestas. “O MapBiomas tem
a melhor tecnologia de monitoramento de desmatamento no Brasil, trabalha para
agências governamentais, com tecnologia de ponta para leitura automatizada de
imagens de satélite”, explica o ambientalista.
São cerca de 650 escolas já mapeadas de
forma automatizada pelo projeto do MapBiomas, liderado pelas pesquisadoras
Julia Cansado, Mayumi Hirye e Talita Micheleti. “Com base nesse estudo estamos
planejando uma ampliação dos nossos programas, muito além da nossa escala
atual”, comenta Rafael Ribeiro.
“É uma oportunidade única para as
empresas implementarem suas políticas de sustentabilidade e ESG apoiando uma
organização que atua com educação ambiental a partir do reflorestamento,
enfrentamento à crise climática, conservação da biodiversidade, segurança
alimentar e prevenção à crise hídrica”, afirma Rafael. Segundo ele, a
organização já está em busca de parceiros para ampliar o projeto.
Plantio da minifloresta do CEU
Paraisópolis
16 de outubro – das 13h às 17h – Plantio
com a comunidade no CEU Paraisópolis
Sobre a formigas-de-embaúba
Organização sem fins lucrativos que
promove educação ambiental através da formação de professores/as e do plantio
de miniflorestas de mata atlântica pelos/as alunos/as nas escolas públicas,
sensibilizando as novas gerações para a urgência da regeneração de ecossistemas
e mitigação das mudanças climáticas.
Foi criada em 2019, quando o mestrando
em Antropologia da Natureza pela Universidade de São Paulo (USP) Rafael Ribeiro
uniu-se à educadora ambiental Gabriela Arakaki para criar a organização. Junto
com a educadora ambiental Sheila Ceccon, os três coordenam o projeto, que atua
na Grande São Paulo e está se expandindo para outras regiões.
Desde o início de 2022, é parceira
oficial da Década para Restauração de Ecossistemas da ONU (2021-2030),
integra o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e a rede global de
miniflorestas Miyawaki da SUGi.
Instagram: @formigasdeembauba
Minidocumentário sobre o trabalho da formiga-de-embaúbas: https://bit.ly/minidoc_mataatlanticanasescolas
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