Por que o fenômeno da dolarização tem atraído jovens investidores brasileiros?
Em busca de mais estabilidade, perfil de investidores que apostam no day trade, como Jonatan Martins - o Sharkão, superam efeito home bias e optam por dolarizar patrimônio
Pesquisa da Capital Research demonstra que os brasileiros ainda alocam 99% de seus ativos no mercado doméstico. Em todo o mundo, os investidores tendem a se sentir mais confortáveis em aplicar recursos em empresas mais próximas do seu cotidiano. Porém, esse fenômeno chamado home bias atinge um patamar muito maior no Brasil. Na Inglaterra, por exemplo, os investidores alocam 50% dos ativos em mercados estrangeiros.
No Canadá, a estimativa é de 35% e até mesmo nos Estados Unidos, maior mercado do mundo, os investimentos locais somam 72%. O home bias ou viés doméstico do investidor brasileiro ocorre por questões culturais, mas também pela baixa abertura do nosso mercado. Nossa legislação tributária ainda é muito restritiva e o ordenamento jurídico burocratiza em excesso a circulação monetária internacional.
Por outro lado, a globalização da economia e a desvalorização do real são alguns dos fatores que têm levado um número crescente de investidores brasileiros a procurar alternativas no mercado externo. A crise econômica global somada à crise política local aumentaram a inflação e a instabilidade interna, ampliando uma tendência de busca por diversificação geográfica de ativos. Também fazem parte desse cenário a queda da taxa Selic, que prejudicou os resultados das aplicações em renda fixa, e a alta do dólar, que ultrapassa os R$ 5 desde março de 2020.
O especialista em day trade Jonatan Martins é um entusiasta da dolarização do patrimônio como estratégia de proteção contra a desvalorização cambial e o Risco-Brasil. Mais conhecido como Sharkão, ele reúne 448 mil seguidores no Instagram e 139 mil no YouTube, além dos milhares de alunos matriculados em seus cursos de operações no mercado financeiro (Oráculo e Método Trader Milionário).
Aos 26 anos e com uma linguagem descontraída, Sharkão usa as redes sociais para apresentar resultados de suas performances nos mercados de criptomoedas, opções binárias e opções digitais. Os números impressionam e estimulam que seus seguidores também passem a operar em dólar. “Quando há queda nas bolsas de valores, a cotação do dólar geralmente sobe, porque a moeda compõe cerca de 59% das reservas cambiais do mundo e é a mais procurada para estabilizar economias. Então, dolarizar parte da carteira é uma estratégia que equilibra seu portfólio em momentos de perda nos ativos”, explica Sharkão.
Perspectivas futuras
O mercado brasileiro já vem reduzindo as dificuldades que impedem a diversificação no exterior. A abertura para pessoas físicas negociarem BDRs não patrocinados e a autorização para fundos investirem fora do país foram importantes avanços. Enquanto grande parte dos investidores do Brasil não se arriscam a ultrapassar fronteiras, aqueles que não se prendem a tais limites desfrutam de uma variedade muito maior de ativos e possibilidades. “Ainda é um pouco complexo operar nesse mercado, mas com uma boa assessoria e um gerenciamento profissional de riscos, o potencial de ganho torna muito vantajoso o day trade em opções”, opina o especialista.
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