Especialista em comportamento animal dá dicas de como aproveitar com maior segurança o final de ano com seu pet
Cleber Santos ensina como preparar o seu pet para viajar, como protegê-lo do estresse dos fogos de artifício, e o que considerar antes de presentear um animal a alguém.
Dez 2021 – Com as festas de final de ano
se aproximando e a crescente diminuição da pandemia, muitas famílias estão se
planejando para encontros, viagens e passeios. Em muitos casos, isso inclui
também os animais de estimação que, cada vez mais, se tornam membros da
família.
O especialista em comportamento animal
Cleber Santos, CEO da Comport Pet – empresa especializada em serviços de Day
Care e adestramento, dá dicas para preservar a saúde do seu pet e aproveitar as
festividades.
Cuidados ao viajar com os pets
Se você vai se locomover com seu animal
de estimação nesse final de ano, fique atento à preparação e regulamentação de
segurança em viagens, seja de carro ou de avião.
“Ao viajar de avião, muitas pessoas se
preocupam com a documentação, registros, vacinas entre outras burocracias. Mais
importante que isso, é essencial se preocupar como esse animal vai se comportar
durante duas, três horas ou até mais, viajando sozinho em uma caixa de
transporte”, comenta Cleber. Em 2021, foram noticiadas mortes de cães em
transportes aéreos, por isso, para evitar fatalidades é muito importante que o
tutor prepare o seu animal.
- Faça uma adaptação à caixa de transporte. Essa
caixa precisa ser inserida como parte do ciclo diário do animalzinho antes
da viagem, ou seja: garantir que ele consiga entrar e sair da caixa
sozinho sentindo segurança, deixá-la
presente no momento dele dormir, no momento da alimentação, criando
associações positivas. Pegar um animal que nunca usou a
caixa de transporte e de repente trancá-lo por horas, pode ocasionar uma
sensação de desconforto e estresse. Isso afeta sua respiração e também a
sua parte sanguínea, podendo levar à uma parada cardíaca.
- A dimensão da caixa de
transporte é muito importante: O cão ou gato precisa conseguir ficar tanto de pé, quanto
conseguir fazer um círculo de 360°, para que consiga se
movimentar, se esticar, e ter um espaço confortável.
- Antes da viajem, o animal
precisa ter uma boa
alimentação sem excessos. Não estar com o estômago cheio,
para evitar que em uma situação de estresse ele passe mal e se engasgue
com o próprio vômito.
- Especificamente para os cães, o
ideal é que façam passeios, caminhadas, ou até que fiquem em uma Day Care
brincando bastante no dia anterior à viagem, para que ele tenha um gasto de
energia adequado antes da hora do voo.
- Deixar à disposição (durante o
voo) brinquedos,
estímulos e objetos para roer, para que ele passe o tempo
se distraindo e interagindo com esses objetos que estarão junto dele na
caixa.
Se você vai viajar de carro com o seu
gato, mantenha-o sempre na caixa de transporte. Se for com seu cão,
independentemente do tamanho, é importante não permitir que ele fique solto
andando pelo carro.
Muitos cães, quando fixados com o cinto
de segurança pet no banco traseiro, ficam agitados e latindo. “Apesar de ser um
barulho incômodo, o dono não deve ceder, pois isso pode ocasionar graves
acidentes de trânsito. O cachorro pode alcançar os pés do condutor, entrar no
volante, ou colocar a cabeça para fora da janela e acabar pulando por ver
alguma coisa fora que chamou sua atenção. Portanto, siga sempre a regra do uso
do cinto de segurança pet, que é o regulamentado pela lei de transporte de
animais”, completa o especialista.
Atenção aos fogos de artifício!
É sabido que os cães e gatos são mais
sensíveis aos sons de fogos de artifício, e muitas vezes desencadeiam problemas
físicos e emocionais no momento da queima, como por exemplo episódios de
vômito, ansiedade/medo, convulsões e taquicardia (o que aumenta mais ainda para
aqueles animais que apresentam cardiopatias).
O problema é tão grave que já existe um
projeto em análise no senado (PL
2130/2019), que estabelece limites de emissão sonora para os
artefatos. Porém, até a lei ser aprovada é necessário que cuidemos
adequadamente de nossos animais de estimação.
O especialista dá dicas de como amenizar
o estresse.
- O ideal é prepará-lo com
antecedência. Para os cães, você
pode colocar um áudio com o som dos fogos de artifício e treinar os
comandos enquanto o cão escuta o som. Treine o senta,
fica, deita, entre outros comandos, aumente o som de maneira gradativa e
veja como seu cão se comporta.
- Também é importante demostrar estar relaxado e seguro
no momento da queima, pois caso o animal perceba que você também sente
medo, a situação irá se agravar.
- Deixe seu cão ou gato ficar em
um local no qual ele se sinta seguro, longe de portas e janelas de vidro, piscinas, rotas de
fuga, e tudo o que represente um risco.
- Uma maneira de aliviar a altura
do barulho na hora H, é colocando
chumaços de algodão no ouvido do seu animal.
- Em casos de cães e gatos com
uma pré-disposição a cardiopatias ou convulsões, você pode recorrer a calmantes naturais.
Peça ao veterinário que receite um para seu pet, eles são facilmente
encontrados em pet shops.
- No dia da queima, tire algumas
horas para gastar a
energia do seu animal. Faça brincadeiras de gasto
energético com seu gato, ou faça um bom e longo passeio com seu cão e
brinque bastante, desta maneira eles estarão menos atentos aos barulhos
por conta do cansaço.
Especialista alerta para cuidados essenciais na
hora de viajar com seu cão, principalmente de avião, e dá dicas de como prepara
seu pet para essa e outras ocasiões.
Animal não é “presente”
É bem comum com a chegada das festas do
final de ano, algumas pessoas escolherem um pet como um presente “fofinho”.
“É preciso considerar no momento da
escolha, pontos como o porte (no caso dos cães), grau de energia e
temperamento, e tempo de vida. Algumas raças de cães vivem mais de 15 anos,
alguns gatos, mais de 20! A escolha errada ocasiona em animais que não se encaixam
com a família, facilitando o abandono”, aconselha Santos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
somente no Brasil existem mais de 30
milhões de animais abandonados, sendo 10 milhões de gatos e 20
milhões de cães.
“O Brasil aprovou a lei (PLC 27/2018) a qual
declara que animal não é
coisa, reconhecendo os animais como seres com emoções e
passíveis de sofrimento. Ou seja, antes de adotar um animal de estimação nesse
natal, reflita sobre a responsabilidade que estará assumindo também diante da
sociedade. Evite ceder à pressão de uma criança caso perceba que foge à
realidade do tutor, e entenda que nem todos estão preparados para ter um pet,
embora até simpatize com a ideia”.
Cleber Santos é adestrador e especialista em comportamento animal. Recebe cerca de 500 animais semanalmente em sua Day Care, além de ser o criador da Universidade Comport Pet para empreendedores, que já atendeu 400 alunos só em 2021.
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