O papel do Cobre para o desenvolvimento da Indústria Naval
Por Márcio Rodrigues da Silva
A Indústria Naval foi um dos
primeiros setores a se desenvolver mundialmente e, desde então, tem sido um dos
mais relevantes para a economia. No Brasil, o
segmento progrediu de forma sólida desde o século XVI, graças à boa localização
do país e à abundância de madeiras de qualidade para a produção de embarcações,
inicialmente construídas a partir deste material.
Entretanto, o setor enfrentou
oscilações durante as últimas décadas e isto se acentuou ainda mais após 2010. Segundo dados da SINAVAL (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e
Reparação Naval e Offshore), a indústria naval obteve um crescimento de quase
50% na oferta de empregos entre os anos de 2010 e 2014, chegando a empregar 82
mil pessoas diretamente, além de outras 200 mil de forma indireta. No entanto,
na segunda metade da década, o segmento experimentou a direção inversa. Segundo
os estudos mais recentes divulgados pelo Sindicato, este
mercado recuou mais de 80% neste período e conta, atualmente, com menos de 15
mil empregos nos estaleiros do país.
Neste cenário desfavorável, o segmento enfrenta desafios para retomar o caminho do
crescimento e reestabelecer seu importante papel dentro da economia nacional.
Para que isso seja possível, outros segmentos, como o de metalurgia e
siderurgia, por exemplo, tornaram-se
importantes agentes, contribuindo diretamente para o desenvolvimento do setor.
O papel do Cobre para a
indústria naval
O Cobre é um material
amplamente utilizado dentro da indústria naval para a construção dos mais
diversos tipos de embarcações, como navios de cruzeiros, de carga, iates e
submarinos. Isto ocorre por conta das importantes características das ligas de
Cobre, que possibilitam aplicações diversas dentro do segmento, como nos cascos
de barcos e navios, devido a resistência à bioincrustação, e em hélices,
tubulações, suportes, válvulas, engrenagens e outros equipamentos, uma vez que
conta com elevada resistência mecânica e à corrosão.
As ligas de Cobre e Zinco,
conhecidas como latão, quando adicionados elementos inibidores de corrosão,
tais como alumínio, estanho e arsênio, ganham interessantes propriedades
anticorrosivas, principalmente no que se refere à corrosão seletiva do Zinco,
comumente identificadas como “manchas vermelhas” e conhecidas como
“dezincificação”. Dentro dessa classe, temos os latões navais com estanho e os
latões aluminados, os quais têm sido utilizados com êxito por muitos anos em
ambientes altamente corrosivos como a água do mar, pela ação dos sais minerais
dos oceanos.
Em condições mais severas com
fluídos de maior abrasividade e a presença de agentes químicos agressivos,
também se destaca a opção das ligas de cuproníquel, as quais o elemento de liga
escolhido é o níquel em percentuais que variam em torno de 10%, ao qual é
extensivamente utilizada em aplicações offshore, como plataformas de petróleo e
as próprias tubulações de embarcações e submarinos.
Outro ponto de destaque com relação a aplicação deste
material está direcionado à questão sustentável. Diferentemente de outros materiais, que
geralmente oxidam e se deterioram, o Cobre forma uma camada protetora natural.
Por conta disso, ele não ocasiona danos ao
meio ambiente, garantindo ainda a possibilidade de ser reciclado para originar
novos produtos.
Em um contexto geral, o Cobre é um metal bastante utilizado em diversos outros setores,
como automotivo, elétrico, embalagens, construções, aparelhos
eletroeletrônicos, equipamentos e maquinários, indústria têxtil, entre outros.
Para a indústria naval, o investimento em Cobre torna-se essencial para a retomada
e desenvolvimento do setor, para que ambos possam imergir rapidamente e
assumir, assim, o protagonismo necessário dentro
da economia brasileira.
Márcio Rodrigues da Silva é coordenador do CPDE – Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Ensaios da Termomecanica, empresa líder na transformação de cobre e suas ligas.
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