Embrapa anuncia estudo do Gigante Boliviano em consórcio com Braquiária e Panicum
Cooperação técnica
firmada com a Latina Seeds e Fundapan prevê pesquisas em Dourados (MS) e Jateí
(MS). Objetivo é encontrar melhor combinação para produção de silagem e pastejo
direto na entressafra.
Parceria Embrapa Agropecuária Oeste e Latina Seeds - foto por Rafael Zanoni Fontes
Um esforço
científico conjunto entre a Embrapa, a Fundação de Apoio à Pesquisa
Agropecuária e Ambiental (Fundapam) e Latina Seeds, começa a identificar as
melhores alternativas de cultivo do Sorgo Gigante Boliviano em consórcio com
capins (gêneros Braquiária e Panicum) para alimentação de bovinos na
entressafra. O acordo tornou-se oficial esta semana com a publicação do extrato
de cooperação técnica no Diário Oficial da União (em 25.10.21).
O projeto
“Sorgo com Forrageiras para Intensificação da Produção” tem o período de
execução compreendido entre outubro de 2021 e agosto de 2023. O objetivo final
é desenvolver um novo sistema produtivo envolvendo o sorgo AGRI 002E, que
chegou ao mercado brasileiro em 2017 e rapidamente caiu no gosto do pecuarista,
ganhando o nome popular de Sorgo Gigante Boliviano (o híbrido passou por mais
de uma década de pesquisas de desenvolvimento na Bolívia e a altura da planta
supera facilmente os cinco metros).
A ideia é
avaliar a melhor combinação do “Gigante” com forrageiras perenes visando a
produção de silagem e renovação de pastagens. A parceria quer identificar
soluções de consórcios para áreas argilosas e arenosas, tudo objetivando a
intensificação da produção pecuária no Brasil. O projeto envolve equipe técnica
e recursos da Embrapa e da Latina Seeds. A Fundapam, por sua vez, fica
encarregada da gestão dos aportes.
A pesquisa
está concentrada em duas áreas em Mato Grosso do Sul: uma na Embrapa
Agropecuária Oeste, em Dourados (solo argiloso) e outra no município de Jateí
(mais ao sul do Estado), graças a uma parceria com o Sítio Cantinho do Céu
(solo arenoso). Relatórios técnicos estão previstos para serem divulgados em
abril e julho de 2022 (resultados parciais) e em março de 2023 (resultados
finais).
De acordo
com o diretor executivo da Latina Seeds (empresa de desenvolvimento, produção e
comercialização de sementes híbridas de milho e sorgo), Willian Sawa, nesta
cogeração de tecnologia o “Gigante” poderá potencializar todos os seus
principais predicados. Dentre os quais ele ressalta a alta produtividade (mais
de 100 t/ha em até três cortes), tolerância ao estresse hídrico, reduzida
suscetibilidade a doenças e pragas, qualidade bromatológica e versatilidade:
“Muitos produtores brasileiros usam este nosso sorgo não só como alimentação
eficiente para os bovinos, mas também como ferramenta para restruturação de
solos, reforma de pastagens, na geração de bioenergia e até como elemento
fertilizador”. Toda a base genética da Latina Seeds, origem do Sorgo Gigante
Boliviano, está alicerçada no programa global denominado Agricomseeds.
Resgatar
áreas degradadas
A
incorporação produtiva de áreas com pastagens degradadas é, segundo o
chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Harley Nonato de
Oliveira, desafio emergencial para a agropecuária brasileira. Segundo ele, a
pesquisa com o Sorgo Gigante Boliviano pode desenvolver soluções que ataquem
diretamente este problema: “Temos convicção de que a experiência da Embrapa em
sistemas de produção integrados, aliada ao material genético de um sorgo
diferenciado e à atuação forte no mercado da Latina Seeds, enfrentará este
desafio e permitirá que, em breve, os pecuaristas tenham à sua disposição uma
alternativa interessante para recuperar a capacidade produtiva de suas terras”,
projeta.
A
pesquisadora líder do projeto pela Embrapa Agropecuária Oeste, Marciana Retore,
se mostra bem otimista com as possibilidades versáteis que um consórcio Sorgo
Gigante Boliviano/gramíneas pode trazer para a pecuária brasileira: “Uma das
principais vantagens do uso deste sorgo é a rebrota, que permite mais de um
corte para a produção de silagem, reduzindo os custos de produção. Além disso,
ele tem maior tolerância ao estresse hídrico, baixo custo para produção de
silagem e menor demanda por nutrientes, em relação ao milho, podendo ser uma
boa alternativa para as regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil.
Sobre a pesquisa, Marciana detalha um pouco mais o que será avaliado a campo: “O sorgo é uma das poucas culturas que possui todos os requisitos para que o processo fermentativo do material ensilado ocorra de maneira ideal, sem necessidade de aditivos. No entanto, não se conhecem as características fermentativas da silagem quando se aumenta a participação do capim no material. Após a colheita da rebrota do sorgo, será avaliada a formação e qualidade da pastagem”.
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