Um dia para homenagear os mortos pela violência no trânsito
Por Alysson Coimbra*
Desde 2005 a
ONU elegeu o terceiro domingo de novembro como Dia Mundial em Memória das
Vítimas de Trânsito. No próximo dia 21 de novembro, países do mundo todo
homenageiam as 1,3 milhões de pessoas que morrem todos os anos por causa da
violência no trânsito. Essa data existe para revelar que, por trás de cada
estatística, existem histórias de vidas interrompidas e drasticamente marcadas
por causa de sinistros de trânsito. Essa nova terminologia surge porque essas
ocorrências não são obra do acaso e, portanto, podem ser evitadas.
Todos os dias,
o trânsito faz 140 mil vítimas, entre mortos e feridos. Todo esse sofrimento,
que deixa um rastro social e familiar incalculável em uma cadeia infinita de
dor e saudade, poderia ser evitado.
Não é razoável
debatermos a importância desse tema somente quando somos atingidos por ele. O
respeito e a empatia com as vítimas e com todos os que ficam deve ser a força
motriz que nos conduzirá para ações que reduzam a sinistralidade do trânsito
brasileiro.
Além do custo
social, essa epidemia, que deixa mais de 50 milhões de feridos em todo o mundo,
provoca um prejuízo econômico devastador para os países mais pobres, como o
nosso, que são justamente os líderes no ranking da insegurança viária.
Anualmente o
Brasil perde mais de 33 mil vidas por ano. Outras 240 mil pessoas ficam com
algum grau de invalidez em decorrência dos ferimentos graves. Como
consequência, perdemos todos os anos 3% do Produto Interno Bruto (PIB), cerca
de R$ 220 bilhões, para pagar os custos com socorro, tratamento médico,
reabilitação, reparos, investigações e perda de produtividade.
Datas como
essa são importantes para conscientização da sociedade e classe política quanto
à urgência de desenvolvermos políticas públicas voltadas para a preservação de
vidas. Não é aceitável que as pessoas sigam saindo para trabalhar, estudar ou
passear e não retornem devido às desigualdades que existem também no sistema
nacional de trânsito.
Erradicar esse
problema passa pela mudança na forma como entendemos e gerimos nossos
deslocamentos e pela sensibilidade de adotarmos ações que prestigiem os mais
vulneráveis nas ruas, estradas e rodovias do país. A lei do mais forte precisa
ser interrompida.
*Alysson Coimbra é diretor da Associação
Mineira de Medicina do Tráfego (AMMETRA)
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