Diagnóstico precoce do câncer aumenta chances de cura
No Dia Nacional de Combate ao Câncer o CROSP
destaca a importância da prevenção
O diagnóstico precoce é imprescindível
para aumentar as chances de cura de qualquer doença, principalmente do
câncer. Por isso, o papel do Cirurgião-Dentista na identificação de doenças do
complexo maxilomandibular, entre elas o câncer, é importantíssima para a
eficiência do tratamento.
Para o Cirurgião-Dentista, professor
universitário, coordenador do serviço de Estomatologia da Santa Casa de
Santos e membro da Câmara Técnica de Estomatologia do Conselho Regional de
Odontologia de São Paulo (CROSP), Dr. José Narciso Rosa Assunção Júnior, é
sempre importante deixar bem claro que qualquer que seja a doença,
principalmente quando se pensa em câncer, procurar a ajuda de um
especialista quando se observa uma lesão é fundamental. “Tratamentos
caseiros ou remédios indicados por não profissionais podem atrasar o
diagnóstico e, por consequência, piorar o prognóstico,
contribuindo, inclusive, para que se perca eventualmente a possibilidade
de cura da doença. Portanto, é sempre importante observar que qualquer que
seja o tipo de alteração, a primeira indicação é procurar o profissional
especializado”.
Segundo ele, sempre que existe a suspeita de uma neoplasia maligna de
boca (câncer), a primeira coisa que o profissional deve fazer é confirmar
essa suspeita por meio de exames complementares. “Não se pode
simplesmente falar para o paciente que existe a suspeita de uma neoplasia
maligna se não houve a confirmação com exames que irão fechar o
diagnóstico. Isso precisa ficar bem claro, a suspeita é uma coisa e o
diagnóstico é outro. Só a partir do diagnóstico fechado informa-se o
paciente sobre a doença e as condutas a serem tomadas.” O
especialista pondera que, obviamente, essa situação nunca é fácil, uma
vez que o câncer é uma doença ainda muito estigmatizada. “Quando se pensa
em câncer, se pensa em morte e sabe-se que quanto mais cedo o diagnóstico
for efetuado, maior a chance de cura ou sobrevida de qualidade durante
muito tempo”.
Ele reforça que o tratamento hoje em dia está cada vez mais
moderno, individualizado e com menos efeitos colaterais, o que faz com que
as respostas sejam mais promissoras e interessantes. “Mesmo com essas
evoluções, ainda
permanece difícil o momento de dar a notícia. Empatia e parceria
são necessárias. Respeitar o momento do paciente e dos familiares.
Protocolos de entrega de notícias ruins podem guiar e ajudar o
profissional”.
Consultas periódicas e orientações
Segundo Dr. José Narciso, a visita periódica ao Cirurgião-Dentista e ao
médico é uma das estratégias que devem ser observadas quando se pensa
em prevenção e diagnóstico precoce. Além disso, ele enfatiza que se
faz necessário o investimento em educação e orientação da população.
“A prevenção e o diagnóstico precoce são mais bem observados quando
a população é educada quanto aos hábitos, situações de risco e os
possíveis desfechos”.
Quanto ao câncer de boca, câncer de
orofaringe e lábio, o especialista destaca que a melhor maneira de
prevenir ainda é evitar contato com agentes que são promotores e
potencializadores de desenvolvimento dessas lesões, tais como cigarro,
álcool e radiação solar para os casos das neoplasias de lábio. “Também
acho importante destacar a importância da vacinação das crianças
e pré-adolescentes para o HPV, que hoje está muito bem estabelecido como
uma das causas das lesões de orofaringe e laringe”.
Cirurgiões-Dentistas precisam estar
atentos
O professor titular da Faculdade de Odontologia da Universidade de São
Paulo (FOUSP) e membro da Câmara Técnica de Patologia Oral e Maxilofacial
do CROSP, Dr. Fabio Daumas Nunes, acrescenta que o câncer de boca é uma
doença grave e potencialmente fatal para a qual todo Cirurgião-Dentista
deve estar sempre atento e preparado, seja para orientar, prevenir,
diagnosticar ou mesmo reabilitar um paciente que apresenta ou já apresentou
essa condição.
“O conhecimento acerca do diagnóstico do câncer oral é essencial para
que você consiga encaminhá-lo devidamente para o tratamento oncológico com
a máxima brevidade, e assim evitar atrasos desnecessários que
possam potencializar as sequelas oriundas das terapias e/ou interferir na
sua expectativa de vida. Caso o Cirurgião-Dentista não se sinta apto para
realizar o diagnóstico de lesões orais, não há nenhum problema em
encaminhar o
paciente para um especialista (Estomatologista). Isso é o melhor a fazer
no momento”.
Tipos de câncer de boca
Dr. Fabio Daumas Nunes destaca que diversos tipos de câncer podem
ocorrer na boca, entretanto o tipo mais comum é o carcinoma epidermóide,
que responde por aproximadamente 90% dos casos. Segundo ele, o câncer de
boca pode afetar o lábio e toda a extensão da cavidade oral, ou seja,
gengiva, língua, assoalho, revestimento interior dos lábios e bochechas,
área retromolar e palato duro. “Sob o nosso campo de atuação, existem
também as regiões da orofaringe, que incluem o palato mole, a base da
língua, amígdalas e a parte lateral e posterior da garganta. Por isso, o
exame intra e extra-oral completo é de extrema relevância e, caso se
observe lesões suspeitas em alguma dessas regiões, o paciente deverá ser
encaminhado para o Otorrinolaringologista ou Cirurgião de Cabeça e
Pescoço”.
O especialista explica ainda que o câncer oral, quando comparado ao
câncer de orofaringe, apresenta característica clínico-patológicas, bem
como tratamentos distintos. “Os tipos de tratamento para o câncer de boca
e orofaringe incluem a cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia
ou a combinação desses tratamentos. Entre os fatores que são levados em
conta pela equipe médica (cirurgiões de cabeça e pescoço, radioterapeutas
e oncologistas clínicos) estão o tamanho, o local da neoplasia e a
performance do paciente. Atenção, o tratamento é planejado e realizado por
médicos. Ao Cirurgião-Dentista cabe a realização da biópsia incisional
(removendo apenas uma parte da lesão) além da importante participação nos
cuidados orais pré, trans e pós-tratamento oncológico, que exigiriam extensas
considerações”.
Brevemente, Dr. Fabio explica que o profissional que se propõe a atender
esse perfil de pacientes deve estar devidamente preparado para realizar
a adequação bucal prévia às terapias, visando eliminar potenciais focos
de infecção, tais como gengivite, periodontite, dentes com indicação de
extração. “Durante o tratamento o controle da mucosite, infecções
oportunistas e a manutenção dos hábitos de higiene bucal contribuem
significativamente para a melhora da qualidade de vida e conclusão do
tratamento conforme planejado”.
Por fim, Dr. Fabio salienta aos colegas Cirurgiões-Dentistas sobre
a responsabilidade como profissional de saúde na atenção aos sinais e
sintomas dos pacientes, assim como ressalta a valiosa contribuição na
prevenção e promoção de qualidade de vida destes. Câncer de
boca em números Segundo a International Agency for Research on Cancer
(IARC), agência especializada em câncer da Organização Mundial da Saúde
(OMS), em 2020 o câncer de boca no Brasil ocupou a 18ª posição mundial,
considerando ambos os sexos e todas as idades, por 100.000 habitantes. As
maiores incidências foram encontradas na Índia e no Paquistão.
No contexto brasileiro, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) relatou, no
último dia 23/11, a "Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no
Brasil", na qual informa que 704 mil novos casos de câncer são
esperados para cada ano do triênio 2023-2025, com variações entre os
Estados da Federação.
Quanto a prevalência por sexo, o câncer
de boca tende a acometer mais os homens do que as mulheres. No país como
um todo, espera-se a ocorrência de 11.200 casos novos em homens, podendo
variar de 3.57 a 14,17 casos por
100.000 habitantes homens e de 1.1 a 4.47 casos por 100.000
mulheres. Considerando homens e mulheres, a incidência é mais alta nos
Estados de Santa Catarina (8.79), Alagoas (8.28), Sergipe (7.73), Ceará
(7.19), Espírito Santo (7.05), São Paulo (6.41) e Minas Gerais
(6.30).
Formas de prevenção ao câncer
Para reduzir os riscos
de ter qualquer tipo de câncer, incorpore algumas atitudes à sua rotina:
- Evite exposição aos fatores de
risco de câncer e adote um modo de vida
saudável. - Não fume.
- Adote uma alimentação saudável,
rica em alimentos de origem vegetal, como frutas, legumes, verduras,
cereais integrais, feijões e outras leguminosas.
- Evite alimentos
ultraprocessados, como aqueles prontos para consumo ou para aquecer,
bebidas adoçadas entre outros.
- Pratique atividades físicas.
- Mulheres entre 25 e 64 anos
devem fazer o exame preventivo do câncer do colo do útero a cada três
anos.
- Vacine-se contra o HPV: meninas
de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.
- Vacine-se contra a hepatite B.
- Evite a ingestão de bebidas
alcoólicas.
- Evite a exposição ao sol entre
10h e 16h, e use sempre proteção adequada, como chapéu, barraca e
protetor solar, inclusive nos lábios.
Sobre o CROSP
O Conselho Regional de Odontologia de
São Paulo (CROSP) é uma Autarquia Federal dotada de personalidade jurídica
e de direito público com a finalidade de fiscalizar e supervisionar a
ética profissional em todo o Estado de São
Paulo, cabendo-lhe zelar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e
pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente.
Hoje, o CROSP conta com mais de 170 mil profissionais inscritos.
Além dos Cirurgiões-Dentistas, o CROSP detém competência também
para fiscalizar o exercício profissional e a conduta ética dos Auxiliares
em Saúde Bucal (ASB), Técnicos em Saúde Bucal (TSB), Auxiliares em Prótese
Dentária
(APD) e Técnicos em Prótese Dentária (TPD).
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