Programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, convida público a refletir sobre o consumismo e os desafios da exploração comercial infantil no ambiente digital
Embora também seja um espaço
de oportunidades e criação, a internet ainda não é um local seguro para
crianças e adolescentes. Entre os riscos estão design persuasivo, coleta e
tratamento de dados pessoais e a micro segmentação de publicidade
Ao longo dos anos, as
crianças têm sido estimuladas ao comportamento consumista e, na internet, é
possível perceber isso de forma mais intensa. Para refletir sobre o consumismo
infantil na contemporaneidade e os desafios relacionados à exploração comercial
infantil no ambiente digital, o programa Criança e Consumo, do Instituto Alana,
realiza, entre 16 e 18 de novembro, o 4º Fórum Internacional Criança e
Consumo, com tema "As infâncias na Era da Convergência
Digital". O evento será on-line e gratuito, e a programação completa
pode ser consultada aqui.
Crianças são seres em
peculiar fase de desenvolvimento, portanto, hipervulneráveis. Considerando
sua enorme participação como usuárias da internet, as plataformas digitais,
desenvolvedores de jogos e outras empresas de tecnologia devem garantir seu
direito a usufruir do ambiente digital com segurança e de maneira a ampliar
suas potencialidades. Inclusive, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD),
que acaba de completar um ano de vigência, apresenta parâmetros mínimos para a
regulação desta questão, em consonância com o dever constitucional de
prioridade absoluta das crianças nas políticas e normas legais e assegurando o
respeito ao seu melhor interesse, tanto em espaços online quanto offline.
A legislação nacional determina,
ainda, a proteção das crianças frente a publicidade infantil, prática ilegal no
Brasil em qualquer espaço ou meio de comunicação. Porém, as crianças usuárias
da internet estão expostas - e muito - a várias formas de exploração comercial
neste ambiente, e muitos são os impactos para elas e suas famílias. O ambiente
digital, com seu modelo de negócios baseado em interesses comerciais, não
apenas inaugura novos hábitos de consumo como, também, novos formatos de
publicidade, a exemplo do unboxing, in-game ads, segmentação de anúncios, etc.
Influenciadores mirins
também fazem parte da equação, tanto por promoverem produtos e marcas quanto
por, muitas vezes, terem, eles próprios, seus direitos violados, quando
performam trabalho infantil artísitico sem o devido acompanhamento que lhes é
garantido por lei. Em suma, faz-se urgente debater e expandir a compreensão de
como o modelo de negócios das redes sociais e do ambiente digital como um
todo viola os direitos das crianças, por meio, por exemplo, de coleta,
armazenamento e processamento ilegal de dados infantis e pelo estímulo ao uso
constante, hiperexposição e políticas vigilantistas. Ainda, considerando os
contextos desiguais das múltiplas infâncias brasileiras e do sul global, é
urgente discutir saídas multissetoriais e formas de garantir um ambiente
digital seguro e promotor de direitos infantis.
“A internet, mais do que
nunca, conta com a massiva presença das crianças e adolescentes e precisa ser
segura e adequada para eles e suas vulnerabilidades. É importante refletirmos
sobre como as empresas, o Estado e a sociedade em geral podem assumir suas
respectivas responsabilidades na defesa dos direitos de crianças e adolescentes
e seu melhor interesse também no ambiente digital. Para isso, reunimos representantes
de variados campos do conhecimento em torno de um evento dinâmico e
propositivo, que busca prover um panorama da exploração comercial infantil ao
longo das últimas décadas, apontando conquistas e desafios destes novos
contextos", ressalta Maria Mello, coordenadora do programa Criança e
Consumo, do Instituto Alana.
15
anos de compromisso com infâncias livres de consumismo
O evento marca as comemorações dos 15 anos do programa Criança e
Consumo. Firmando sua constante inovação e atuação consistente para garantir
infâncias livres de consumismo e todas as formas de exploração comercial.
Especificamente sobre os desafios do ambiente digital, o programa participou
ativamente da elaboração do Comentário geral n. 25, que definiu como a Convenção das Nações
Unidas sobre os direitos da criança se aplica ao ambiente digital. Entre
outras recomendações, o documento reforça o dever dos Estados em tomar as
medidas adequadas para prevenir, monitorar, investigar e punir qualquer
desrespeito aos direitos da criança por parte das empresas. Inclui-se a
proteção infantil frente à exploração comercial, inclusive com relação à
publicidade infantil e ao marketing baseado em dados.
Ainda sobre o tema de
direitos das crianças no ambiente digital, recentemente, o programa também
alertou sobre a ocorrência de políticas e ações de agentes públicos e privados
que colocam em risco a privacidade de crianças e adolescentes no Brasil, e,
juntamente com o InternetLab, lançou o relatório “O
Direito das crianças à privacidade: obstáculos
e agendas de proteção à privacidade e ao desenvolvimento da
autodeterminação informacional das crianças no Brasil”. O documento destaca,
por exemplo, como a coleta e tratamento massivos de dados pessoais de crianças
e adolescentes no uso de plataformas digitais representa riscos à sua segurança
e integridade física e psíquica, considerando as possibilidades de vazamentos
ou de exposição indevida dessas informações.
Sobre o Criança e Consumo
Criado em 2006, o programa
Criança e Consumo, do Instituto Alana, atua para divulgar e debater ideias
sobre as questões relacionadas à publicidade dirigida às crianças, assim como
apontar caminhos para minimizar e prevenir os malefícios decorrentes da
comunicação mercadológica.
Sobre o Instituto Alana
O Instituto Alana é uma
organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em programas
que buscam a garantia de condições para a vivência plena da infância. Criado em
1994, é mantido pelos rendimentos de um fundo patrimonial desde 2013. Tem como
missão “honrar a criança”.
Programação:
Programa Criança e Consumo,
do Instituto Alana, realiza evento on-line e gratuito para promover discussões
sobre a exploração comercial infantil na internet
Em comemoração aos 15 anos
do programa, vem aí “As infâncias na Era da Convergência
Digital”, de 16 a 18 de novembro
Para refletir sobre o
consumismo infantil na contemporaneidade e os desafios relacionados à
exploração comercial infantil no ambiente digital, o programa Criança e
Consumo, do Instituto Alana, realiza de 16 a 18 de novembro, a 4ª
edição do Fórum Internacional Criança e Consumo, com tema As
infâncias na Era da Convergência Digital. O evento marca, por meio de
debates, lançamentos de publicações e exibição de vídeos inéditos, as
comemorações dos 15 anos do programa, firmando sua constante
inovação e atuação consistente para garantir infâncias livres de consumismo e
exploração comercial.
O Fórum, que contará com
participações de pessoas de referência nacional e internacional em temas como
consumismo, infâncias e convergência digital, é voltado para famílias,
educadores, profissionais do mercado anunciante, publicitário e de plataformas
digitais, operadores do direito, especialistas, pesquisadores e interessados no
tema digital e sua relação com infância e adolescência. O evento será on-line e
gratuito, com tradução simultânea, legendas em tempo real e intérprete de
Libras. A programação completa - que inclui em sua parte cultural um show
exclusivo da cantora baiana Luedji Luna - pode ser consultada aqui.
Programação 4º Fórum
Internacional Criança e Consumo
Dia 1 - 16/11 (terça), das
18h às 20h30
Para investigar como o
consumismo afeta e atravessa crianças, adolescentes e famílias no Brasil e no
mundo, considerando a publicidade infantil em suas várias formas, que se
adequam a formatos multiplataformas, o painel inaugural será "Exploração
comercial infantil: consumismo ontem e hoje", com a presença de
Humberto Baltar (@paispretospresentes), Deh Bastos (@criandocriancaspretas) e
Inês Vitorino, (LabGRIM- UFC). A mediação será de Pedro Hartung, diretor de
Políticas e Direitos das Crianças do Instituto Alana.
Serão abordados os impactos
da exploração comercial infantil no cotidiano das crianças e das famílias,
incluindo desafios atuais do ambiente digital, que inaugura novos hábitos de
consumo e, também, formatos de publicidade (como unboxing, in-game ads,
segmentação de anúncios etc.). Os participantes irão refletir sobre algumas
questões-chave como consumismo, impactos ambientais, criação de valores
consumistas e influencers mirins.
Também neste dia será
lançada a publicação, inédita do Brasil, "O Futuro da Infância no
Mundo Digital - Ensaios sobre Liberdade, Segurança e Privacidade". A
obra é uma coletânea de ensaios de pesquisadores, representantes de empresas e
especialistas do mundo inteiro, que buscam analisar e apontar caminhos para uma
internet segura para crianças e adolescentes. Há, ainda, um artigo do Instituto
Alana que reflete especificamente sobre o contexto de crianças brasileiras e do
sul global. A publicação foi originalmente produzida em inglês, pela 5Rights
Foundation, uma fundação britânica que atua em prol de um ambiente digital
adequado para crianças e jovens, e foi traduzida para o português pelo Criança
e Consumo. Após o evento, a publicação ficará disponível digitalmente, em
formato PDF.
A última atividade do dia
será um show exclusivo de Luedji Luna, que também fará uma fala sobre a
proteção de crianças frente à exploração comercial no ambiente digital.
Dia 2 - 17/11 (quarta), das
18h às 20h30
No segundo dia de evento, o
painel abordará aspectos da exploração comercial infantil na internet, que se
baseia em um modelo de negócios que parte da experiência humana como matéria
prima para extração, predição e comércio. Também será discutida a utilização,
por parte das plataformas, de um design que busca persuadir os usuários ao
consumo. Este debate quer expandir a compreensão de como tal modelo de negócios
viola os direitos das crianças, que envolve coleta, armazenamento e
processamento massivo de dados infantis pelo estímulo ao uso constante,
hiper-exposição e políticas vigilantistas.
O painel terá como título "Exploração
comercial infantil na internet: desafios contemporâneos". Participam
da conversa Rafael Zanatta, do Data Privacy Brasil, Renata Tomaz, pesquisadora
doutora em comunicação e Maria Clara Lacerda, jovem embaixadora Criativos da
Escola. A mediação será de Bia Barbosa, representante do 3º setor no CGI.br.
Além do painel, os participantes poderão acompanhar uma entrevista exclusiva de
Josh Golin, da Fairplay (EUA), com Duncan McCann, pesquisador, economista e pai
inglês que abriu uma ação contra o YouTube pela proteção das crianças.
Dia 3 - 18/11 (quinta), das
18h às 20h30
O último dia de evento
contará com o painel "A internet que queremos para as crianças:
caminhos multissetoriais", que abordará como plataformas
digitais, desenvolvedores de jogos e outras empresas de tecnologia podem
garantir o direito de jovens a usufruírem com segurança, do ambiente
digital. A atividade conta com a presença de Demi Getschko, considerado o "pai
da internet no Brasil" e presidente do CGI.br, Marina Feferbaum, da FGV,
Yasodara Cordova, do Unico ID Tech e Paulo Rená, do Instituto Beta. A mediação
ficará por conta de Isabella Henriques, diretora executiva do Instituto Alana.
Também haverá, nesse dia, o lançamento do Parecer "Dever geral de cuidado
das plataformas diante de crianças e adolescentes", com a presença da
autora, a advogada Ana Frazão (UnB), e da professora de direito Caitlin
Mulholland, da PUC Rio.
Ao final do evento, será
apresentado um Panorama internacional sobre proteção infantil on-line
com depoimentos e reflexões de: Sonia Livingstone, LSE (Reino Unido),
Awo Aidam Amenyah, do Child Online Africa (Gana), Lionel Brossi, da
Universidade do Chile, Rys Farthing, da Reset Austrália e Bruno Studer,
parlamentar
francês.
Para os inscritos que
acompanharem a transmissão ao vivo nos três dias, será emitido um certificado
de participação ao final do evento.
Sobre o Criança e Consumo
Criado em 2006, o programa
Criança e Consumo, do Instituto Alana, atua para divulgar e debater ideias
sobre as questões relacionadas à publicidade dirigida às crianças, assim como
apontar caminhos para minimizar e prevenir os malefícios decorrentes da
comunicação mercadológica.
Sobre o Instituto Alana
O Instituto Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da infância. Criado em 1994, é mantido pelos rendimentos de um fundo patrimonial desde 2013. Tem como missão “honrar a criança”.
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