Tendência em cibersegurança, Bug Bounty é a solução que o país precisa para o cenário digital atual
*Caio Telles, CEO da BugHunt
A cibersegurança não é uma simples
“modinha” entre empresas, instituições e até esferas governamentais. É uma
questão muito séria e vem de um cenário assustador do crescimento de
cibercrimes, principalmente por conta da pandemia de Covid-19, que aumentou a
nossa necessidade e dependência pelas plataformas digitais.
O Brasil, por exemplo, de acordo com o
relatório de ameaças cibernéticas SonicWall, foi o 5º país mais afetado com
ataques cibernéticos em 2021, com os sistemas brasileiros registrando a marca
de as maiores vítimas de ransomwares do mundo no primeiro semestre do período.
Ou seja, as empresas viram a necessidade de agir para encontrar maneiras de
entender a escalada desse problema e buscar soluções para se protegerem.
Nesse contexto, os programas de Bug
Bounty começaram a ficar mais populares no país. Seu principal objetivo é
identificar brechas na cibersegurança dos sistemas das companhias antes dos
atacantes entrarem em cena. A consequência disso é simples: reduzir riscos e
evitar que os negócios sejam impactados pela ação de agentes mal-intencionados.
Os protagonistas dessa solução são
carinhosamente chamados de “hackers do bem”, "hackers éticos” ou
bughunters, pois têm conhecimentos de aplicações e serviços de web, redes de
computadores e linguagens de programação de alto nível que os criminosos também
possuem, mas, ao contrário deles, estão do lado correto da lei. Além disso, são
extremamente antenados em novidades e tendências tecnológicas, o que os mantêm
aptos para identificar os próximos passos dos cibercriminosos.
O histórico do Bug Bounty no mundo
Apesar do programa de segurança da
informação ser considerado uma tendência nos dias atuais, não se engane, o Bug
Bounty já possui uma longa caminhada. Em 1983, a empresa norte-americana Hunter
& Ready deu início ao primeiro projeto de recompensa de bugs para proteger
seu sistema operacional “Versatile Real-Time Executive”. Os especialistas que
encontrassem vulnerabilidades e relatassem à marca ganhavam como prêmio o
famoso carro Fusca, da Volkswagen.
Em 2016, autoridades federais
norte-americanas anunciaram seu primeiro projeto dessa categoria, chamado “Hack
the Pentagon". Durante aproximadamente um mês, o Departamento de Defesa
registrou o envio de 138 relatórios válidos e US$ 71,2 mil em recompensas para
os mais de 1,4 mil especialistas inscritos na iniciativa.
Olhando para esse cenário e pensando no
recente aumento de ataques cibernéticos, não há como negar que esse é o momento
perfeito para as empresas brasileiras definitivamente voltarem os olhares para
estratégias de Bug Bounty como forma de diminuir esses números. Isso sem
falarmos do próprio panorama legislativo do país ligado ao tema, que também tem
se aquecido com os dois anos de vigência da Lei Geral de Proteção de Dados
(LGPD).
Se as companhias se atentarem à solução,
a proteção dos dados com certeza dará um salto gigantesco, tanto no que se
refere às informações institucionais, como de funcionários e clientes. A razão
disso está no fato dos “hackers do bem” identificarem bugs em diversos canais,
como sistemas, aplicativos, websites e até dispositivos físicos, como totens e
máquinas de cartão. O foco dos pesquisadores é achar falhas que possam
representar riscos às marcas, ou seja, vazamentos - que podem impactar na LGPD
-, invasões, ataques por ransomware ou outra vulnerabilidade que traga prejuízo
financeiro, operacional ou de imagem.
Nesse sentido, plataformas
especializadas em Bug Bounty têm um papel primordial no combate ao cibercrime
em sistemas do país. Elas são a porta de entrada para ajudar corporações
parceiras a saber quais são as suas fragilidades digitais, o que gera a
oportunidade de encontrar soluções antes do surgimento de problemas.
Em meio a um contexto em que os
criminosos sempre procuram por novas formas de atacar, tomar a frente com
medidas de redução de danos não é mais um bônus, e sim uma obrigação. Afinal,
não é à toa que esse programa de recompensa por bugs se tornou uma tendência no
segmento de cibersegurança, que deve se desenvolver cada vez mais e permanecer
em alta por muitos anos.
*Caio Telles é cofundador e CEO da BugHunt, a primeira plataforma brasileira de Bug Bounty. Formado em Engenharia de Computação, atua na área de segurança há 11 anos com foco em segmentos diversos como segurança ofensiva, defensiva, conscientização, GRC, entre outros.
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