Dependência do ChatGPT: como orientar estudantes para um uso consciente
Entre riscos e oportunidades, direcionamento correto transforma a inteligência artificial em ferramenta de aprendizagem efetiva
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A rápida ascensão das tecnologias de Inteligência Artificial tem marcado presença em diversas áreas do nosso cotidiano, e na educação não seria diferente. A crescente utilização de chatbots em trabalhos escolares por estudantes brasileiros acende um alerta significativo para famílias e instituições de ensino. Atualmente, essa tecnologia é empregada para elaborar e rever textos, o que pode comprometer a eficácia dos métodos tradicionais de avaliação. Contudo, sem a devida orientação, o uso pode levar à chamada “Dependência da IA” ameaçando habilidades cognitivas essenciais.
Segundo levantamento do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) em parceria com o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), 70% dos estudantes do Ensino Médio com acesso à Internet já utilizam ferramentas de IA generativa, como ChatGPT ou Gemini, para pesquisas escolares. No entanto, apenas 32% afirmam ter recebido orientação pedagógica sobre o uso seguro dessas tecnologias.
Para Victor Cornetta, especialista em desenvolvimento estudantil e fundador da Kaizen Mentoria, a Inteligência Artificial deve ser vista como apoio, e não como um substituto da capacidade de pensar. “O desafio surge quando o aluno utiliza essa tecnologia apenas para replicar conteúdo ou agilizar tarefas, negligenciando o processo de construção do próprio conhecimento, que envolve refletir, cometer erros e aprender com eles. A mediação orientada é o fator que faz toda a diferença”, afirma o especialista.
Cornetta destaca ainda que grande parte do problema está no fato de muitos alunos não compreenderem o real motivo pelo qual estão estudando “Quando o estudante encara as atividades escolares apenas como algo que precisa entregar para tirar uma nota, ele tende a buscar soluções rápidas. Mas se entende que está ali para desenvolver habilidades, o aprendizado ganha propósito e profundidade”.
A ferramenta usada sem supervisão pode induzir à tensão de “ter resposta pronta” e reduzir o esforço necessário para aprender. Isso significa que, ao saber que a informação está facilmente disponível, muitos jovens tendem a não memorizar e a se esforçar menos no processo de compreensão. Isso compromete competências fundamentais como concentração, persistência, organização e argumentação exigidas em exames como o Enem, além de serem essenciais para a vida acadêmica e profissional.
Essa dinâmica pode ser comparada ao uso da calculadora: antes de recorrer ao aparelho, o aluno precisa dominar os cálculos por conta própria para desenvolver o raciocínio lógico e compreender o que está por trás dos resultados. O mesmo vale para a Inteligência Artificial. Quando o jovem utiliza o ChatGPT apenas para obter respostas prontas, sem refletir ou construir o próprio pensamento, ele perde o verdadeiro valor do aprendizado. Ao entender que estudar vai muito além das notas e que as competências adquiridas hoje serão fundamentais para o futuro, torna-se mais fácil guiá-lo a usar a tecnologia de forma consciente e estratégica, transformando a IA em uma parceira de crescimento.
Diante desses desafios, é importante que os pais e educadores certifiquem-se de que o uso está sendo utilizado de maneira correta. A proibição total raramente é o melhor caminho “É fundamental que as escolas e os educadores encontrem maneiras de ensinar o uso seguro, preparando-os para um futuro onde a IA será cada vez mais presente”, ressalta Victor.
Apesar dos riscos, o avanço dessas tecnologias é irreversível e pode se tornar um poderoso aliado quando usado de forma estratégica. Entre os benefícios destacados pelo especialista estão:
Aprendizagem personalizada
As plataformas de IA são capazes de identificar padrões de desempenho, reconhecer pontos fortes e fracos e adaptar o conteúdo de acordo com as necessidades individuais de cada um. Alguns sistemas aumentam gradualmente a complexidade dos exercícios à medida que o estudante demonstra domínio sobre o tema, ou sugerem revisões quando detectam erros recorrentes. Essa personalização cria um senso de pertencimento e motivação: o aluno se sente compreendido, percebe progresso e aprende de forma mais eficiente.
Acesso à informação
Com poucos cliques, é possível acessar uma imensa variedade de dados, artigos e referências organizadas de maneira inteligente. Essa facilidade estimula a curiosidade e melhora a capacidade de análise crítica, desde que o aluno saiba validar as fontes e interpretar o que lê.
Entretanto, é essencial reforçar que as respostas desses chats nem sempre são precisas. Por isso, pais e professores devem incentivar o hábito da verificação, mostrando como checar fatos, comparar versões e refletir sobre o conteúdo antes de aceitá-lo como verdade.
Desenvolvimento de autonomia e pensamento crítico
O uso consciente da IA incentiva o estudante a pesquisar melhor, comparar informações e questionar resultados. Quem aprende a interagir de forma crítica com a tecnologia, em vez de apenas reproduzir respostas, desenvolve autonomia intelectual e senso crítico.
O verdadeiro impacto da Inteligência Artificial na aprendizagem depende de como ela é utilizada: como meio para desenvolver habilidades essenciais, e não como substituto do raciocínio humano. Quando orientados, os alunos aprendem a questionar, explorar e construir conhecimento de forma ativa, tornando-se mentes críticas e preparadas para o futuro.
Sobre a Kaizen
Fundada em 2020, a Kaizen é uma startup de educação voltada a mentorias personalizadas para estudantes do Ensino Fundamental ao Superior. Ao combinar orientação acadêmica, personalização de estudos e tecnologia, a empresa já atendeu milhares de alunos em todo o Brasil, promovendo autonomia, estrutura e desempenho.
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