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App que dá vida à fotos é menos grave que realidade virtual que projeta pessoas mortas

Neurocientista, Dr. Fabiano de Abreu, comenta o uso de tecnologias que interferem em maior ou menor grau no processo de luto

Créditos Divulgação

Os avanços das tecnologias promovem experiências anteriormente inimagináveis. Recentemente, na Coréia, uma mãe pôde rever a filha que faleceu em 2016 por meio de imagens de realidade virtual. Porém, para o neurocientista, PhD e biólogo Dr. Fabiano de Abreu, apesar do despertar de emoções profundas, este tipo de tecnologia pode ser prejudicial ao processo de luto. “Não se trata de algo que pode satisfazer as necessidades humanas. É prejudicial ao luto porque causa uma quebra de expectativa, podendo gerar ansiedade e outras consequências”, explica.

De acordo com ele, o luto é um processo tão complexo que, mesmo sem a interferência de tecnologias, muitas vezes, as pessoas não conseguem passar pelo momento desassistidas e, por isso, buscam terapias para aprender a lidar melhor com tantas emoções fortes. “O cérebro pode se moldar de acordo com a tristeza, trazendo consequências como doenças e transtornos mentais”, pontua.

Para ele, a melhor forma de lidar com estas sensações de luto são as boas memórias formatadas, enquanto o uso da realidade virtual apenas criaria uma espécie de fuga da realidade. “A realidade virtual apenas aprisiona o indivíduo em sua dor”.

Porém, um outro uso da tecnologia neste sentido pode mitigar os efeitos negativos do uso da realidade virtual. Existe um aplicativo que dá vida à fotos antigas e, para o neurocientista, desta forma, o processo de luto não é prejudicado já que a percepção da falsa realidade é mais nítida. “Com um app que dá vida às fotos você não tem o mesmo impacto de reviver momentos com aquela pessoa e depois ter a expectativa quebrada por perdê-la novamente”, explica.

Para o Dr. Fabiano de Abreu, a tecnologia deve ser utilizada com parcimônia, considerando os efeitos emocionais e cognitivos que seu uso massivo pode ter na percepção de realidade das pessoas. “Acredito que não devemos tentar enganar o cérebro a respeito de experiências traumáticas. Pelo contrário, devemos ajudá-lo a superar nossas dores da forma mais saudável possível”, aconselha.

Sobre o Dr. Fabiano de Abreu

Fabiano de Abreu Rodrigues é PhD, neurocientista com formações também em neuropsicologia, biologia, história, antropologia, neurolinguística, neuroplasticidade, inteligência artificial, neurociência aplicada à aprendizagem, filosofia, jornalismo e formação profissional em nutrição clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International e membro da Federação Européia de Neurociências e da Sociedade Brasileira e Portuguesa de Neurociências.

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