Reaprender movimentos é possível para quem sofreu AVC
Syomara Cristina Szmidziuk*
Quando nós, terapeutas, encontramos
soluções para melhorar a vida dos pacientes, ganhamos o dia. Foi o que
aconteceu comigo ao conhecer os fundamentos do Método Perfetti (ou reabilitação
neurocognitiva), baseado no processo de reaprendizagem dos músculos.
O método foi criado pelo neurologista e
psiquiatra italiano Carlo Perfetti nos anos 1970, e tem como objetivo melhorar
a qualidade dos movimentos de cada paciente de forma personalizada. Não apenas
recuperá-los, mas melhorá-los e aprimorá-los com o passar do tempo. É preciso
ir muito além, com coragem e determinação da equipe de terapeutas e do próprio
paciente e sua família.
Se um paciente sofre uma lesão
neurológica como o AVC, por exemplo, é comum que sua recuperação envolva
exercícios para estimular, fortalecer e alongar os músculos. Mas para que a
reabilitação seja efetiva, é preciso reeducar o próprio cérebro, ou seja,
ativar as áreas cognitivas relacionadas a cada músculo.
A relação dos nossos músculos com essa
incrível máquina que é o cérebro vai muito além do que conhecemos, e tem sido
inspirador entrar um pouco mais a fundo nesse tema. Isso porque todo o conceito
Perfetti está baseado em ativar áreas do cérebro e suas conexões para gerar
movimento. E como fazer isso?
Por meio do reaprender – aprender de
novo a usar determinadas áreas da mente; pela reorganização de movimentos.
Assim, a atividade dirigida permite criar estratégias para que o cérebro grave
essa nova informação, de forma ativa e duradoura.
Uma das técnicas utilizadas é o
reconhecimento de posição, em que o paciente está de olhos fechados e reaprende
a conectar músculo e pensamento. Não apenas as funções musculares são
reativadas paulatinamente, mas também as capacidades cognitivas como a atenção,
a percepção, a memória, a imagem motora e a resolução de problemas.
Só assim é possível reintegrar a relação
entre corpo e mente e recuperar as habilidades que foram perdidas com a lesão
ou doença. O Perfetti é sempre aplicado por um terapeuta e utiliza exercícios e
objetos do cotidiano, adaptados para que o paciente possa interagir com eles.
Por isso, cada exercício pensado na
Terapia Ocupacional é personalizado, e não existem receitas prontas. As
transições do paciente irão ditar os próximos passos. Feliz em poder ajudar!
* Syomara Cristina Szmidziuk atua há 31 anos como terapeuta
ocupacional, e tem experiência no tratamento e reabilitação dos membros
superiores em pacientes neuromotores. Faz atendimentos em consultório
particular e em domicílio para bebês, terapia infantil e juvenil, para adultos
e terceira idade. Desenvolve trabalho com os métodos RTA e terapia da mão,
e possui treinamento em contenção induzida, Perfetti (introdutório), Imagética
Motora (básico), Bobath e Baby Course (Bobath avançado), entre outros.
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