Jornada LGPD: dicas valiosas de como a empresa deve proceder para evitar aborrecimentos
Apenas 30% das empresas brasileiras estão totalmente em conformidade com a lei, segundo pesquisa da E-commerce Brasil
Foto: Ricardo Mesquita -- especialista em segurança da informação e gerente de TI na Howden Harmonia Corretora de Seguros, |
Em
vigor desde agosto desse ano, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) tem
causado alguns transtornos nas empresas para colocar em prática os processos
internos, necessários para a adequação. Agora, as instituições podem sofrer
sanções financeiras caso descumpram a lei, gerando uma verdadeira corrida
contra o tempo.
Segundo
Ricardo Mesquita, especialista em segurança da informação e gerente de TI na
Howden Harmonia Corretora de Seguros, pouco se fala no que realmente importa
ser feito. “É necessário fazer uma relação entre as exigências da lei e o que
as empresas precisam providenciar, antes mesmo de falarmos em LGPD”, explica.
Ainda
de acordo com o especialista, as empresas devem focar em três pilares para se
organizar internamente: Segurança cibernética, Governança e Documentação da
lei.
Mais
do que nunca, as empresas precisam investir na segurança de seus ambientes
computacionais, implementando ou melhorando seus firewalls, softwares de
antivírus, programas de monitoramento em tempo real de todo o ambiente de rede,
links de internet, sistemas de backup e sistemas de contingência, pois paradas críticas
em casos de invasões e vazamentos de dados podem deixar a empresa vulnerável.
“A segurança cibernética é o primeiro passo para proteger os dados e evitar a
exposição inadequada dos mesmos”, informa Mesquita.
A
Governança estabelece políticas claras de segurança da informação, como
procedimentos de acessos a ambientes críticos, políticas de descarte de
informações e de senhas, criptografia e controle de atualizações de segurança
dos sistemas operacionais. “Esses são alguns dos documentos necessários para
manter todo o ambiente informático sob controle, pois de nada adianta que as
empresas tenham um aparato tecnológico moderno sem a gestão adequada”,
esclarece.
Ainda
de acordo com Mesquita, a implementação da governança de segurança em uma
empresa não é simples, por isso “é recomendável contratar uma consultoria
especializada para adequá-la ou seguir um framework - biblioteca de melhores
práticas -, como a ISO 27001, entre outros, que podem ajudar a reunir os
documentos para aplicar a governança”.
Uma
recomendação importante é que haja um ‘casamento’ entre o hardware e software
implementados, com instruções a todos os colaboradores sobre como utilizar os
sistemas, como proceder em casos de emergências, quem deve ser acionado e quais
são os caminhos para uma possível retomada em casos de perda de dados e ataques
cibernéticos.
O
terceiro pilar é a documentação da LGPD, última etapa deste início de adequação
das empresas. “É fundamental que haja a definição de um comitê de privacidade,
com a nomeação de um Encarregado de Proteção de Dados (ETD) e que seja feito o
mapeamento de todos os processos internos de segurança”, diz Mesquita.
Ele
complementa ainda, dizendo que “vale observar que as certificações existentes
no mercado, como as ISO 27000, podem acelerar este processo, embora não sejam
exigidas pela LGPD. Além de diminuir o nível de dificuldade da implementação,
elas ajudam no entendimento dos funcionários, que precisam mudar de
comportamento, o que nem sempre é uma tarefa fácil”.
O
especialista dá algumas dicas valiosas de procedimentos necessários e inerentes
às etapas de adequação, já que algumas situações podem acontecer a qualquer
momento e é preciso saber o que e como fazer.
1)Quais são as
práticas que devem ser evitadas pelos funcionários no dia a dia para a não
exposição de dados?
O
que não fazer: deixar dados expostos em papel ou em bilhetes, receber dados
pessoais via Whatsapp, e plataformas de streaming (Meet, Zoom, Teams, etc), por
e-mail, em planilhas eletrônicas sem senha, ou qualquer outro meio sem a
permissão do dono da informação. É necessário ainda garantir a destruição dos
dados pessoais, se assim for solicitado.
2) O que fazer em
caso de emergência, como uma invasão ou falha de segurança?
A
lei é bastante clara nesse sentido: o encarregado de proteção de dados da
empresa deve comunicar imediatamente a Autoridade Nacional de Proteção de Dados
na evidência de um vazamento de informações, sensíveis ou não, sendo que para
isso há um documento que deve ser preenchido para informar as evidências, a
natureza e o volume dos dados, entre outras informações necessárias.
3) Quais são os
documentos LGDP que as empresas precisam ter?
Existem
cerca de 30 documentos, processos e formulários que as empresas precisam ter
para estarem adequadas à LGPD. Um deles é o Aviso Geral de Privacidade e
Proteção de Dados Pessoais, que deve constar no site da empresa.
O
Comitê de Privacidade, formado por profissionais para dar apoio ao encarregado
de Proteção de Dados (DPO), também deve ser informado e estar contido em um
estatuto, para que todos saibam quem são os responsáveis pela Segurança
Cibernética.
É
preciso estabelecer as políticas de gravação de dados, de compartilhamento de
dados, de resposta a incidentes e preparar um questionário para fornecedores e
parceiros, que também devem estar em dia com a segurança da informação.
Em
caso de perda de dados ou invasão, a empresa deve preparar o Relatório de
Impacto de Proteção de Dados, documento que precisa ser entregue à Agência
Nacional de Proteção de Dados, caso exista qualquer perda ou invasão.
É
importante ressaltar que toda a equipe de funcionários precisa ser treinada
para que fique claro para a auditoria que a empresa está comprometida com a
proteção dos dados.
Poucas
empresas se prepararam para a implementação da LGPD e, com a pandemia, alguns
processos sofreram atrasos. O home office e os procedimentos inerentes ao
trabalho remoto tornaram a necessidade de investir em segurança cibernética
ainda maior, reforçando a adequação à lei.
Um exemplo a ser
seguido
Para
atender às exigências da LGPD, Mesquita explica como foi o processo de
adequação que permitiu a Howden Harmonia estar à frente e se adequar antes do
término do prazo estipulado. “Os procedimentos tiveram início em meados de
2019, quando foi contratada uma consultoria especializada para nos auxiliar na
construção do projeto de adequação à lei. Nesse período foi criado o Comitê de
Privacidade e nomeado o encarregado de proteção de dados. Também foi elaborado
o portal de repositório de informações, para mapear todos os processos, além de
providenciarmos toda a documentação com políticas e procedimentos ajustados aos
processos da empresa. Foi necessário adquirir equipamentos de segurança e
softwares de gestão para a realização de processos internos, além da realização
de um treinamento para todos os colaboradores sobre os procedimentos para
proteção dos dados e segurança da informação” detalha o especialista.
A
empresa está em constante auditoria da matriz, em Londres, que auxiliou na
implementação da governança de segurança da informação, o que elevou o Score de
segurança ao patamar desejado pela sede da Howden Harmonia.
Sobre Ricardo
Mesquita:
Ricardo
Mesquita é gerente de TI, especialista em segurança da informação,
infraestrutura de redes e proteção de dados pessoais. É tecnólogo em
processamentos de dados pelo Colégio Pentágono e bacharel em administração de
empresas pela Universidade Metodista de São Paulo. É Certificado em Data
Professional Officer, gestão de segurança de rede, ITILv2 , PCI e System Engineer
pela Microsoft. Mesquita atua no mercado de tecnologia há mais de 30 anos,
tendo em seu histórico profissional passagens por empresas como Volkswagen do
Brasil, Microsoft, Telemar, SAP, Banco Itaú, nas áreas de TI, Negócios,
Estratégia e Operações de Risco envolvendo Sistemas Críticos.
Howden Harmonia
Corretora de Seguros
A Howden Harmonia nasceu da fusão entre o Grupo Howden, maior grupo de corretores independentes do mundo, e a Harmonia Corretora de Seguros, que há 40 anos no mercado brasileiro foi pioneira na prestação de serviços de consultoria e administração de riscos. Hoje, a Howden Harmonia é uma das maiores corretoras do país e conta com presença em São Paulo, Campinas, Poços de Caldas e Blumenau. Sua atuação é focada nas áreas de Grandes Riscos e Gestão de Benefícios, mantendo parcerias com as principais seguradoras e operadoras do mercado para garantir o melhor atendimento aos seus clientes, nacionais e multinacionais.
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