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Como enfrentar a ‘fadiga do Zoom’ e sobrecarga profissional durante o home office

Cansaço e exaustão são observadas por pesquisas de mercado em profissionais que atuam na modalidade de teletrabalho

Divulgação/Freepik

O trabalho é percebido como a atividade que mais consome a rotina do brasileiro durante a pandemia, segundo pesquisa realizada pela Nielsen, em parceria com a consultoria Toluna. No mês de janeiro, a pesquisa ouviu 1.135 pessoas e, em março, divulgou o resultado, apontando que 18% dos entrevistados excederam 15 horas por semana dedicadas ao expediente, seguidos de 23% trabalhando de 10 e 15 horas e 22% de cinco a nove horas.

Outro ponto importante é a alta carga de videoconferências que aumentou o estresse e desgaste dos funcionários, em todo o planeta, e foi intitulada por psicólogos e especialistas em recursos humanos como Zoom fatigue, ou ‘fadiga do Zoom’. A referência vale para todas as plataformas de chamada de vídeo, como Google Meet, Microsoft Teams, WhatsApp, entre outras.

Segundo Maria Fernanda Meireles, head de Pessoas e Cultura na Allya, HR tech com foco em benefícios corporativos e bem estar-financeiro dos colaboradores, a equipe estava acostumada a realizar de duas a quatro calls por semana. “De repente, os colaboradores tiveram que lidar com reuniões virtuais praticamente ao longo de todo o expediente de trabalho. Principalmente no início da pandemia, onde o contexto era de extrema incerteza e muitas das empresas estavam se adaptando ao modelo home office”, afirma.

De acordo com a executiva, o tempo de adaptação ao home office terminou e o RH está em um período de avaliar as atividades que fazem sentido manter ou não. Entre as ações que a profissional recomenda para esse desafio do Zoom, estão implantar uma cultura de boas práticas, tais como filtrar o conteúdo a ser abordado, a fim de verificar se o e-mail pode ser uma alternativa; utilizar a funcionalidade de ‘hide self-view’, na qual é possível que o colaborador esconda sua própria câmera para não precisar olhar a sua imagem o tempo inteiro; permitir que a equipe tenha períodos com a câmera desligada; reservar alguns dias na semana em que reuniões não poderão ser agendadas; ter um intervalo acordado entre uma call e outra para pequenas pausas na rotina; e manter um canal aberto com a equipe para compartilhar questões de bem-estar emocional.

“Por não saber como avaliar ou cobrar um trabalho, os gestores acabam demandando excessivamente que a pessoa ‘dê as caras’ virtualmente, como se fosse uma prova de que ela está trabalhando, ao invés de, de fato, conversar pontualmente sobre o que precisa ser feito. Parece mais um ‘bater ponto virtual’ do que realmente a promoção de reuniões, brainstorming etc.”, aponta Giovani Lucena, psicólogo do PsicoManager, plataforma de gestão para psicólogos e clínicas de psicologia.

A fim de amenizar essa situação, Lucena sugere que o colaborador ofereça o feedback para a liderança de que o excesso de reuniões não está funcionando tão bem, tanto por serem reuniões com caráter pouco criativo, como por gerar esgotamentos mentais do funcionário, que é sempre pressionado a participar desses encontros, onde talvez ele não tenha nada a acrescentar dentro do contexto debatido. Por outro lado, ainda segundo o psicólogo, a empresa deve se importar com a sua ‘empresabilidade’, ou seja, se tornar atraente para captar e manter os talentos, e que este desgaste ocasionado por ‘Zoom fatigue' pode arranhar a imagem da companhia perante os seus colaboradores.

Qualidade de vida no home office

Um exemplo de empresa preocupada com a saúde mental e física de seus colaboradores, desde quando a pandemia começou, é a Embracon, uma das principais administradoras independentes especializada em consórcios, que implantou uma série de iniciativas, como a visita de um técnico do trabalho para avaliar as condições de cada um de seus profissionais e sugerir melhorias, caso necessárias.

Após esta avaliação, a administradora decidiu manter os colaboradores motivados e mais confortáveis e enviou a todos um kit escritório composto por mesa, cadeira, apoio para os pés, estabilizador, teclado e mouse. “Além de promover um ambiente confortável, pensamos em incentivá-los a cuidar melhor da saúde, por isso, criamos a ‘Quarta é dia de saúde’, um breve boletim com temas relevantes, como check-up médico, prevenção contra acidentes domésticos, cuidados com a automedicação, entre outros”, explica Brenda Donato, diretora de Pessoas e Resultados da Embracon.

Diante dos fatos, a Embracon também criou a ‘Sexta sem reunião’. A ideia é de que as reuniões online sejam feitas até as 12h deste dia da semana e o restante do expediente fique livre para todos se organizarem para a próxima semana e se desconectarem tranquilamente para o fim de semana de descanso. E para mudar a rotina dos colaboradores e aliviar o estresse, semanalmente, a empresa promove uma série de treinos virtuais de ginástica laboral, mindfulness, yoga e exercício físico, em diversos horários, que serão mantidas ao longo de 2021.

Complementando o conjunto de iniciativas, a companhia oferece o programa Conte Comigo, com orientação e apoio jurídico, financeiro e psicológico aos colaboradores e seus dependentes, de forma anônima e gratuita, 24 horas por dia, 7 dias por semana, por meio de um canal de 0800.

“É momento de pensar na qualidade de vida de cada um diante da situação que vivemos com o isolamento social, que ainda está provocando diversos fatores de exaustão. Com essas iniciativas, o nosso objetivo é auxiliar diretamente os mais de 2,9 mil profissionais, incentivando-os a cuidar melhor do bem mais precioso, a saúde”, conclui Brenda.

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