App Lensa: quanto vale a imagem do usuário?
Especialistas apontam que aplicativo queridinho do momento pode custar muito mais que os R$10,90 cobrados por imagens
As redes sociais de famosos e anônimos voltaram a bombar na última semana. O viral da vez são os avatares criados pelo aplicativo Lensa, que usa a Inteligência Artificial (IA) para recriar fotos em desenhos realistas. O app conta com mais de 10 milhões de downloads, sendo que são cobrados de R$ 10,90 a R$ 22,90 por pacotes que variam de 50 a 200 imagens, mas os usuários não sabem quanto, de fato, custa a sua imagem.
Segundo a CEO da Cubo Comunicação e especialista em Marketing, Carolina Fernandes, para falar sobre o real custo do aplicativo, é importante relembrar sua origem. “Poucas pessoas se lembram, mas em 2016, um app chamado Prisma viralizou com tecnologia parecida. Porém, o serviço era gratuito e serviu de aprendizado para o Lensa - que hoje é bem mais eficiente e pago - fazendo com que o tempo de vida útil do produto seja maior. Uma ótima maneira de captar dados relevantes e limpos, uma vez que o usuário precisa cadastrar um cartão de crédito com dados atrelados ao seu CPF, por exemplo”, explica.
Para a especialista, o valor que o usuário deixa é irrisório para o tanto que a Prisma ganha com as imagens, fazendo com que essa relação de venda seja aquém do que deveria. “Primeiro porque o material não é do usuário, é uma propriedade do aplicativo e a pessoa apenas ganha permissão para usar. Ou seja, ela não está pagando pelo seu avatar em dinheiro, mas, sim, em dados”, observa Fernandes.
Neste sentido, a sócia da DSMA Azulay e especialista em propriedade intelectual, Julia Pazos, faz um alerta para os Termos de Uso do aplicativo. “Infelizmente, ao aceitar os Termos de Uso, a pessoa autoriza a exploração do maior bem existente atualmente - os dados pessoais - para todos os aplicativos utilizados, em diferentes níveis de privacidade, achando que, porque o custo é baixo ou gratuito, ela está em vantagem. Mas não é bem assim, e a escolha não é totalmente do usuário”, alerta.
Segundo Pazos, quando o usuário se cadastra “ele concede licença irrevogável, irretratável, perpétua, global, livre de qualquer remuneração para que a Prisma possa explorar como bem entender o Conteúdo do Usuário, independentemente de incluir o nome, imagem ou personalidade, suficiente para indicar a identidade do indivíduo. Então, a pessoa não está comprando um serviço, ela está doando a propriedade intelectual atrelada a sua imagem, que é um dado pessoal para a empresa monetizar sem qualquer compensação", pontua.
A especialista em propriedade intelectual reforça que além da monetização por meio de anúncios da empresa e de terceiros, que estudam os padrões de consumo para oferecer outros serviços, o usuário ainda ajuda a empresa a evoluir exponencialmente o aprendizado da Inteligência Artificial. “Quanto mais dados o aplicativo absorve, mais preciso ele fica na geração das imagens. E esse tipo de processo custaria muito caro para a Prisma sem a viralização”, conclui.
As redes sociais de famosos e anônimos voltaram a bombar na última semana. O viral da vez são os avatares criados pelo aplicativo Lensa, que usa a Inteligência Artificial (IA) para recriar fotos em desenhos realistas. O app conta com mais de 10 milhões de downloads, sendo que são cobrados de R$ 10,90 a R$ 22,90 por pacotes que variam de 50 a 200 imagens, mas os usuários não sabem quanto, de fato, custa a sua imagem.
Segundo a CEO da Cubo Comunicação e especialista em Marketing, Carolina Fernandes, para falar sobre o real custo do aplicativo, é importante relembrar sua origem. “Poucas pessoas se lembram, mas em 2016, um app chamado Prisma viralizou com tecnologia parecida. Porém, o serviço era gratuito e serviu de aprendizado para o Lensa - que hoje é bem mais eficiente e pago - fazendo com que o tempo de vida útil do produto seja maior. Uma ótima maneira de captar dados relevantes e limpos, uma vez que o usuário precisa cadastrar um cartão de crédito com dados atrelados ao seu CPF, por exemplo”, explica.
Para a especialista, o valor que o usuário deixa é irrisório para o tanto que a Prisma ganha com as imagens, fazendo com que essa relação de venda seja aquém do que deveria. “Primeiro porque o material não é do usuário, é uma propriedade do aplicativo e a pessoa apenas ganha permissão para usar. Ou seja, ela não está pagando pelo seu avatar em dinheiro, mas, sim, em dados”, observa Fernandes.
Neste sentido, a sócia da DSMA Azulay e especialista em propriedade intelectual, Julia Pazos, faz um alerta para os Termos de Uso do aplicativo. “Infelizmente, ao aceitar os Termos de Uso, a pessoa autoriza a exploração do maior bem existente atualmente - os dados pessoais - para todos os aplicativos utilizados, em diferentes níveis de privacidade, achando que, porque o custo é baixo ou gratuito, ela está em vantagem. Mas não é bem assim, e a escolha não é totalmente do usuário”, alerta.
Segundo Pazos, quando o usuário se cadastra “ele concede licença irrevogável, irretratável, perpétua, global, livre de qualquer remuneração para que a Prisma possa explorar como bem entender o Conteúdo do Usuário, independentemente de incluir o nome, imagem ou personalidade, suficiente para indicar a identidade do indivíduo. Então, a pessoa não está comprando um serviço, ela está doando a propriedade intelectual atrelada a sua imagem, que é um dado pessoal para a empresa monetizar sem qualquer compensação", pontua.
A especialista em propriedade intelectual reforça que além da monetização por meio de anúncios da empresa e de terceiros, que estudam os padrões de consumo para oferecer outros serviços, o usuário ainda ajuda a empresa a evoluir exponencialmente o aprendizado da Inteligência Artificial. “Quanto mais dados o aplicativo absorve, mais preciso ele fica na geração das imagens. E esse tipo de processo custaria muito caro para a Prisma sem a viralização”, conclui.
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