App que dá vida à fotos é menos grave que realidade virtual que projeta pessoas mortas
Neurocientista, Dr. Fabiano de Abreu, comenta o uso de tecnologias que interferem em maior ou menor grau no processo de luto
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De acordo com ele, o luto é um processo tão complexo que, mesmo sem a interferência de tecnologias, muitas vezes, as pessoas não conseguem passar pelo momento desassistidas e, por isso, buscam terapias para aprender a lidar melhor com tantas emoções fortes. “O cérebro pode se moldar de acordo com a tristeza, trazendo consequências como doenças e transtornos mentais”, pontua.
Para ele, a melhor forma de lidar com estas sensações de luto são as boas memórias formatadas, enquanto o uso da realidade virtual apenas criaria uma espécie de fuga da realidade. “A realidade virtual apenas aprisiona o indivíduo em sua dor”.
Porém, um outro uso da tecnologia neste sentido pode mitigar os efeitos negativos do uso da realidade virtual. Existe um aplicativo que dá vida à fotos antigas e, para o neurocientista, desta forma, o processo de luto não é prejudicado já que a percepção da falsa realidade é mais nítida. “Com um app que dá vida às fotos você não tem o mesmo impacto de reviver momentos com aquela pessoa e depois ter a expectativa quebrada por perdê-la novamente”, explica.
Para o Dr. Fabiano de Abreu, a tecnologia deve ser utilizada com parcimônia, considerando os efeitos emocionais e cognitivos que seu uso massivo pode ter na percepção de realidade das pessoas. “Acredito que não devemos tentar enganar o cérebro a respeito de experiências traumáticas. Pelo contrário, devemos ajudá-lo a superar nossas dores da forma mais saudável possível”, aconselha.
Sobre o Dr. Fabiano de Abreu
Fabiano de Abreu Rodrigues é PhD, neurocientista com formações também em neuropsicologia, biologia, história, antropologia, neurolinguística, neuroplasticidade, inteligência artificial, neurociência aplicada à aprendizagem, filosofia, jornalismo e formação profissional em nutrição clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International e membro da Federação Européia de Neurociências e da Sociedade Brasileira e Portuguesa de Neurociências.
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