Cresce o número de endividados no Brasil e especialista dá dicas sobre como sair da inadimplência
Paulo César Pereira da Silva, do curso de Ciências Contábeis do Unipê, avalia que o cartão de crédito potencializa dívidas e que é preciso desenvolver uma cultura de economizar pequenos gastos
João Pessoa, 23 de agosto de 2021 – Segundo a Pesquisa de Endividamento e
Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o primeiro semestre de 2021
acabou com 69,7% das famílias brasileiras endividadas.
Para o professor Me. Paulo César Pereira
da Silva, do curso de Ciências
Contábeis do Centro
Universitário de João Pessoa (Unipê), um dos motivos para esse
alto percentual é a pandemia, que comprometeu o orçamento das famílias,
principalmente de classes sociais mais baixas, além do desemprego e a
consequente queda no poder de compra. Nesse cenário, o uso indevido do cartão
de crédito pode potencializar a inadimplência quando compromete mais do que o
orçamento suporta.
“Vivemos uma crise econômica, com
pessoas sofrendo com a redução de renda, desemprego e inflação mais elevada.
Essa pesquisa aponta ainda que a proporção das famílias que utilizam o cartão
de crédito, por exemplo, como principal tipo de dívida, alcançou a máxima do
indicador: 81,8% do total de famílias. Diante disso, meu alerta é que o
cartão de crédito continua sendo o grande vilão do brasileiro, isso se
considerarmos os juros de operações no rotativo”, ressalta.
O especialista explica que apesar de o
Banco Central ter tentado intervir, normatizando que só poderia ser possível
usar o rotativo do cartão por dois meses seguidos, a modalidade ainda é um
problema. “Quando se ultrapassa esse limite, as operadoras de cartão de crédito
ficam obrigadas a oferecer modalidades de parcelamento do valor utilizado no
rotativo, mas ainda assim, o cartão continua sendo uma das modalidades de
crédito mais caras do mercado”, alerta.
Paulo César destaca que os brasileiros
possuem muitas dívidas com financiamento de veículos, casas e empréstimos em
bancos, e o famoso crediário, e sugere algumas dicas para o pagamento dessas
dívidas. E os devedores ainda podem ser aqueles que assumiram compromissos
financeiros e foram demitidos, se vendo na impossibilidade de quitação desses.
Por isso, o especialista indica como pagar os débitos.
“A primeira estratégia e mais eficaz é
renegociar parcelas quando lhe são ofertadas boas oportunidades, fazendo com
que elas não comprometam mais de 30% do orçamento doméstico e que caibam dentro
dele. Outra possibilidade é buscar alternativas para aumentar a renda, quando
possível. E ter um planejamento financeiro, colocando em uma planilha todas as
entradas (receitas) e saídas (despesas), observando o que está saindo para
coisas supérfluas e buscando adequar os seus gastos à realidade de suas
entradas”, argumenta.
Por fim, Paulo César aconselha que
economizar traz garantias para realizar sonhos e quanto aos extras, é
importante separar parte do salário para que isso aconteça, não importando a
quantidade, mas a ação de se ter um extra ao final de cada mês.
“Uma das primeiras coisas para fazer o
dinheiro render é gastar com o que for necessário de forma equilibrada,
buscando adequar os gastos ao salário. Depois fazer a opção por bens e serviços
mais baratos e que tenham um padrão de qualidade que atenda às suas necessidades,
economizando inclusive no planejamento, por exemplo, de viagens de carro para
resolver certos assuntos, com o intuito de poupar combustível, apagando uma
luz, passando ferro uma única vez no mês ou na semana. É a cultura da pequena
economia que se tornará numa grande economia”, pontua.
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