Educação 2022: é preciso planejar o imprevisível
*Por Yan Navarro
Ao analisarmos os cenários possíveis
dentro do segmento de educação este ano, constatamos que será preciso planejar
o imprevisível. A gestão do retorno seguro à aprendizagem presencial para os
alunos e professores, por exemplo, que parecia sob controle com os protocolos
sanitários já estabelecidos, tornaram-se incertos à medida em que a variante
Omicron avança em todo o país. No entanto, mesmo nesse quadro de incertezas,
alguns pontos podem ser destacados. O primeiro deles é o que chamo de apoio à
aprendizagem socioemocional, que já vem sendo foco de atenção importante nas
escolas e que continuará este ano.
A defasagem do aprendizado, consequência
da pandemia do COVID-19, é difícil de ser mensurada e, dessa forma, cabe aos
gestores de instituições de ensino estarem atentos à realidade de sua
comunidade escolar para atuar de forma certeira a fim de reduzir essa perda. A
boa notícia aqui é que existe uma enorme vontade de todos em apoiar os alunos e
também uma vasta comunidade de empresas de educação que oferecem as ferramentas
e os recursos para ajudar os educadores nessa retomada dos processos de
aprendizagem.
A retenção de bons professores e outros
funcionários da escola é um tópico que recebe pouco destaque, mas que requer
muita atenção dos gestores da área da educação. Desenvolver estratégias para
reter esses profissionais vai muito além da questão salarial e deve ser uma
prioridade dos líderes educacionais neste ano. É importante destacar que uma
infraestrutura de trabalho adequada, a possibilidade de desenvolvimento
individual e também o reconhecimento das melhores práticas implementadas são
fundamentais para manter o corpo docente engajado.
A interrupção das aulas no seu formato
presencial e o ensino híbrida nos dois últimos anos resultou em um aumento no
envolvimento dos pais que tiveram a oportunidade de acompanhar como seus filhos
estavam aprendendo, a maneira que estavam sendo ensinados e como estavam sendo
avaliados. Esses mesmo pais agora têm a oportunidade de continuar assim, de
maneira mais participativa no aprendizado do filho e, desta forma, outro
desafio dos líderes educacionais e professores será também o de envolvê-los em
todo o processo de retorno para o presencial.
Não há como saber ao certo os efeitos a
longo prazo de todas as mudanças que ocorreram na educação durante a pandemia
gerada pelo COVID-19, mas é preciso sair do modo de sobrevivência e começar a
planejar e a olhar para o futuro novamente. Estou esperançoso, embora não
especialmente otimista, que comecemos a ver isso em 2022.
* Diretor da rede de Escolas Luminova, Yan Navarro é doutor em Didáticas específicas pela Universidade de Valência, na Espanha, e doutor em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
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