Crise energética: entender o passado para preservar o presente
A proximidade de uma crise energética trouxe de volta aos brasileiros questões com as quais não nos preocupávamos desde 2001. A série histórica mostra que a estiagem tem ficado mais intensa nos últimos anos no Brasil.
Renato Diniz*
A proximidade de uma crise
energética trouxe de volta aos brasileiros questões com as quais
não nos preocupávamos desde 2001, ano marcado por uma política de redução
compulsória do consumo de energia elétrica. Cinco estados brasileiros enfrentam
o que já é considerada a pior seca em 91 anos, de acordo com um comitê de
órgãos do governo federal, que emitiu pela primeira vez na história um alerta
de emergência hídrica para o período de junho a setembro.
Mesmo que os termos 'energia' e
'saneamento' pareçam distantes entre si, eles estão estritamente ligados. A
geração de energia, sobretudo no Brasil, usa a fonte hídrica. O saneamento é
justamente a água que se usa e se devolve ao meio ambiente. É necessário ter
consciência de que a água não é só utilizada para banho ou para café em casa. A
sociedade humana usa este recurso no comércio, indústria, agropecuária e em
muitos outros locais. Como é um recurso finito, temos que saber utilizar.
E não é apenas a seca atual que preocupa
os pesquisadores, mas a série histórica que mostra que a estiagem tem ficado
mais intensa nos últimos anos no Brasil. A falta de chuva é intensificada pela
ausência de floresta, decorrente também do desmatamento na Amazônia. A
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apresentou uma proposta de
campanha de conscientização do uso eficiente da energia elétrica. O objetivo é
sensibilizar a população quanto à responsabilidade do consumo consciente de
energia, apresentando orientações sobre as condições de geração de energia
elétrica e o consumo consciente para evitar desperdícios.
Em meio a uma crise hídrica e
energética, percebemos que o planejamento é essencial. E este deve ser
governamental, envolvendo os três níveis: municipal, estadual e federal. E além
disso, deve ser democrático, isto é, levar em conta todos os grupos sociais e
todos os tipos de usos da água feitos pela sociedade. Ninguém faz
planejamento sem história. Não podemos planejar o futuro sem entender o
passado.
Um dos principais compromissos da
Fundação Energia e Saneamento é trabalhar com educação ambiental. Mostrar ao
público, principalmente escolar, que é necessário preservar o recurso natural
para preservar a vida da população. Desde sempre, mas sobretudo neste momento
atual em que estamos vivendo, consideramos que conversar e instruir as gerações
sobre isso é fundamental.
*Renato Diniz, Presidente do
Conselho de Administração da Fundação Energia e Saneamento.
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