Lula presidente: quais são as tendências para o mercado de trabalho em 2023?
Advogada trabalhista aposta em novo cenário com mudanças
positivas para trabalhadores no próximo ano
Em 2023 o Brasil terá Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) ocupando a cadeira presidencial em seu 3° mandato após vencer uma
disputa apertada contra Jair Bolsonaro (PL). Diante deste cenário, o novo ano
deve trazer também algumas mudanças no cenário trabalhista.
Um dos grandes desafios do novo governo
é diminuir ainda mais a taxa de desemprego, que apresenta queda nos últimos
meses. De acordo com o estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), realizado em outubro, o país possui 8,7% de desempregados.
“A garantia dos direitos dos
trabalhadores com normas claras proporcionam segurança para colaboradores e
empresas, que tornam-se capazes de mobilizar e impulsionar o trabalho formal,
criando novos empregos”, opina Alessandra Cobo, advogada do escritório
Aparecido e Inácio Pereira Advogados Associados.
No período em que Lula governou o país,
os trabalhadores brasileiros puderam notar melhorias na qualidade de vida e no
salário mínimo, muito por conta também do processo de crescimento que o país
atravessava naquele momento.
“As propostas de Lula, se concretizadas,
podem trazer novos cenários para o trabalhador em 2023, por buscar a diminuição
dos empregos informais e consequentemente o aumento dos trabalhos formais, com
todos os direitos do trabalhador envolvidos”, explica Alessandra.
Possível retorno do Ministério do Trabalho
Após a eleição de Jair Bolsonaro, o
Ministério do Trabalho foi extinto em 2019, tornando-se uma secretaria especial
do Ministério da Economia. Em 2021, foi recriado oficialmente, desta vez
denominado de Ministério do Trabalho e Previdência.
Com a vitória de Lula, a tendência é de
que a pasta volte a ser exclusivamente voltada para o setor trabalhista. “O
retorno do Ministério do Trabalho permitirá fixar com maior praticidade as
diretrizes, além de fiscalizar o cumprimento das normas, com a finalidade de
manter o equilíbrio nas relações trabalhistas e o cuidado com a taxa do emprego
formal no país”, conta a advogada.
Pejotização e regulamentação de
profissões
Uma das grandes tendências após a
reforma trabalhista foi o crescimento do número de profissionais cadastrados
como “PJ”, pessoas jurídicas que fornecem trabalho para empresas, como MEI
(microempreendedor individual) ou de outras maneiras.
De acordo com uma pesquisa do IBGE, a
quantidade de empregados no país sem carteira assinada no setor privado atingiu
12,5 milhões de pessoas ao fim do primeiro trimestre deste ano.
“O novo governo deve olhar para os
trabalhadores de forma a garantir que todo direito seja assegurado, certamente
esse assunto será pautado nas discussões sobre as novas alterações dos direitos
trabalhistas, visto que a ‘pejotização’ muitas vezes reduz garantias mínimas do
trabalhador”, relata a especialista.
Além de atenção nesta pauta, Lula
sinalizou que pretende regulamentar profissões de trabalhadores de aplicativos
como Uber e Ifood, para que assim possam ter redes de seguridade social.
"A regulamentação das profissões
dos motoristas de aplicativo e delivery certamente poderá garantir direitos
fundamentais para esses profissionais, como férias, o 13° salário e folga,
assim atraindo mais pessoas”, finaliza Alessandra.
Sobre a Dra. Alessandra
Cobo
Bacharela em Direito pela Faculdades Adamantinenses Integradas, em 2004, especialista em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 2009, pós-graduanda em Direito Administrativo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil sob o nº 225.560
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