Dia da cachaça: setor cresce no Brasil impulsionado por empreendedores que estão abrindo mão da carreira para investir na bebida
A data foi criada em 2009 pelo Ibrac como uma homenagem ao dia em que a bebida foi liberada pela Coroa Portuguesa para venda e fabricação no Brasil: dia 13 de setembro de 1661
No dia 13 de
setembro é comemorado o Dia
da Cachaça. A data foi criada em 2009 pelo Instituto Brasileiro
de Estudos de Concorrência, Consumo e Comércio Internacional (Ibrac) como
uma homenagem ao dia em que a bebida foi liberada pela Coroa Portuguesa para
venda e fabricação no Brasil: dia 13 de setembro de 1661. A rebelião, que
aconteceu no Rio de Janeiro, na época, ficou conhecida como a Revolta da
Cachaça, que legalizou a bebida proibida até então. Mesmo com as diversas
opções de destilados no mercado e com o fechamento dos bares por conta da
pandemia, o setor conseguiu resistir e registrou até crescimento no ano
passado.
O número de estabelecimentos produtores
de Cachaça e de Aguardente registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), cresceu 4,14 % no último ano. O número em 2020 foi de
1.131 e em 2019 de 1.086. “Os
consumidores estão descobrindo que a cachaça é uma bebida versátil e de muita
qualidade, ao contrário do que muitos costumavam pensar, que era uma bebida
barata e com teor alcoólico muito forte”, explica o empreendedor Leandro Dias.
Em 2012, Leandro estava no Canadá e
descobriu bebidas produzidas com ouro puro na composição. Foi então que ele
decidiu abrir mão da carreira na área de tecnologia e lançar a única cachaça
com flocos de ouro no mundo: a Middas.
A garrafa clássica de 700ml custa R$327. Já a Middas Reserva dos Proprietários
armazenada em barris de carvalho custa R$437. “Foi uma forma de dar uma cara nova para uma bebida com
anos de estrada”, diz o empreendedor. Com a chegada da pandemia no
ano passado, Dias percebeu que muita gente estava passando mais tempo em casa e
procurando por cursos online para conseguir uma renda extra.
Foi então que no ano passado ele decidiu
criar o curso Lucrando com Bebidas, que ensina como criar a própria marca de
destilado sem ter uma destilaria e com um investimento baixo. “A ideia de criar o curso surgiu depois
de muitas pessoas me contarem que sonhavam em ter a própria marca de bebida,
mas imaginavam que isso era uma realidade distante, que custava muito caro”,
ressalta Dias. O curso também acabou sendo uma opção para quem estava buscando
uma outra fonte de renda por conta da pandemia.
Lançado em maio de 2020, aproximadamente
1.500 alunos já fizeram o curso desde que ele foi lançado, e a expectativa é
conseguir cada vez mais alunos que querem faturar em um setor que consegue se
manter mesmo durante uma pandemia global. “Nós
explicamos tudo de uma forma muito simples e didática, sendo que indicamos
empresas que oferecem preços democráticos para a confecção dos rótulos; quem procurar para
encontrar embalagens mais em conta, enfim, tudo para que o aluno não tenha que
se preocupar com qualquer detalhe”, afirma o empreendedor.
Trocando os computadores pela cachaça
Natural de Cedro, município brasileiro
do estado do Ceará, o empreendedor Hemerson
Moreira Costa trabalhava na área da Tecnologia da Informação
desde 1998. Com a pandemia e o aumento no número de pessoas
trabalhando em casa, o setor de TI registrou alta na demanda, porém, Costa
percebeu que não estava sendo remunerado com o valor condizente com o seu
trabalho, então decidiu largar a carreira de 22 anos na área em dezembro de
2020. “Percebi que no Ceará
não existiam muitas opções de cachaças artesanais, então decidi largar minha
carreira para investir nessa área e preencher essa lacuna”, reforça
o empreendedor.
Costa sempre gostou de beber,
principalmente cachaça e vodka, suas bebidas favoritas, mas não tinha qualquer
critério na hora de escolher um rótulo, então experimentou destilados de
diversas marcas e preços. Foi só em 2004 que ele decidiu conhecer melhor o
universo das cachaças, e descobriu como apreciar e reconhecer uma boa cachaça.
Na tentativa de criar sua própria bebida, ele decidiu buscar informações de
como envelhecer e armazenar cachaça para comercialização.
“Eu imaginava que para ter a própria
marca de cachaça eu teria de pagar uma fortuna e ter um alambique, foi então que
descobri o curso Lucrando com Bebidas”, explica Costa. Após fazer o curso, o empreendedor então
lançou no mercado, no dia 15 de junho desse ano, a cachaça Xerosa. A bebida é
vendida em duas versões: Ouro, que é um blend de bálsamo e umburana, e prata, que
passa um ano descansando em tonel de inox.
A Xerosa é
comercializada em casas especializadas, restaurantes e barracas de praia. O
valor também é um outro diferencial, pois muitos estão acostumados com os
preços das cachaças industrializadas. A prata custa entre R$70 e R$85. Já a
ouro, fica entre R$80 e R$95. “Sempre
que alguém fica com receio de saborear uma cachaça, principalmente nova no
mercado como a Xerosa, eu ofereço uma degustação e explico como a bebida é
saborosa e produzida com qualidade e ingredientes selecionados, com o objetivo
de acabar com o preconceito que alguns ainda costumam ter”,
finaliza o empreendedor.
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