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Educação X Violência

Joyce Capelli, Diretora Executiva e Presidente da Inmed Brasil



Ao refletir sobre as situações que ocorreram recentemente no Espírito Santo, em nossas cadeias e presídios e na criminalidade no Rio de Janeiro, sinto que nosso País falhou em não investir na educação dos meninos e meninas que cresceram para se tornar bandidos, assassinos, traficantes, saqueadores.

Dói-me o peito constatar que essa falha persiste como uma assombração para o futuro.

O caminho da boa educação está no que se pratica e ensina nas escolas.

A palavra “doutor”, tão superestimada em nossa cultura, vem do latim, “docere”, que significa ensinar. Ensinar e aprender perpassam todas as áreas e níveis.

Percebo que os investimentos que fazemos para educar, passar informações, dialogar com as crianças da rede pública de ensino em nossos programas na Inmed Brasil, revertem-se em resultados práticos para melhorar as comunidades onde atuamos.

Se não basta minha percepção - construída em décadas de trabalho em campo e à frente de organização do terceiro setor que promove educação em redes públicas de ensino - cabe resgatar pesquisa realizada ano passado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) do governo brasileiro.

A principal conclusão da pesquisa Indicadores Multidimensionais de Educação e Homicídios nos Territórios Focalizados pelo Pacto Nacional pela Redução de Homicídios, que analisou a relação entre o número de homicídios e a qualidade das escolas localizadas em 81 municípios brasileiros, aponta a educação como a principal política social de redução de assassinatos.

Preto no branco: educação reduz homicídios.

Para cada 1% a mais de jovens entre 15 e 17 anos nas escolas, há uma diminuição de 2% na taxa de assassinatos nos municípios. Esse é um dado importantíssimo de reflexão para uma sociedade que se envolve freneticamente em discutir punição, ações repressivas, mas que deixa totalmente de lado a PREVENÇÃO (assim, escrita em todas as letras maiúsculas).

Governos se alternam no poder: de direita, esquerda, centro e demais variações, sem que haja uma real ação profilática contra a violência do amanhã, um investimento concreto na educação e nas crianças de hoje.

Lutar por uma educação melhor não é um plano mirabolante, caro e inexecutável.
É simples, e tem garantias de resultados espetaculares... Por que então os gestores públicos não investem mais nisso? Vamos mudar isso?

Joyce Capelli
Presidente e diretora executiva da Inmed Brasil

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