Três fundamentos para uma boa governança da inovação
*por Claudia Elisa Soares
Você já foi invadido por uma “agonia
pela inovação”? Sabe aquele sentimento de ansiedade, ao ver tantas tecnologias,
negócios e gadgets novos? Por onde vamos, tropeçamos em startups e somos
impactados por soluções e dispositivos altamente tecnológicos. Olhamos para o
mundo e vemos que há 5 bilhões de pessoas usando celulares e 4,5 bilhões na
internet. Não demora a sentirmos o tal "comichão" da inovação. Então,
pensamos no nosso negócio e chegamos à conclusão: se quisermos mesmo encontrar
toda essa gente conectada, então precisamos de uma transformação digital. E é
para ontem.
Quando essa agonia pela inovação ataca a
diretoria da empresa, temos um primeiro passo importante que é a constatação da
necessidade de novos processos ou produtos, por exemplo. Isso é ótimo. Mas como
é que esse desejo pela inovação se transforma em ação prática no dia a dia da
empresa? Isso só é possível a partir da construção de uma boa governança da
inovação. E para ser, de fato, uma “boa” governança, ela precisa ser baseada
em, pelo menos, três fundamentos:
1 - Ter claro o que é inovação para aquele
negócio
Não adianta saber de cor o conceito de
inovação, se a diretoria e o conselho administrativo de uma empresa não
souberem o que é inovação para o seu negócio. Isso precisa ser definido no
planejamento estratégico e deve estar claro para todos. Aquela empresa deseja
inovar na estrutura organizacional? Nos produtos ou serviços? Ou, quem sabe,
seu objetivo é inovar com a aquisição de tecnologia de ponta ou no seu
posicionamento global?
Essa definição é vital para a condução
de uma governança da inovação. Mas, ela não precisa ser imutável. Afinal,
diferentes momentos do negócio, assim como diferentes níveis de maturidade
podem modificar a direção e a amplitude da busca por inovação da empresa.
2 - Definir os objetivos de inovação
Depois que a liderança estabelece seu
conceito de inovação, o passo seguinte para garantir uma boa governança nessa
área é a definição de objetivos claros. Nesse momento, a diretoria e o conselho
devem especificar as ações, além de outros detalhes como o prazo para implementá-las
e o aporte financeiro a ser feito em cada ação.
Dependendo do grau de maturidade do
negócio, esse processo pode ser mais aprofundado, indo além da simples
documentação dos objetivos. Eles ganham, então, status de propósito e são
internalizados na cultura da empresa. Nesse caso pode-se, inclusive, discutir a
criação de programas que vão viabilizar esses objetivos a partir da revisão da
estrutura organizacional.
3 - Ter uma liderança livre de
ruídos
Por fim, uma boa governança da inovação
se faz com uma liderança saudável e livre de alguns ruídos que atrapalham a
comunicação e a tomada de decisão. Um exemplo de interferência negativa na
liderança é a ausência de diversidade. Lembre-se: ter as mesmas conversas com
os mesmos interlocutores é uma armadilha. Uma liderança diversa é primordial
para a construção de diferentes perspectivas, que levam à inovação.
Outro ruído comum na liderança é a falta
de confiança entre os diretores e conselheiros. Esse é um tema que passa um
pouco despercebido por ser do campo das relações humanas, mas a verdade é que
ele é um fator chave, que fará toda a diferença na governança da inovação. É
preciso incentivar a atitude positiva em relação ao outro, a fim de diminuir
julgamentos e aumentar a empatia. Líderes que se sentem aceitos e respeitados
na mesa de decisão tendem a contribuir com mais liberdade e inovação.
Depois de conhecer esses fundamentos,
talvez você queira saber: eles ajudarão a acabar com a agonia pela inovação?
Isso eu não posso prometer. Afinal, se existisse ainda um quarto fundamento
para uma boa governança da inovação, ele seria, sem dúvida, o tal comichão : o
desejo constante e incansável pelo novo.
Sobre
a Claudia
Com
mais de 30 anos de experiência profissional, atualmente é Conselheira
Empresarial no IBGC, Even, Tupy SA, Grupo Roldão Atacadista, Grupo Cassol,
Bernoulli e Gouvêa Ecosystem, liderando Comitês de Estratégia & Inovação e
de Pessoas. Atua também como Advisor e Mentora de Scale-ups, Empreendedores e
Executivos.
Já atuou como C-level em
Finanças, Gestão da Qualidade Total, RH, Marketing, Planejamento Estratégico,
M&A e Desenvolvimento de Novos Negócios, em empresas como FNAC, GPA, Via
Varejo, AMBEV, Votorantim Cimentos, EMS, entre outras.
Formada em administração de
empresas, com MBA no INSEAD, Claudia Elisa fez diversos cursos de extensão e
aperfeiçoamento em Harvard, INSEAD, MIT, IBGC, FIA, Tavistock Institute,
MindValley e outros.
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