Dia do Empreendedorismo Feminino retrata mulheres à frente das franquias
Relacionamento abusivo, diagnóstico de doença grave,
entre outras, são parte das histórias das fundadoras de redes como Espaço Make,
Fast Escova, Instituto Gourmet, Alergoshop, SuperGeeks e Neo Delivery
Criada em 2014 pela Organização das
Nações Unidas (ONU), a data 19 de novembro, que é quando se comemora o Dia
Mundial do Empreendedorismo Feminino, tem como objetivo evidenciar, destacar e
valorizar o papel da mulher no ambiente empreendedor. E não é à toa: elas
fazem do Brasil o sétimo país com maior número de empreendedoras no mundo. Dos
52 milhões de empreendedores, 30 milhões são mulheres, o que corresponde a 57%,
segundo dados do GEM (Global Entrepreneurship Monitor 2020), principal pesquisa
sobre empreendedorismo no mundo.
Mesmo a crise econômica causada pela
pandemia da Covid-19, não freou o público feminino. Enquanto somente 7% dos
homens apostaram em mudanças, 11% das empreendedoras afirmam ter inovado nos
negócios durante a crise, conforme pesquisa do Sebrae com a Fundação Getúlio
Vargas (FGV), de 2020.
Foi justamente o caso de Kelly Nogueira,
que abriu em 2020, durante a pandemia, uma rede de franquia de quiosques de
maquiagens multimarcas – a Espaço
Make. Hoje, a marca conta com 20 unidades e tem como objetivo
chegar a 50 em 2023. Com o slogan "Porque chique é pagar pouco” e um
mostruário diversificado e valores fixos, a empresa chama a atenção dos
clientes que passam por seus quiosques recheados por cosméticos a um preço fixo
de R$ 10,00. Agora além dos quiosques, ela também oferece uma nova modalidade
de negócios online.
A ex-policial militar conta que
enfrentou um relacionamento abusivo em sua vida pessoal. “Por um longo tempo,
eu sofri em silêncio e me senti péssima. Até que eu despertei e decidi que
estava na hora de mudar minha vida. Terminei o namoro, decidi pegar o que mais
me machucava e transformar em força”, declara Kelly.
Mas o empreendedorismo feminino vem de
tempos e não faz sucesso só em época de pandemia, bem como mostram as histórias
de superação das fundadoras da Fast
Escova, Michelle Wadhy e Márcia Queirós.
Wadhy chegou a ser diagnosticada com
câncer no estômago, precisando retirar 100% do órgão. Ela ficou hospitalizada
até receber a surpreendente notícia que seu corpo estava limpo e ela estava
curada. Já sua sócia, Marcia Queirós, já foi feirante, vendeu geladinhos e
bombons, ou seja, desde cedo, já mostrava sua veia empreendedora.
As duas identificaram em si mesmas a
necessidade da praticidade no momento dos cuidados com a beleza e resolveram
abrir juntas em 2018, a Fast Escova. Hoje a rede é a maior de franquias de
escovaria do Brasil, com um total de 104 unidades e faturamento de R$ 7 milhões
ao mês, atendendo mais de 51 mil clientes. A marca tem como proposta
realizar serviços de maquiagem e cabelo em até no máximo 40 minutos e sem a
necessidade de hora marcada.
Um outro caso de sucesso no mundo das
franquias é o de Lucilaine Lima, sócia fundadora do Instituto Gourmet. A
ideia de criar o Instituto Gourmet surgiu em 2010, em Serra no Espírito Santo,
quando Lucilaine, formada em biologia, resolveu trocar as aulas que dava para
estudantes do ensino médio para investir em vendas de doces caseiros para poder
ficar mais perto de seu filho.
Após trabalhar por quase 7 anos com
venda de bem casados ela idealizou a criação do Instituto. Em 2017, depois de
muito testar, a rede ingressou para o setor de franquias e já no primeiro ano
comercializou 35 unidades. Hoje, mais de 100 mil alunos tiveram sua vida
transformada pela marca, 160 unidades comercializadas e um faturamento de mais
de R$ 90 milhões.
“A minha visão quanto ao futuro do
Instituto Gourmet sempre foi holística, desde a sua fundação. A
responsabilidade de transformar vidas e de continuar sendo o combustível do
sonho de muitas pessoas continua latente na essência. E estamos só começando”,
diz Lucilaine.
Já as irmãs Sarah e Julinha Lazaretti,
aproveitaram de uma necessidade pessoal para criar a Alergoshop, primeira
empresa do país voltada totalmente para produtos hipoalergênicos. A
oportunidade surgiu no início dos anos 90, quando Sarah passou por grandes
dificuldades com sua filha, que na época tinha apenas três anos e possuía
alergias a diversos produtos.
A busca por produtos hipoalergênicos era
muito burocrática, pois era necessário importar do exterior e por serem itens
de uso constante, não era uma alternativa viável tanto na questão de tempo,
quanto na questão financeira. Hoje, com 29 anos no mercado, a marca conta com
10 unidades em funcionamento, cerca de 280 itens no catálogo e uma previsão de
crescimento de 20%.
“Estamos no setor que mais vem crescendo
nos últimos anos, o de Saúde, Beleza e Bem-Estar, estamos sentindo os
resultados desse aumento na procura pós pandemia. Desde nosso lançamento no
mercado sempre estivemos próximo dos nossos clientes, ouvindo sugestões deles e
de médicos, também investimos em pesquisas de novas fórmulas buscando cada vez
mais produtos seguros e livres de substancias prejudiciais”, pontua.
Na SuperGeeks – primeira e maior escola de
programação e robótica para crianças e adolescentes do país, a liderança
feminina prevalece, com três figuras femininas à frente do negócio: Vanessa Ban
(CFO), Cássia Ban (CEO) e Tatiana Shiozaki (COO).
Empreendedora nata, Vanessa Ban, formada
em letras, uniu-se a seu marido, Marco Giroto, na fundação da SuperGeeks. Desde
2019, a empreendedora se mantem como CFO (Chief Financial Officer) das marcas
SuperGeeks, CS Plus e MasterGeeks, que juntas fazem agora parte da Holding
SuperGeeks. Também em 2019, Cássia Ban, assumiu o cargo de CEO deixado
por Marco Giroto.
Cássia começou ajudando na área de
atendimento aos clientes e relacionamento com os pais dos alunos e logo virou
gerente da primeira unidade da SuperGeeks, localizada na Vila Mariana. Agora em
2022, foi a vez de Tatiana Shiozaki. A pós-graduada em Gerenciamento de
Projetos, aceitou o desafio de ajudar no crescimento da marca no Brasil e no
exterior, assumindo o cargo de COO da SuperGeeks no país. Com mais de 48
unidades em operação no país, a rede de franquias conta com projeto de expansão
também para outros países, como Portugal, Estados Unidos, Japão e regiões de
língua espanhola.
Por fim, Julie Ane Guimarães Ferreira,
CEO da Neo Franchise,
conta um pouco sobre a oportunidade que as franquias proporcionam para que
outras mulheres também empreendam e descreve o segmento como algo fantástico,
já que possibilita às pessoas comuns se tornarem empresárias, com todo suporte
necessário.
“Embora a gente tenha avançado muito, o
empreendedorismo feminino no Brasil tem um longo caminho a percorrer, além da
nossa dupla jornada, que é exaustiva demais. Acredito que a melhor solução para
as mulheres começarem a investir são as franquias, pois são negócios com modelo
estruturado e suporte personalizado”, explica Julie Ane.
Graduada em administração de empresas, a empresária criou a sua própria franquia de delivery ao identificar gargalos no serviço de entrega de refeições usado em seu antigo emprego, no qual trabalhava como gerente. Ao mapear maneiras de facilitar a vida de estabelecimentos e entregadores, inaugurou, em 2019, a Neo Delivery, aplicativo que nasceu para ofertar soluções até então carentes no mercado - rota inteligente, agenda financeira e máquina de cartão integrada - possibilitando ao entregador levar mais de um pedido do mesmo estabelecimento, otimizando tempo e custos.
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