Precisamos normalizar os términos
*Por Branca Barão
Depois de décadas
assistindo à filmes e ouvindo tantas histórias que terminam com “E foram
felizes para sempre” é comum naturalizar o tal do “Para
sempre…” e tenhamos passado a, de certa forma, esperar um pouco disso na
vida real também!
Não quero te dar nenhum
spoiler aqui, mas no nosso dia a dia, só existem dois tipos de finais possíveis: A
mudança ou a morte. Desculpem-me por ser drástica, mas, antes que a ilusão do
"Para sempre" volte a te assombrar, sejamos realistas.
Certamente tudo tem um
fim, se você não decidir colocar o ponto final, talvez outra pessoa coloque e
se não for colocado a tempo, a vida vai se incumbir de colocar.
Outro dia encontrei uma
grande amiga e perguntei como ela estava. Ela então me disse: "Eu acabei
de me separar!” No ímpeto de deixar escapar o tradicional, quase falei
o "Puxa, sinto
muito!” de sempre, mas resolvi perguntar: "E como
você está em relação a isso? Devo te dizer “Sinto muito” ou te dar os
parabéns?"
Ela então me disse com
um sorrisão: “Pode me
dar os parabéns!" Lembro uma vez em que tudo que eu queria
era ter coragem para sair do relacionamento em que eu estava. Ensaiei o “Eu
quero me separar de você!” inúmeras vezes na minha cabeça, mas não tinha
coragem de dizer. Tolerei aquele relacionamento por mais alguns meses infernais
até que a frase, tão ensaiada, finalmente, saiu! A paz que eu senti foi
indescritível, mas absolutamente ninguém me deu os parabéns.
Ainda me perguntavam ao
me ver viajando, saindo, me divertindo logo após o término “Mas, Branca, você
nem sofreu?!” a minha resposta era: "Não sofri depois, porque tinha
sofrido tudo antes!”, então, tudo o que eu queria era mesmo comemorar, por mais
julgada que eu fosse.
Afinal de contas, não é
todo dia que podemos celebrar a nossa própria superação e coragem. Eu estava
vivendo uma espécie de formatura de um MBA em Massachussets de Autoconhecimento.
Claro que precisava comemorar, foi um passo e tanto.
Para nós, o “normal” é
sofrer após um término, até porque se terminou é porque fracassou e quem
comemora um fracasso, não é mesmo? Nós queremos nos encaixar naquilo que é
normal, mesmo quando aquele “normal” não é bom para nós.
Términos ainda são, na
maioria das vezes, sinônimos de fracasso em nossa cultura.
E sabendo disso, vale a
reflexão:
Quantas pessoas estão
hoje em um trabalho que não encaixa mais em seu propósito de vida ou que sente
que já completou, faz tempo, aquela fase do jogo da vida, ou em um
relacionamento que não faz mais sentido, onde não há mais intersecção com seus
valores e projetos de vida e pior, sem nenhuma felicidade apenas porque vê os
finais das próprias histórias com apenas essas duas opções: Ser feliz para
sempre ou fracassar.
Términos nem sempre são
bons, claro. Mas também nem sempre são ruins, por isso falei em NORMALIZAR o
término, não em BANALIZAR!
A ideia aqui é desconectar término de fracasso.
Isso nos apoiaria a ressignificar esses momentos que são sempre grandes
oportunidades de aprendizado, crescimento, evolução e autoconhecimento.
Precisamos ter coragem
para sermos persistentes naquilo que ainda desejamos que se mantenha em nossas
vidas, de sair fora, o quanto antes, daquilo que não faz mais sentido para nós
e sabedoria para diferenciar quando a vida nos pede uma coisa ou outra!
Permanecer em um espaço
que não nos cabe mais é desperdiçar a própria vida. Liberdade é decidir onde
permanecer e de onde sair.
“Ser fiel a si mesmo e
às próprias escolhas é o verdadeiro sucesso”.
Sobre Branca Barão
Master Trainer em Programação Neurolinguística Sistêmica e especialista em comportamento humano, Branca Barão ministra cursos e palestras com uma metodologia própria, unindo emoção e interatividade para estimular as capacidades de inovação, comunicação e criatividade. A profissional conta com 20 anos de experiência, mais de 10 mil horas de palco e 200 mil pessoas impactadas ao longo de sua carreira. Branca possui vasto conhecimento na metodologia Disney de gestão da experiência dos clientes, além de ser membro da Mensa Brasil, sociedade internacional formada por pessoas de alto QI. Autora do Livro “8 ou 80 - Seu melhor amigo e seu pior inimigo moram aí, dentro de você!”, com mais de 10 mil cópias vendidas, onde Branca transforma suas vivências em contos e parábolas para auxiliar o leitor a reconhecer todas as facetas que o constituem e a transitar facilmente entre elas. Além disso, é autora da obra “A mulher que vivia de Propósito”, apresentando uma jornada rumo ao autoconhecimento que levará o leitor a descobrir, finalmente, o seu propósito de vida. Para saber mais informações, acesse https://www.brancabarao.com.br/site/ ou pelas redes @brancabarao/
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