Vetar obrigatoriedade da transferência de tecnologia foi decisão acertada, afirma Interfarma
Para Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da entidade, vetos realizados pelo Presidência da República ao texto do PL 12/2021 precisam ser mantidos pelo Congresso Nacional
O Presidente da República, Jair
Bolsonaro, vetou parcialmente, por contrariedade ao interesse público, o
Projeto de Lei 12/2021, que altera a Lei de Propriedade Industrial e dispõe
sobre o licenciamento compulsório de patentes nos casos de emergência nacional,
na noite desta quinta-feira (2). O texto agora deverá ser reavaliado pelo
Congresso Nacional, que poderá manter ou derrubar os vetos. Para a presidente
da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), Elizabeth de
Carvalhaes, a decisão de vetar a obrigatoriedade de transferência de tecnologia
e a possibilidade de o Congresso conceder licença compulsória foram corretas.
“A obrigatória transferência de
tecnologia e know-how dos titulares cuja patente foi alvo de licença
compulsória era algo impensável. Obrigar a divulgação de segredos industriais é
violar o art. 39 do TRIPS que garante ao inventor proteção às informações
confidenciais e aos segredos de negócio. Essa obrigação geraria incontornável
desbalanceamento ao sistema de proteção de propriedade intelectual. Por isso, o
setor avalia como acertado o veto presidencial a essa obrigatoriedade”, explica
a executiva.
O Presidente Jair Bolsonaro vetou ainda
o artigo que previa a possibilidade de o Congresso Nacional emitir licenças
compulsórias. Para a entidade, que representa 50 laboratórios farmacêuticos
multinacionais de pesquisa, permitir ao Parlamento tal possibilidade seria
abrir a discussões políticas e subjetivas a tomada de decisão técnica de responsabilidade
dos órgãos pertinentes. “Não há precedente internacional que permita ao
Parlamento a emissão de licenças compulsórias. Uma patente não é para ser
comercializada, determinada ou passar por uma licença compulsória em um
ambiente de debate altamente aberto como o Congresso Nacional que todo mundo
pode opinar”, diz Elizabeth.
Elizabeth ressalta ainda que apesar da
motivação dos parlamentares ao propor o PL12/2021 ter sido a emergência
sanitária causada pela Covid-19, o resultado poderia ser insegurança jurídica e
desestímulo para futuros investimentos e parcerias comerciais estratégicas,
como as já realizadas por laboratórios farmacêuticos de pesquisa em relação às
vacinas contra a Covid-19. “Os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento em
novos medicamentos e vacinas no país poderiam ser afetados. A mudança de regras
no licenciamento compulsório como proposto pelo Congresso Nacional pode
justamente atrapalhar o enfrentamento da pandemia por aqui. Por isso, nosso
trabalho agora será para que os parlamentares mantenham os vetos realizados
pelo presidente da República, já que são pontos extremamente preocupantes para
o setor farmacêutico”, finaliza.
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