Boa gestão de pessoas ajuda a reduzir o déficit de profissionais de TI
*por Rodrigo Schittini, CEO da Guiando
O desequilíbrio entre oferta e demanda
de profissionais de tecnologia tem movimentado o mercado. Isso vem sendo
potencializado, principalmente, pela aceleração da transformação digital nas
empresas durante a pandemia.
A fim de solucionar o problema, várias
companhias de grande porte têm optado por adquirir negócios de core
tecnológico. Já nas startups e PMES, a aposta tem sido a formação de devs e
outros profissionais da área dentro de casa.
Ambas as soluções podem ser bem
sucedidas e devem ganhar mais força nos próximos meses. Mas a cada dia fica
mais evidente que resolver esse problema tem a ver com uma estratégia muito
maior dentro das empresas, que envolve a ressignificação da cultura
organizacional e gestão de pessoas.
Isso porque o déficit de profissionais
de tecnologia tem raiz em fatores diversos, que passam não só pelo descompasso
entre a pressa da inovação e os gaps na educação, mas também por uma
transformação profunda do perfil dos profissionais no mercado de trabalho ao
longo desses 18 meses de crise e home office.
Prova disso são movimentos como o que
tem sido chamado de ‘Great Resignation’, uma onda de demissões voluntárias nos
EUA motivadas pela conquista de mais dinheiro e flexibilidade. Segundo o
Departamento do Trabalho americano, só em agosto, cerca de 3% de toda a força
de trabalho do país deixou o emprego.
De acordo com o relatório especial
“Edelman Trust Barometer 2021: The Belief-Driven Employee”, que entrevistou 7
mil trabalhadores de sete países diferentes - incluindo o Brasil -, os
profissionais estão mais atentos e exigentes à sua posição dentro das empresas
e à postura das companhias frente aos desafios do mundo. Muitos se recusam a
colaborar com indústrias que enxergam como imorais ou onde questões sociais e ambientais
ainda não têm a importância devida.
Segundo o estudo, 61% dos entrevistados
priorizam valores e crenças na hora de escolher, deixar, evitar ou considerar
vagas no mercado. Além disso, para 60%, os colaboradores agora têm mais poder
para evocar mudanças dentro do ambiente de trabalho do que antes da pandemia.
Eles se tornaram o principal stakeholder das companhias, à frente de
investidores e até dos consumidores.
Os empreendedores e líderes precisam se
apegar a essa “virada de chave” dos profissionais daqui para frente, caso
contrário, será difícil manter estável o turnover de colaboradores. E isso
envolve, além do investimento na agenda ESG, boas práticas de gestão de
pessoas. Podemos resumir em duas palavras: people first.
Nos processos seletivos, já se observa
uma maior ênfase nas soft skills do que hard skills. Outra boa prática é
estimular o desenvolvimento de novas habilidades, como as ligadas à liderança.
Faz todo sentido atrair e engajar talentos dentro de sua própria cultura
organizacional e investir na geração de valor para essas pessoas.
O colaborador sente mais conexão com o
negócio, alimenta uma perspectiva de carreira e, no futuro, terá mais chances
de se tornar um líder exemplar. Afinal, o mundo - e a sua empresa - precisa de
lideranças mais jovens, diversas e conscientes em relação aos desafios da
humanidade.
Essas são soluções intrinsecamente
ligadas à nova realidade do trabalho e o novo perfil de profissional, que acima
de tudo, busca propósito no que faz. Se queremos um futuro cada vez mais
digital, com gente capacitada e cheia de vontade, precisamos, em primeiro
lugar, contemplar as demandas e desejos das pessoas.
*Rodrigo Schittini é formado em Administração e esteve em cursos de Empreendedorismo e Estratégia em Stanford e no Insper. É CEO e fundador da Guiando, referência e pioneira em T.E.M. (Telecom Expense Management) no Brasil. Desde 2018, com sua solução de automação inteligente do Contas a Pagar, o nexinvoice®️, também transforma digitalmente o financeiro de empresas como Grupo Boticário, Localiza, Prosegur, Stellantis, Grupo Ânima, Whirlpool, entre outras 90 grandes empresas do país.
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