Inteligência Artificial: o que legisladores devem colocar na pauta da regulamentação nacional
Marcio Aguiar*
Tem gente que acha que a inteligência
artificial é coisa do futuro, mas a realidade é que esta tecnologia já faz
parte do nosso dia a dia há muitos anos, seja em recomendações na próxima série
a assistir no streaming de preferência ou nas câmeras inteligentes que auxiliam
motoristas a estacionar o carro. Sua definição surgiu faz tempo, por volta dos
anos 50, mas de lá para cá, a sociedade mudou bastante e a IA ganhou força em
diversas áreas. Lembro, que há 10 anos, vivíamos uma outra realidade da que
vivemos hoje. Na verdade, nem preciso ir tão longe. Com as constantes
inovações, meses podem fazer a diferença neste ramo que se desenvolve mais e
mais a cada dia.
Porém, mesmo com as milhares de soluções
que a aplicação traz, principalmente aos serviços financeiros, produção
industrial, comércio eletrônico e à área de saúde, há questões que precisam ser
analisadas. Infelizmente, já há casos em que a inteligência artificial foi
racista, machista e, até mesmo, discriminou pessoas por sua religião ou
orientação sexual. Essa discriminação acontece, pois, as tecnologias aprendem
com quem as utiliza. Ou seja, repetem comportamentos que são inseridos pela
pessoa que desenvolveu o projeto, retratando essa triste realidade que assombra
não só os meios online. É por isso também que há a necessidade de uma equipe
diversa no desenvolvimento das aplicações de inteligência artificial.
Esses pontos servem de combustível para
abrir o debate das sociedades sobre o futuro, tendências e onde podemos chegar.
Como forma de regulamentar a IA no país, principalmente em questões de
segurança pública e privada, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei
21/2020 que trata do Marco Legal da Inteligência Artificial. Agora, a matéria
será enviada ao senado. Entre os principais pontos, o projeto define que o uso
da inteligência artificial terá como fundamentos o respeito aos direitos
humanos e aos valores democráticos, a igualdade, a não discriminação, a
pluralidade, a livre iniciativa e a privacidade de dados. Vale ressaltar também
que a LGPD já atua em território nacional, visando a proteção do uso de dados
dos brasileiros.
O debate surge em um momento em que a IA
está em ênfase no país. Realizado em maio deste ano, um estudo da Universidade
de Stanford, da Califórnia, nos Estados Unidos, revelou que o Brasil foi o
mercado que mais contratou inteligência artificial no mundo durante o ano de
2020. Porém, em paralelo, é o Estados Unidos que lidera a corrida no
desenvolvimento do uso de IA, enquanto a China avança rapidamente e a União
Europeia tem ficado para trás.
Segundo um estudo da Fundação de
Tecnologia da Informação e Inovação (Information Technology and Innovation
Foundation), realizado em janeiro deste ano, os Estados Unidos estão no topo do
pódio, com uma pontuação geral de 44,6 pontos em uma escala de 100 pontos. O
país lidera especialmente em áreas-chave, como investimento em startups e
financiamento para pesquisa e desenvolvimento. Logo depois vem a China que, com
32 pontos, possuía 214 dos 500 supercomputadores mais poderosos do mundo em
2020. A União Europeia obteve apenas 23,3 pontos, principalmente por conta do
atraso do nível de financiamento de capital de risco e de capital privado. Para
a análise, foram comparados 30 parâmetros, dentre eles talento humano,
atividade de pesquisa, desenvolvimento comercial e investimentos. O Brasil
ficou fora da lista.
Costumo dizer que o Brasil precisa se
tornar um país que não só consome tecnologia, mas também faz parte de sua
realização. Nós temos potencial para atingir outro patamar nessa corrida, e,
principalmente, contribuir para pautas tão importantes para sua regulamentação.
Um desses exemplos é o primeiro supercomputador brasileiro que foi
apresentado neste ano pelo SiDi, um dos maiores institutos privados de ciência
e tecnologia do Brasil. O equipamento conta com tecnologia da NVIDIA Enterprise
e se posiciona como a maior infraestrutura de IA da América Latina, com
capacidade de fornecer 125 petaflops (cento e vinte cinco quadrilhões de
operações matemáticas por segundo) de desempenho para tarefas específicas de
inteligência artificial.
Ressalto que é importante que essas
regras sejam balanceadas e que não sejam impeditivas para a criação de novas
tecnologias. O objetivo de 100% das inovações envolvendo IA é que ela solucione
os problemas que a mente humana não consegue resolver. Ou melhor, para que ela
se torne uma parceira em nosso dia a dia (como já vem sendo) e não uma
causadora de polêmicas.
*Marcio Aguiar é diretor da divisão
Enterprise da NVIDIA para América Latina
Sobre a NVIDIA
Com a invenção da GPU pela NVIDIA (NASDAQ: NVDA), em 1999,
redefinimos os gráficos de computadores modernos e revolucionamos a computação
paralela. Mais recentemente, o deep learning com base em GPU deu início à
inteligência artificial moderna — a próxima era da computação — com a GPU
atuando como o cérebro dos computadores, robôs e carros autônomos que podem
perceber e compreender o mundo. Saiba mais em http://nvidianews.nvidia.com/
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