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Especialista aponta quais são as ameaças que colocam em risco uma retomada mais forte do mercado de livros

Aumento no preço de insumos, juros altos e possível desaceleração econômica impactam diretamente no bolso do leitor

De acordo com uma pesquisa realizada pela Nielsen e SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), o varejo de livros apresentou um crescimento de 16,3% em volume de vendas no primeiro trimestre deste ano e 17,1% em faturamento, se comparado ao mesmo período de 2021. Contudo, a esperada retomada mais vigorosa do mercado de livros no ano de 2022 pode não se concretizar.

De acordo com Eduardo Villela, book advisor e profissional com mais de 17 anos de experiência no mercado editorial, “Devido à pandemia, durante 2020 até o terceiro trimestre de 2021, as editoras reduziram muito o número de livros lançados. Porém, do quarto trimestre de 2021 para cá, com o otimismo trazido pelo arrefecimento da pandemia e a retomada da atividade econômica nos mais diversos setores econômicos, elas aumentaram o número de títulos lançados. De uma situação de represamento de lançamentos, temos visto um crescimento acelerado de novos livros chegando ao mercado, o que levou a um aumento nos preços de papeis usados na impressão de livros. E, antes desse movimento das editoras, o papel já vinha subindo por influência do câmbio. Não sabemos onde o preço do papel pode parar e isso é um problema sério para o setor editorial.”   

Outro ponto de preocupação é a escalada do preço do óleo diesel. Villela destaca que “Como a maioria dos itens produzidos e comercializados no país, os livros são transportados em caminhões. Assim, o custo do frete tem pesado cada vez mais para editoras, livreiros e distribuidores de livros.”

A alta desses insumos já faz as editoras reajustarem os preços de obras de catálogo, assim como aumentarem os preços de capa daquelas que são novidades.

Por fim, as sucessivas subidas da SELIC também causam apreensão. Segundo Villela, “O Banco Central está subindo a SELIC para tentar controlar a inflação. Como efeito colateral, os juros altos inibem a atividade econômica, geram maior desemprego e tornam as pessoas e famílias menos otimistas em relação ao futuro. E as vendas de livros dependem muito de crescimento econômico e queda do desemprego.”

Inflação de insumos importantes, juros altos e economia com perspectiva de desaceleração são ameaças reais para uma recuperação vigorosa do setor editorial. Villela finaliza: “Temos riscos reais que podem prejudicar uma retomada sólida das vendas de livros. Portanto, é o momento de as empresas do mercado editorial buscarem ganhos de produtividade, visando redução de custos; desenvolverem novos canais de vendas e parcerias estratégicas; investirem mais em marketing e na melhora da qualidade de atendimento aos leitores.” 

Eduardo Villela é Book Advisor e assessora pessoas, famílias e empresas na escrita e publicação de seus livros. Trabalha com escrita e publicação de livros desde 2004. Já orientou mais de 900 autores e lançou mais de 650 livros de variados temas, entre eles: comportamento e psicologia, gestão, negócios, universitários, técnicos, ciências humanas, interesse geral, biografias/autobiografias, livros de família e ficção infantojuvenil e adulta.

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