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Pacientes com câncer de mama podem amamentar mesmo em tratamento. Tire suas dúvidas

 No mês em que o incentivo à amamentação ganha destaque, especialista indica casos em que a prática é restrita e orienta lactantes que estão em tratamento

Os benefícios da amamentação são inegáveis. Para o bebê é essencial para que o corpo se desenvolva, seja fortalecido e inúmeras doenças sejam prevenidas ao longo da vida, sem contar no fortalecimento do vínculo com a mãe. Para a mulher, as vantagens também são várias, contribuindo até na melhora da saúde, inclusive sendo um fator de redução de risco para uma doença que está entre as que mais afetam a população feminina: o câncer de mama. São inúmeros os benefícios que reforçam o valor da prática, por isso o mês de agosto é dedicado à conscientização sobre a importância da amamentação, por meio da campanha ‘Agosto Dourado’. Mas, e aquelas mulheres que têm câncer de mama ou que estão no período de tratamento, elas podem amamentar? O especialista do COT Oncoclínicas, Dr. Juliano Cunha, esclarece que é possível manter o aleitamento materno apesar da condição, mas há restrições.

O câncer de mama é o segundo tipo de tumor que mais afeta as mulheres no mundo, atrás apenas do câncer de pele, com uma previsão de mais de 66 mil novos casos a serem diagnosticados somente este ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Mulheres que enfrentam esta neoplasia e são mães podem ficar receosas quanto à amamentação, mas dependendo do tratamento realizado, é possível seguir naturalmente com a prática até mesmo durante este processo, apenas com adaptações, como explica o mastologista e cirurgião oncológico do COT Oncoclínicas, Dr. Juliano Cunha. “É importante destacar que até a mulher começar o tratamento, ela pode manter o aleitamento materno. Por exemplo, se no caso dela for iniciar pela cirurgia, até a época do procedimento ela pode seguir com a amamentação, inclusive na mama que deve ser tratada, pois o aleitamento não será responsável por passar nenhuma célula doente para a criança. Após a operação, muitas vezes pode não ser possível, por precisar retirar a mama ou tirar os dutos que vão ser responsáveis por levar o leite até o mamilo, ainda assim com a outra mama, que não passou pelo procedimento, a amamentação pode seguir normalmente”, comenta Dr. Juliano, que compartilha uma orientação similar para os casos em que a paciente passa pela radioterapia. "No caso do tratamento radioterápico, a mãe não deve amamentar na mama que está fazendo a radioterapia, pois é uma mama que vai ficar com a sensação diferente, com a pele alterada, o que pode causar mais desconforto, mas se ela estiver com a outra mama produzindo leite, a amamentação pode ser mantida nesta que não está passando pelo procedimento, não tem contraindicação”, esclarece.

Além da radioterapia e da cirurgia, a quimioterapia também é uma das principais formas de tratamento do câncer de mama, e nos casos em que este método é utilizado, a amamentação não é indicada. “O maior cuidado necessário é para mulheres que estão em quimioterapia, fazendo tratamento com algum medicamento. Elas não podem amamentar suas crianças porque as substâncias podem ser transferidas para o bebê e isso é prejudicial. Se ela ainda não começou seu tratamento, ou já não está fazendo o uso de nenhum medicamento, pode seguir amamentando. O uso de medicamentos é que vai contraindicar a amamentação completamente”, destaca o especialista.

Dentre os benefícios da amamentação, estudos já identificaram que a prática é um fator protetivo para o câncer de mama. A estimativa é que para cada 12 meses de amamentação, há uma redução de 4,3% no risco de desenvolvimento do tumor, entretanto o mastologista aproveita para esclarecer que o fato de amamentar não isenta a mulher de apresentar a doença no futuro e ainda reforça hábitos que devem ser adotados na prevenção do câncer de mama. “A amamentação deve ser sempre estimulada. Mãe e filho só têm a ganhar com a prática! A preservação oferecida em relação ao câncer de mama é importante, entretanto temos de lembrar que a causa do câncer é multifatorial. O aleitamento é um fator de proteção, e ele não vai caminhar sozinho. A doença acontece quando a gente tem um desequilíbrio entre a proteção e os agentes causadores, então se a mulher tem mais agentes causadores do que fatores de proteção, ela vai desenvolver a doença. O fato de amamentar é uma redução de risco importante, mas também devemos lembrar de manter um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada, prática de atividade física regular e controle do peso, que são essenciais para a prevenção do câncer de mama”, completa Dr. Juliano.

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