Superando barreiras culturais: os desafios do atendimento médico a pacientes estrangeiros
Por Ana Vicente
A pandemia
acelerou a transformação digital no setor da saúde, que precisou se reinventar
para realizar atendimentos ainda mais precisos em diferentes modalidades. No
entanto, os profissionais da área ainda enfrentam diariamente algumas
barreiras, e entre elas, está o atendimento a pessoas de outros países.
Estima-se que,
atualmente, 1,3 milhão de imigrantes vivem no Brasil, conforme indica o Relatório Anual OBMigra 2021, divulgado pelo Ministério da Justiça e
Segurança Pública (MJSP), que apresenta um panorama sociodemográfico e
socioeconômico dos imigrantes no país. A pesquisa mostra que o número de
imigrantes no Brasil cresceu 24,4% entre 2011 e 2020.
Este cenário
aumenta a probabilidade de as instituições de saúde receberem cada vez mais
pacientes de culturas diferentes ou que não falam o mesmo idioma que os
profissionais em exercício, salientando alguns desafios médicos, como por
exemplo: Como lidar com as barreiras de linguagem? Onde pesquisar o medicamento
equivalente no país de origem? Como orientar o paciente no preparo de um exame?
Estas questões
podem impactar na variabilidade clínica, comprometendo a qualidade do
atendimento e resultados, aumentando os custos, e, por consequência, impactando
a experiência do paciente.
As barreiras no
atendimento médico global
Grandes estudos
são publicados em periódicos globais que apresentam alto fator de impacto, em
uma velocidade tão grande que torna inviável o profissional de saúde ou as
instituições trabalharem com base nas melhores práticas. Neste sentido, a
pluralidade de idiomas pode ser um obstáculo tanto no acesso à informação,
quanto na comunicação.
Para auxiliar a
rotina hospitalar, é recomendável que as organizações de saúde contem com um
tradutor certificado ou intérpretes para apoiar todas as interações com os
pacientes. Como essa ainda não é uma realidade de grande parte das instituições
no Brasil, muitas vezes, a função de intermediar o diálogo com o médico fica a
cargo dos acompanhantes, ou de colaboradores da instituição que compreendam o
idioma em questão. No entanto, em situações de emergência, essa medida informal
não é efetiva, podendo dificultar ainda mais o atendimento.
Uma prática
efetiva e humanizada é fornecer ao médico e ao time multiprofissional
ferramentas que suportem o entendimento e a comunicação clara, usando toda a
tecnologia disponível, e consequentemente, assegurando maior efetividade na
tomada de decisões baseada em evidências.
O papel das
ferramentas de suporte à decisão clínica no atendimento médico global
Para facilitar a
comunicação entre o médico e paciente, seja com nativos ou estrangeiros, o uso
de ferramentas de suporte à decisão clínica são fundamentais para garantir a padronização do cuidado, facilitando a adoção dos padrões internacionais em
qualquer parte do globo e centralizando o cuidado no paciente.
Assim, o acesso a
tecnologias que fornecem informações baseadas em evidências garante que as
orientações indicadas no tratamento estejam atualizadas de acordo com as fontes
mais confiáveis, sendo possível promover maior segurança ao paciente e reduzir
a variabilidade do cuidado indesejado.
O fato é que com o
crescimento de turistas e imigrantes em circulação no país, cada vez mais
haverá maior troca de costumes e hábitos entre a população. Por isso, estar
preparado para receber estes pacientes torna-se uma necessidade prioritária das
instituições de saúde e, o acesso a recursos atualizados e tecnologia de ponta,
podem ser a chave para certificar que o alto nível de atendimento seja aplicado
em qualquer local do mundo.
Neste contexto,
também é importante contar com as universidades nesse processo de adaptação e
inovação, inserindo nos cursos a metodologia ativa que inclui a prática desde o
primeiro ano, bem como o cuidado centrado no paciente para todos os cursos da
área da saúde.
Ana Vicente é Gerente Regional de Novos Negócios da Wolters Kluwer, Health, empresa líder global no fornecimento de informações profissionais, soluções e serviços para hospitais, escolas de medicina e profissionais de saúde.
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