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Alexandre Barcelos da ArcelorMittal é eleito “Executivo de Finanças de 2021” do IBEF-MG

Alexandre Barcelos Divulgação Arcelor Mittal

Alexandre Augusto Silva Barcelos, vice-presidente Corporativo de Finanças e TI da ArcelorMittal Brasil, foi escolhido como o “Executivo de Finanças de 2021- Troféu Equilibrista”, em votação realizada por executivos e associados do Instituto Brasileiro de Finanças de Minas Gerais (IBEF-MG). O prêmio, um dos mais importantes do segmento de Minas Gerais, realizado desde 1986, chega a sua 36ª edição em 2021.

Barcelos tem formação em Ciências Contábeis pela PUC-MG, pós-graduação em Gestão Estratégica pela UFMG, MBA pela Fundação Dom Cabral, pós-MBA pela Kellogg School of Management/FDC e Duke/ArcelorMittal University.

Iniciou a carreira como auditor na KPMG até a posição de Gerente Sênior. Ingressou no Grupo ArcelorMittal em 2005, chegando à posição de gerente-geral de Controladoria da Aperam. Desde 2009, ocupa cargos de liderança na ArcelorMittal Brasil nas áreas de Contabilidade, Tributário, Tesouraria, Controladoria Corporativa entre outras, assumindo, em 2018, como vice-presidente corporativo de Finanças e TI.

Nessa entrevista, Barcelos conta um pouco de sua trajetória profissional, faz uma análise do atual momento econômico do Brasil e de suas expectativas para a economia em 2022.

 

1-Alexandre, fale um pouco sobre a sua trajetória profissional e os principais desafios enfrentados ao longo de sua carreira e atualmente na ArcelorMittal?

Iniciei minha carreira no mundo empresarial em 1992, como trainee na KPMG Auditores, onde permaneci por 13 anos até a posição de Gerente Sênior. Quando iniciei na KPMG, tinha 21 anos e ainda estava cursando Ciências Contábeis na PUC-MG no período noturno. A carreira de auditor é bastante desafiadora e exige muita dedicação. Além dos conhecimentos técnicos que se adquire rapidamente por meio de treinamentos intensivos e “on the job”, visto a oportunidade de conhecer negócios e processos diversos, o auditor tem acesso muito rápido a profissionais experientes e destacados das organizações, fato que nem sempre ocorre na mesma velocidade em outras carreiras. Aproveitei muito meu tempo na KPMG, toda minha base técnica e o network adquiridos foram fundamentais no desenvolvimento da minha carreira.

Em 2005, iniciei minha trajetória no Grupo ArcelorMittal. Ocupei várias posições no Grupo, inicialmente na Aperam (nesta época Acesita), onde tive uma passagem de muito aprendizado. Tenho um carinho muito especial pela Aperam e pelas pessoas com as quais convivi por cerca de três anos. Já na ArcelorMittal Brasil, a partir de 2009, minha carreira deslanchou. Tive a oportunidade de conhecer pessoas com profundo conhecimento técnico, liderança e valores inquestionáveis, muitas delas ainda no Grupo. A ArcelorMittal é uma empresa incrível para se trabalhar, onde podemos desenvolver nosso potencial ao máximo. Tenho muito orgulho de fazer parte da ArcelorMittal.

Tive muitos desafios ao longo da carreira, sejam técnicos ou de gestão. O mais importante é que sempre consegue equilibrar muito bem os desafios do trabalho e a vida pessoal, por mais difícil que seja em alguns momentos. Outro ponto importante é a valorização das pessoas. Sempre busquei humanizar as relações no trabalho. Um grande desafio atual é a transformação digital nas empresas e em especial na área financeira. Na ArcelorMittal Brasil estamos fortemente engajados nesta jornada. Da mesma forma em que somos responsáveis com a agenda ESG (meio ambiente, social e governança), devemos também ser responsáveis digitalmente com as pessoas, preocupando com a “reskilling” (requalificação) de nossos profissionais/parceiros, capacitando-os para o novo mundo que já estamos vivenciando.

 

2-Como foi receber o anúncio do prêmio e qual a importância dele para sua carreira? 

Quando fui informado pelo Conselho do IBEF-MG sobre minha indicação, fiquei extremamente feliz. No mesmo dia, com minha esposa Sandra Barcelos, refletimos o quanto este prêmio coroa minha dedicação ao longo dos meus 32 anos de carreira, relembrando o início no escritório de contabilidade do meu pai, Jésus Barcelos.

Tenho como hábito, periodicamente, fazer um café (nesses tempos de pandemia café virtual) com todos os profissionais das áreas que estão sob minha responsabilidade, seja do gerente geral ao estagiário. Nessas ocasiões, destaquei diversas vezes que esforço, responsabilidade e ética sempre foram o diferencial da minha atuação profissional e me trouxeram até aqui. Aspectos como conhecimento técnico e network são obviamente importantes em qualquer atividade, mas nunca sem dedicação e compromisso.

 

3- Diversas empresas precisaram se reinventar durante a pandemia global pela Covid-19. Como foi a condução e qual a importância da área financeira durante esse período desafiador?

Em meados de fevereiro de 2020, recebi ligação do CFO global do Grupo ArcelorMittal me perguntando como estavam as nossas operações no Brasil, em especial nosso caixa, inadimplência entre outras perguntas de praxe de uma área financeira. Respondi que estava tudo sob controle e que o ano tinha iniciado muito bem, acima das nossas expectativas. Ele disse para nos prepararmos, pois a situação da pandemia tinha se agravado fortemente na Europa e advertiu que em duas ou três semanas o cenário provavelmente se replicaria no Brasil.

Infelizmente ele estava certo. No dia 18/03/2020, adotamos o modelo de home office para todos os funcionários que podiam trabalhar remotamente. Implementamos rigorosas medidas para garantir a saúde e a segurança dos empregados e, ao mesmo tempo, prevendo uma redução na demanda de nossos produtos, começamos a discutir medidas para redução de produção com suspensão de atividades, redução de custos e proteção do caixa. Ativamos nossos comitês de crise e tínhamos reuniões diárias da diretoria local e mundial para discussão das ações. Foram momentos tensos e de incertezas, pois era algo completamente novo para todos nós. No financeiro, tivemos a missão de preservar o caixa, mas ao mesmo tempo monitorar a situação da nossa cadeia de clientes e fornecedores. Trabalhamos na ampliação das linhas de crédito de capital de giro (para nós, mas também para serem usadas por nossos parceiros). Projetamos cenários diversos para avaliar os impactos de redução de custos, vendas, caixa, câmbio, etc. Foram cerca de três meses de muito trabalho de toda empresa na busca de soluções para o momento delicado que o mundo passou.

Como legado da pandemia, aprendemos muito no gerenciamento de crises e evoluímos bastante na transformação digital (talvez 5 anos em 1). Fortalecemos nosso processo de comunicação interna com canais virtuais bastante efetivos. No caso de viagens corporativas, por exemplo, descobrimos quanto tempo perdíamos para uma reunião de 1 hora que podemos facilmente fazer por vídeo. Essas facilidades já foram incorporadas ao nosso dia a dia, gerando maior produtividade das nossas atividades.

Pelo lado pessoal, descobrimos que temos uma casa e quão aconchegante e funcional ela precisa ser; voltamos para a família; redescobrimos os pequenos prazeres com os hobbies muitas vezes esquecidos por falta de tempo. Acredito que algumas mudanças que aconteceram na sociedade serão perenes e efetivamente mudaram a forma como nos relacionamos.

 

4- Como avalia o atual momento do país? O que precisamos fazer para o país voltar a crescer de forma sustentável?

Após a forte retomada do pós-pandemia em 2020 e que estamos ainda vivenciando em diversos setores da economia brasileira, o Brasil se encontra em um momento delicado de turbulência política em função da antecipação da campanha eleitoral de 2022. Independentemente de quem vença as eleições, tenho convicção que evoluímos como país nas últimas décadas com grandes marcos institucionais que não podemos retroceder, entre eles: reforma trabalhista, reforma previdenciária, autonomia do banco central, lei de responsabilidade fiscal e teto de gastos, marcos regulatórios como saneamento, concessões privadas etc.

Contudo, temos um grande caminho pela frente. Algumas reformas não evoluíram conforme se esperava, notadamente as reformas administrativa e tributária. Esta última, ainda em discussão, evoluiu bastante no debate, com grande engajamento da sociedade civil e governos em todas as esferas federal, estadual e municipal. Temos uma reforma tributária dos impostos sobre o consumo praticamente pronta e não podemos perder o que foi feito. Como formadores de opinião que somos, devemos continuar com este assunto vivo, pois mesmo que não seja possível aprová-lo no Governo/legislatura atual, é importante manter o tema em discussão e pronto para ser aprovado no primeiro ano do próximo Governo. A reforma tributária é um dos maiores entraves para o Brasil deslanchar, um fardo que as empresas precisam carregar e um dos principais fatores do chamado “Custo Brasil”.

Falo isso com experiência prática, pois a burocracia, complexidade e insegurança jurídica do nosso sistema tributário não tem paralelo no mundo. Infelizmente ainda temos que ouvir comentários de colegas de profissão de outros países, que controvérsias tributárias no Brasil é o segundo esporte nacional, atrás somente do futebol.

 

5- Qual a sua expectativa para a economia brasileira e mundial em 2022, ano em que teremos eleições gerais no país?

Continuo confiando no futuro do País. Temos uma economia forte, diversificada, muitos talentos jovens ávidos por aprender e crescer, uma País continental com muitas oportunidades de investimentos, cultura de consumo, além de todo potencial energético, agro e ambiental, que sem dúvida será um diferencial futuro na agenda de descarbonização global. Se soubermos aproveitar bem este potencial, mesmo que em parte, não tenho dúvida que o Brasil terá um futuro promissor.

Tivemos avanços institucionais importantes nos últimos anos no Brasil, que nos leva a acreditar que esta agenda de mudanças deverá continuar no futuro. Nós, como cidadãos, precisamos fazer a nossa parte de forma a criarmos uma consciência coletiva no sentido de pensarmos como Estado. Teremos a oportunidade de mais uma vez exercermos nossa cidadania na eleição de 2022, e que o façamos com consciência e responsabilidade.

O ano de 2022 certamente não será fácil, mas não acredito na possibilidade de uma brusca desaceleração como alguns analistas mais pessimistas têm comentado. Teremos sim bastante volatilidade em decorrência das eleições no Brasil e toda incerteza e especulações normais deste processo, que certamente afetará nossa economia e paralisação da agenda legislativa.

Em âmbito global, estamos em um momento de grande apreensão quanto à China, que vem sendo a grande locomotiva do mundo nos últimos anos, ao lado dos Estados Unidos. Uma redução drástica do crescimento chinês, o que não acredito neste momento, obviamente iria abalar os mercados globais, com forte impacto no Brasil que é um grande exportador de commodities para o mundo e em especial para a China. Por outro lado, temos visto um crescimento relevante da Índia, outra candidata a puxar o crescimento global no futuro.

 

6- Fora do meio corporativo, como é o dia a dia de Alexandre Barcelos?

Sempre busquei equilíbrio entre a vida corporativa e pessoal, o que não é fácil.  Para tanto, tenho alguns hobbies e paixões de que não abro mão. Jogo basquete desde a infância e até hoje pratico nos finais de semana. Com a pandemia, o bate bola no Minas Tênis Clube foi interrompido, mas pretendo retornar em breve. Outro hobby, este mais recente, é o motociclismo. Sempre que a agenda permite, viajo com minha esposa Sandra, que talvez seja até mais apaixonada do que eu com o mundo das duas rodas, mas sempre com muita responsabilidade e segurança. Em 2018, fizemos uma moto-viagem com amigos pela famosa Rota 66 e região dos Canyons americanos que marcou definitivamente a nossa vida.

Outra paixão é o glorioso Clube Atlético Mineiro, que nos últimos anos tem trazido muita alegria para esta sofrida, mas apaixonada legião de torcedores como eu e meus filhos Bernardo e Matheus.

Mas sem dúvida, minha maior paixão, além da minha família, é a nossa casa em um condomínio em Brumadinho, um lugar maravilhoso que frequento desde a infância. A pandemia foi uma tragédia mundial em todos os sentidos, mas me sinto um privilegiado por ter ficado quase dois anos trabalhando de home office em um lugar que eu considero um paraíso verde. Sou muito grato a Deus por isso. 

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