Após aumento do combustível, centrais sindicais lançam comitê para garantir acesso e direito do trabalhador a serviços essenciais
Em encontro, dirigentes de centrais sindicais e
outras personalidades políticas, se unem para reivindicar gratuidade de
serviços e acesso à mobilidade urbana, combate à fome entre outros, para
pessoas com vulnerabilidade socioeconômica
Na segunda-feira, dia 14 de março, às
18h em Hortolândia, interior de São Paulo, dirigentes de quatro
principais centrais sindicais do país, Adilson Araújo da CTB, Ricardo
Path, presidente da UGT, Miguel Torres, Força Sindical e Sérgio Nobre da
CUT, se unem para uma assembleia nacional em prol de garantir gratuidade no
acesso ao transporte público, combate à fome, entre outros temas, para a
população que atualmente está sem emprego ou em situação de vulnerabilidade
socioeconômica.
Na ocasião também estarão presentes o
ex-prefeito da capital Fernando Haddad, a deputada federal Gleisi Hoffman,
Donizette, ex-prefeito de Campinas, Luiz Marinho, entre outros.
Com o anúncio do aumento do valor do
combustível em todo o País, na semana passada, o setor de mobilidade que já se
encontra em crise, vai ter mais quedas ainda. O setor que já vinha
perdendo passageiros ao longo dos anos devido ao alto custo da passagem de
ônibus, por exemplo, e com o aumento do combustível, certamente irá
repassar esse custo ao consumidor final em algum momento.
Invasão russa à Ucrânia afeta preço do
combustível no País e no mundo
Antigamente, apenas 7% consistia
no custo de uma empresa de transporte coletivo com combustível. Hoje esse valor
já se encontra em 26,5%. O óleo diesel, entre 01/2020 e 09/2021 sofreu
um reajuste de 67%. E vai aumentar ainda mais esse mês de março de 2022.
Começou a valer dia 11/03/22 o reajuste nos preços da gasolina, diesel e GLP
(gás de cozinha) anunciado pela Petrobras. Os aumentos serão de R$ 0,61 na
gasolina e de R$ 0,90 para o diesel, o que significa uma elevação de 18,8% e de
24,9%, respectivamente O aumento vale para as distribuidoras e o repasse
depende de cada revendedor para chegar ao consumidor final.
Segundo a estatal, o aumento se deve
devido à disparada do petróleo no mercado internacional, após a invasão russa à
Ucrânia. Diante disso, o governo avalia uma medida para frear o preço dos combustíveis
ainda nesta semana. A ideia é utilizar dividendos da Petrobras para um subsídio
de curto prazo, de cerca de três meses, com custo abaixo de R $40 bilhões. A
informação é do blog da Ana Flor, do G1. A proposta enfrenta resistências
dentro do governo, mas no Planalto a saída é vista como a única chance de
evitar que o litro da gasolina ultrapasse os R$ 10. O Senado ainda deve
discutir dois projetos de lei que buscam reduzir os preços, mas o governo quer
uma solução mais imediata, assim como foi feito durante o governo de Michel
Temer (MDB), em 2018, para lidar com a greve dos caminhoneiros, fato esse que
já deve acontecer nos próximos dias.
Por esse motivo é importante criar
políticas públicas de qualidade para garantir que a população desempregada
tenha acesso a transporte público gratuitamente, até para a busca de um novo
emprego. E esse é um grande desafio para o setor de mobilidade, o regresso dos
trabalhadores ao sistema de mobilidade. Segundo dados do IBGE, os gastos
com mobilidade superaram o gasto com a alimentação no orçamento das famílias
brasileiras. O IPEA aponta que, desde 2016, 46% da força de trabalho sem
ocupação se locomove de forma ativa (a pé), o que impede a busca por trabalho.
A partir da pandemia, o setor tem operado com 30% a menos de passageiros. Entre
os que utilizam o serviço 20% são beneficiários de gratuidades. Atualmente o
custo familiar com transporte supera o de gastos com alimentação.
Fome aumenta no Brasil nos últimos 2
anos
Mas a invasão russa à Ucrânia não elevou
somente os custos do combustível no mundo, na alimentação também. No último
ano, o Brasil enfrentou uma inflação acima dos 10% e 2022 começou com um
cenário ainda pressionado e com números elevados. O IPCA fechou o mês de
janeiro em 0,54%, o maior patamar para o mês desde 2016, impulsionado em
especial pelo setor de alimentos. Até o momento, a projeção para este ano
estava variando entre 5,5% e 6%. Porém, esta expectativa pode piorar em
decorrência da guerra na Ucrânia.
O combate à fome que sempre esteve presente
no cenário das políticas brasileiras, esse ano deverá ter mais atenção agora em
2022 com tudo que tem acontecido no Brasil e no mundo, com a pandemia e cenário
de incertezas. Segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e
Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Pensam), nestes últimos dois anos,a
fome atingiu mais nove milhões de pessoas. O levantamento mais recente indica
que no total 19,1 milhões de cidadãos se enquadram neste perfil, ou 9% da
população brasileira.
O estudo foi realizado em dezembro do
ano passado, em 2.180 domicílios das cinco regiões do Brasil, tanto em áreas
urbanas como rurais. A entidade também concluiu que, com a pandemia da
Covid-19, cerca de 116,8 milhões estão em algum grau de insegurança alimentar —
leve, moderado ou grave.
A criação desse comitê é uma união de forças para garantir o acesso a esses serviços essenciais para o brasileiro. Os primeiros encontros já tem data marcada, dias 01/04 e 15/04 para discutir as questões de mobilidade urbana e combate à fome, respectivamente. E esses eventos acontecerão em várias cidades ao mesmo tempo, para juntos chegarmos a uma solução que garanta uma melhor qualidade de vida a todo o povo brasileiro.
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