5 tendências tecnológicas inevitáveis ao setor financeiro
Por Felippe Mantteucci Melo, VP de Technology da IBM Brasil.
Foi quase num
estalar de dedos: de repente, a experiência dos clientes com o setor financeiro
atingiu um patamar que pouca gente imaginava há alguns anos, quando ainda se
aguardava impacientemente na fila de um caixa eletrônico. A relação das pessoas
com as instituições bancárias continua evoluindo exponencialmente e, para que
isso aconteça, o nível de investimento em tecnologia é volumoso. Natural,
afinal é esse aporte que irá acelerar a digitalização dos serviços e criar
novas formas de conexão entre bancos e seus clientes.
Ao longo de
2020, o setor financeiro do Brasil confirmou esse cenário: o investimento em
tecnologia cresceu 8% por aqui, na casa dos R$ 8,9 bilhões. Mais do que isso:
as tecnologias disruptivas ganharam significativa relevância nos investimentos
em TI, com IA sendo prioridade para 93% das instituições, um salto de dez
pontos percentuais em apenas 12 meses. Como exemplo concreto, um número
impactante: mais de 618 milhões de chamados foram atendidos via chatbot ao
longo do ano passado no país. Os dados são da pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária
2021, divulgada
recentemente.
Associado a
números tão consistentes, o setor bancário passará por uma nova fase de
transformação com a consolidação do Open Banking, uma padronização do processo
de compartilhamento de dados e serviços financeiros pelas instituições por meio
de abertura e integração de plataformas e infraestruturas de tecnologia. As
relações digitais confiáveis, portanto, se tornaram o principal ativo das
instituições financeiras. O IBM Institute for Business Value divulgou
recentemente um relatório sobre tendências que vão dominar esse mercado em
diversos países, inclusive o Brasil*. Elenquei algumas delas para observarmos.
1 - Serviços
personalizados, transparentes e em tempo real
Com a
pandemia da COVID-19, clientes migraram rapidamente para canais diretos de
atendimento, como aplicativos móveis e online banking. O aumento
significativo no uso dessas experiências digitais fomentou a demanda por
serviços personalizados, transparentes e em tempo real que sejam integrados nas
vidas e negócios dos clientes. Como resultado, os bancos estão acelerando a
adoção de tecnologias como inteligência artificial, automação e Hybrid Cloud,
acelerando esse processo.
2 - Novas
arquiteturas de negócios baseadas na nuvem: uma migração inevitável
Instituições bancárias estão migrando para novos
modelos operacionais baseados em uma arquitetura multicloud híbrida e aberta.
Para atingir esperado retorno sobre esse investimento, as instituições
financeiras podem ter como alvo uma faixa de 40-50% das cargas de trabalho em
uma nuvem pública específica, cerca de 20% em uma nuvem pública tradicional e
os 30-40% restantes no local, com base em uma infraestrutura de mainframe
moderna. Os bancos estão intensificando essa migração de cargas de trabalho
essenciais aos negócios para a nuvem.
3 - Aumentar os dados abertos e gratuitos para
gerar oportunidades
O setor
bancário tem acesso a grandes quantidades de dados dos clientes - cada vez mais
abertos. É necessária a modernização dos ambientes de dados, aproveitando novas
ferramentas de inteligência analítica e artificial (IA), ao mesmo tempo em que
se estabelece um equilíbrio transparente entre a propriedade e o
compartilhamento deles em ecossistemas inteiros.
4 - Força de
trabalho redefinida
Equipes de
funcionários, subcontratados e sistemas automatizados estão trabalhando juntos
em novos modelos de colaboração para tarefas bem definidas e em áreas de
especialização - tudo acelerado pelo trabalho remoto. A redefinição da força de
trabalho, combinada com a intensa competição por talentos digitais,
transformará a forma como os recursos são recrutados e gerenciados na
indústria.
5 -
Competição além do mercado financeiro
Grandes
empresas, incluindo big techs, estão expandindo seus negócios com serviços
financeiros internos. Elas estão se conectando a clientes, permitindo e
alavancando ecossistemas ao redor da vida das pessoas e de seus negócios. Por
esse movimento, as principais instituições financeiras também estão
desenvolvendo novas propostas de valor que abordam esse modelo inédito de
consumo de serviços financeiros. Eles estão inovando "de dentro para
fora" para se conectar com os clientes e envolvê-los em plataformas não
bancárias.
Da mesma
forma que as pessoas estão imersas e, boa parte delas, adaptadas às novas
tecnologias oferecidas pelo setor financeiro, as instituições precisam também
estar preparadas e bem direcionadas por líderes antenados em novas tendências.
A revolução tecnológica é inevitável em todas as pontas do negócio financeiro,
mas resta entender quais empresas estão mais preparadas para ela. A fila no
caixa eletrônico, indubitavelmente, ficou para trás.
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