Pão francês mais caro: No dia do trigo, dólar é negociado acima dos R$ 5,30
O Brasil ainda é dependente do dólar quando
tratamos do trigo consumido no país
No meio de incertezas em relação fiscal
e sem definições da equipe econômica do presidente eleito, Luiz Inácio ‘Lula’
da Silva (PT), o dólar passou a ser negociado acima de R$ 5,30 nesta
quinta-feira (10/11). Acontece que hoje também é o Dia do Trigo, produto que
depende da cotação da moeda estrangeira. Isso pode significar que o pão francês
pode ficar mais caro no final do ano.
A reação vista na moeda é mais um sinal
de desconfiança na política fiscal do próximo governo, somado com a falta de um
nome para assumir o Ministério da Fazenda. O presidente eleito, Lula, afirmou
em coletiva na última quarta-feira (09/11), que ainda não teria um nome certo
para os seus ministérios.
Para Fábio Pizzamiglio, diretor da
Efficienza, empresa especializada no comércio exterior, o impacto do dólar mais
alto será sentido no preço dos pães, mas a produção do trigo pode aumentar no
país, para abastecer a demanda externa e interna. “Pudemos observar com outras
commodities esse movimento, com o aumento da demanda para exportação, a
produção aumenta no país, até mesmo para abastecer o mercado interno. Porém,
ainda dependemos de um dólar mais baixo para que os pães não se tornem um vilão
na inflação”, explica o executivo.
A safra de 2021 do trigo brasileiro foi
histórica e segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o
crescimento do setor continuará, com previsão de crescimento de cerca de 22% da
produção do cereal. Pizzamiglio explica que esse é um movimento natural,
principalmente após o início da Guerra da Ucrânia.
“O conflito na Europa foi um divisor de
águas, com menor produção do país europeu, o Brasil conseguiu alcançar novos mercados
e ampliar a sua participação internacional”, explicou.
No Índice de Preços no Consumidor (IPCA)
de outubro, dentre os principais produtos, derivados do trigo, que observaram
uma elevação nos preços está o pão de forma, que registrou um aumento de 26,89%.
A partir das métricas do índice, é possível observar que os pães tiveram,
historicamente, um aumento superior à inflação, desde o início do Plano Real.
Ontem, a cotação do trigo encerrou o dia
em R$ 100,00/Saca, registrando um aumento do preço da commodity. “O mercado
externo ainda está aquecido e o valor das commodities no mercado externo torna
a exportação um caminho ideal para os produtores brasileiros”, completa
Pizzamiglio.
Outro ponto que o executivo destaca é a
influência do grupo de Alimentação e Bebidas no no IPCA do último mês, que de
forma geral avançou 0,59%. O grupo registrou um crescimento de 0,72%, com
impacto de 0,16 pontos percentuais no índice geral. “A inflação impacta
diretamente na cotação da moeda. Isso é visto não apenas com a inflação do
Brasil, mas como reflexo da inflação nos Estados Unidos (EUA). Tudo isso
contribui para a desvalorização do real”, explica.
O Federal Reserve (FED), o Banco Central dos EUA, subiu os juros como forma de controlar a inflação no país norte-americano. Atualmente os juros estão em um patamar entre 3,75% e 4,00% ao ano. Além disso, a instituição também sinalizou possíveis aumentos futuros na taxa de juros no país.
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