Blockchain para um setor financeiro mais seguro e inovador
*Por João Manuel Campanelli Freitas, Diretor de
Desenvolvimento de Novos Negócios da Travelex
A tecnologia blockchain
é muito associada à criptoeconomia, por viabilizar a concepção das moedas e
ativos eletrônicos, bem como o conceito de transações financeiras peer-to-peer
(de ponta a ponta), muitas vezes sem a necessidade da intermediação de
instituições. A questão é que essa tecnologia está atraindo, cada vez mais, o
mercado financeiro como um todo, desenvolvendo soluções e projetos inovadores a
partir do blockchain. Com isto estamos vivendo uma transformação importante e
essa tecnologia é uma das principais mudanças que promete revolucionar a forma
que entendemos o sistema financeiro hoje, levando a um processo chamado de
tokenização, além disso, teremos a distribuição de informação, que passa a ser
mais transparente.
Com tanto potencial, já
estamos testemunhando diversas oportunidades de inovação com a utilização do
blockchain e isso vai muito além de moedas eletrônicas ou ativos financeiros. A
aplicação de novos conceitos e funcionalidades tornou possível o surgimento do
Pix e o Open Banking, por exemplo. É neste cenário de inúmeras possibilidades,
que o mercado de câmbio também vem se beneficiando dessa ferramenta, tornando
seus procedimentos mais eficientes, rápidos e com custos mais baixos. Entre as
razões pelas quais tem chamado a atenção, está a capacidade de potencializar a
confiança, otimização e segurança de processos. A tecnologia também se mostra
eficaz na melhoria de rastreabilidade, transparência e inalterabilidade,
proporcionando ganhos significativos.
A descentralização é a
principal característica, garantindo mais segurança aos usuários, fator de
extrema importância para qualquer segmento do mercado. Os dados e informações
registradas que são compartilhadas dentro da rede se tornam imutáveis, o que
também auxilia no combate a fraudes. Dado este aspecto, as organizações
financeiras vêm utilizando essa tecnologia para garantir que os registros de
transações digitais dos mais variados tipos estejam seguros, reduzindo riscos
de vazamentos e desvios de informações.
As transações
internacionais são um exemplo muito claro de como o blockchain permite maior
inovação no segmento. O mercado de pagamentos internacionais, até então, se
concentrava no sistema SWIFT, que tem como principal função permitir a troca de
informações entre o sistema bancário e as transferências financeiras entre
instituições de países diferentes. No entanto, este serviço possui uma
estrutura limitada ao seu ecossistema e com custos muitas vezes elevados e,
dependendo da instituição, o processo de pagamento pode levar vários dias para
a compensação.
Dentre as mais diversas
iniciativas, hoje há uma solução chamada ODL (On-Demand Liquidity) que permite, da mesma
maneira em que realizamos um Pix em qualquer dia e horário, fazer o mesmo,
porém, entre diferentes países, utilizando-se da tecnologia blockchain. Além
disso, se antes as empresas precisavam manter um capital pré-financiado no
local de destino - que dificultava muitas vezes sua operacionalização, com o
ODL não é mais preciso. Ou seja, qualquer empresa agora tem acesso ao serviço,
com liquidação de baixo custo, permitindo seu crescimento e dimensionando
melhor seus negócios.
A utilização do
processo de pagamentos via ODL é recente e está aos poucos ocupando este
importante espaço no processo de tokenização dos pagamentos. A previsão é que
nos próximos 3 anos, mais da metade dos pagamentos internacionais estejam
circulando por processos semelhantes.
O impacto da tecnologia
blockchain no mercado financeiro é extremamente vantajoso, seja pelo ganho em
todos os lados das transações, ou pela segurança do cliente, que passa a ter
uma proteção ainda maior com seus dados e informações, em todas as operações
realizadas. Sem contar os inúmeros serviços inovadores e personalizados que uma
instituição financeira pode proporcionar.
Estamos vivenciando uma
nova etapa no mercado financeiro, que ao longo dos séculos tem se atualizado e,
muitas vezes, tem sido a vanguarda tecnológica ao viabilizar a utilização de
ferramentas tecnológicas, disponibilizando-a ao consumidor final com
transparência, segurança e rastreabilidade.
*João Manuel estudou Ciências Econômicas na PUCC Campinas, e estudou Gestão Empresarial na Fundação Dom Cabral. Cursou Gestão Financeira e Administração na FGV e é especialista em Liderança Avançada pela Haggai Instute, Estados Unidos. João já foi superintendente executivo de operações no Banco Sofisa, diretor adjunto do Banco Santander, superintendente executivo do Banco Safra e, atualmente, João é Diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Travelex.
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