Avançando rumo à cultura organizacional baseada em dados
*Por André Novo
A digitalização acelerada ao longo dos
anos desde a Covid-19 deixou alguns legados para organizações, e a importância
de construir uma cultura baseada em dados está entre eles. Afinal, dados
impulsionaram a criação de novos modelos de negócio, mas também transformaram a
forma pela qual empresas operam, administram seus talentos e geram valor para
os clientes. Avançar nessa agenda tornou-se uma missão crucial para líderes;
mas esse objetivo não pode ser atingido de maneira isolada.
Colaboradores têm muito a contribuir com
o processo, agindo como aliados na construção de uma organização baseada em
dados. Mas também podem impor barreiras e até mesmo causar problemas para a
evolução dessa frente. O antídoto para essas ameaças é construir uma cultura
que reflita a consciência de que a análise avançada de dados é essencial para
uma tomada de decisão prudente e bem-informada.
Mas criar uma cultura organizacional
baseada em dados não é algo trivial. É uma jornada diretamente relacionada à
habilidade de adaptação a mudanças por parte da organização e de seus
profissionais. A tarefa também inclui disseminar o entendimento de que dados
formam um dos mais importantes ativos que uma empresa pode ter. Porém, muitas
vezes, as demandas do negócio estão em descompasso com o tempo necessário para
implementar um novo tipo de mentalidade corporativa.
Esse dilema é uma realidade global, e
regiões têm progredido de formas distintas. No que diz respeito ao Brasil,
temos feito um avanço significativo em meio aos desafios e mudanças que vêm
moldando organizações nos últimos anos. É o que mostra a nova pesquisa sobre o
atual estado da cultura organizacional baseada em dados e Inteligência
Artificial (IA), feita pelo IDC a pedido do SAS.
Em termos regionais, ainda há muito
espaço para melhoria. Segundo a pesquisa, 72% das empresas na América Latina
notam a ausência de uma cultura orientada para dados. O estudo também descobriu
que 86% usam soluções específicas para avançar suas estratégias de dados, porém
38% ainda utilizam planilhas como solução para análise de dados. Ou seja, há
muito a fazer para continuar a ampliar a adoção de analytics em organizações latinas.
Por outro lado, o cenário atual se
mostra promissor, em especial para o Brasil. Somos líderes em uma série de
aspectos quando se trata de organizações baseadas em dados, analytics e IA. Nesta última
frente, por exemplo, o Brasil é o mercado mais avançado, com 70% das empresas
que usam soluções de dados e analytics
afirmando que também usam IA.
A pesquisa também revela que empresas
brasileiras estão antenadas com o espírito do tempo ao liderar suas estratégias
de tecnologia. Por exemplo, 90% das organizações brasileiras entrevistadas
investem em dados e analytics
para identificar novos padrões de consumo, ante a média de 60% entre empresas
na América Latina.
Nesse contexto, e considerando as forças
em jogo – como a necessidade de avançar na utilização de dados para apoiar boas
decisões de negócio e o fato de que a quantidade de dados gerados por empresas
só aumenta – a promessa é clara: dados impulsionam a inovação. E o Brasil está
pronto para o próximo nível dessa jornada em empresas de todos os tamanhos e
setores.
Mas outros fatores não tecnológicos
precisam acompanhar esse processo. A evolução em dados está atrelada ao
desenvolvimento de uma cultura que abraça a importância deles. Além disso, é
preciso adotar uma nova mentalidade, em que o poder do analytics é combinado ao
julgamento humano e à capacidade de pensamento crítico. Também é preciso ter
abertura para a experimentação ágil e aprender com esses processos, assim como
ter uma visão de longo prazo.
Trabalhar rumo a esses objetivos passa
por empoderar pessoas que formam as organizações. Além de fornecer um
ferramental adequado, líderes têm a missão de expressar às pessoas as
possibilidades que dados, analytics
e IA podem trazer e investir na transformação cultural de forma consistente e
estratégica. Isso será fundamental para que equipes trabalhem com propósito,
assertividade e eficiência e sejam capazes de estar à frente da concorrência.
*André Novo é country manager do SAS Brasil
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