Covid-19 favorece desenvolvimento de hipertensão arterial e doenças crônicas, ressalta SBC
No Dia Nacional de Prevenção e Combate à
Hipertensão Arterial (26/04), Sociedade Brasileira de Cardiologia mostra que a
hipertensão arterial foi o fator de risco mais importante para a morte de
pacientes com Covid-19
No mundo todo, cerca de 10 milhões de
pessoas morrem de complicações da hipertensão arterial por ano. No Brasil,
entre 30% e 35% da população acima de 18 anos têm hipertensão arterial. Durante
a pandemia, a situação se agravou, devido aos fatores de risco. De olho nessa
realidade, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) aproveita o Dia Nacional
de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial (26/04) para alertar a população
sobre o tema.
A Covid-19 é nova e
ainda há muito o que se entender sobre o vírus e suas consequências no
organismo. Segundo a cardiologista Lucélia Magalhães, presidente do
Departamento de Hipertensão Arterial (DHA) da SBC, há várias ligações entre a
pressão arterial e a Covid-19. Uma delas é o dado epidemiológico inicial: em
2020 ficou claro que a hipertensão arterial foi o fator de risco mais
importante para a morte de pacientes com Covid-19.
No fim de 2021 e início de 2022,
percebeu-se que pessoas que não tinham nenhuma história de hipertensão
arterial, mas que tiveram Covid-19 confirmada, começaram a apresentar pressão
alta. Estudos recentes mostram que a Covid-19 facilita o desenvolvimento de
hipertensão e de doenças crônicas, por exemplo, diabetes.
“A orientação é que os pacientes com
hipertensão que estão com Covid-19 continuem seu tratamento, com boa adesão. Já
as pessoas que não eram hipertensas e tiveram Covid-19, precisam vigiar a
pressão arterial, seja logo após contrair o vírus, seja em médio ou até longo
prazo, porque estudos indicam que os efeitos podem aparecer de algumas semanas
a alguns meses”, explica Lucélia.
Além do histórico familiar, a pressão
arterial tem como fator de risco o aumento do peso. “Se a pessoa ganhou peso na
pandemia, deve tentar reduzir lentamente e gradual, sem remédios ou dietas
exageradas. De forma grosseira, se tenho 1,55 metro de altura, meu peso ideal é
entre 45 e 55 quilos”, ensina a cardiologista.
Outro ponto importante é a redução da
ingestão de sal. Quanto mais sódio é consumido, mais tendência a desenvolver
hipertensão arterial, principalmente se a pessoa for sensível ao sal. “Todos nós
depois de uma certa quantidade nos tornamos sensíveis ao sal. Algumas
comunidades isoladas, por exemplo, os índios, não têm hipertensão arterial
porque não o conhecem”, conta Lucélia. Ela lembra que tudo que fica fora da
geladeira sem estragar tem mais sódio e que a maioria do sal que ingerimos está
nos alimentos processados, como carnes salgadas, molhos prontos e realçadores
de sabor.
Mais um tópico fundamental é a
alimentação. O ideal é ingerir fruta, vegetal ou legume pelo menos três vezes
ao dia, porque, ao contrário do sódio, quanto mais potássio consumimos (isso
para quem não tem problema renal), melhor é a nossa circulação sanguínea,
principalmente na região do cérebro, reduzindo a incidência de acidente
vascular cerebral (AVC) e várias outras condições complicadoras da hipertensão.
Também fator de risco importante citado
pela cardiologista é o estresse, que se agravou na pandemia. Quanto mais
estressada, mais propensa a pessoa está a hábitos não saudáveis, como comer mal
e não se exercitar, na tentativa de resolver a ansiedade. A atividade física é
recomendada pelo menos três vezes por semana. “Não precisa ser em academia
com professor, basta uma caminhada de 30 a 40 minutos em passo acelerado. Isso
ajuda a manter o peso e, principalmente, tira a pessoa da faixa do
sedentarismo, sendo outro fator de risco importante para o desenvolvimento de
hipertensão arterial”, acrescenta Lucélia.
No Brasil, 60% da população idosa tem
hipertensão arterial, portanto, os idosos devem ser avaliados com mais cuidado e
de forma mais frequente. Para a prática de exercícios, por exemplo, é preciso
considerar, principalmente, se ele nunca se exercitou. Se teve Covid-19, o
cardiologista deve verificar se ficou alguma sequela, se é Covid longa
(sintomas que duram mais de quatro semanas), se gerou problemas pulmonares ou
cardíacos, pois os idosos têm mais chances de desenvolver essas sequelas.
A hipotensão nos idosos, ou seja, a
baixa de pressão arterial, também traz riscos, principalmente considerando que
as artérias coronárias, que nutrem o coração, dependem de uma pressão
diastólica um pouco mais elevada para poder encher, pois, a maioria dos idosos
tem algum grau de aterosclerose, que é gordura nas coronárias.
As pessoas que tiveram Covid-19 precisam
se vigiar, saber se essa doença levou a alguma alteração cardiovascular e,
principalmente, se gerou miocardite, pericardite, coronarite ou infarto do
miocárdio. “Precisamos ficar atentos, porque embora o vírus chegue pela via
aérea superior e entre, na maioria das vezes, produzindo um processo pneumônico
na via respiratória baixa nos pulmões, ele afeta todos os órgãos e,
principalmente, o coração e as artérias”, alerta Lucélia. Não podemos nos
esquecer, ainda, das consequências para os olhos, pois a hipertensão também
pode levar à diminuição da visão e até à cegueira.
Por isso, é fundamental atentar-se a
essas considerações e verificar a pressão arterial, mesmo que não haja
sintomas, porque a maioria das pessoas não sente nada. E uma vez detectada a
pressão arterial elevada, é necessário buscar acompanhamento, embora muitos não
deem importância e acreditem que ela baixará sozinha, o que é mentira.
“Este dia 26 de abril é um alerta para
combatermos a hipertensão e, assim, reduzir a incidência de AVC, infarto,
insuficiência cardíaca, lesão vascular periférica e todos os outros
comprometimentos causados por essa condição”, reforça a presidente do
Departamento de Hipertensão Arterial da SBC.
Aferição de pressão no metrô de SP
Em mais uma parceria com o Metrô de São
Paulo, a SBC realiza no dia 26/4, das 9h às 14h, uma ação para aferição
gratuita de pressão arterial na Estação Sé. A iniciativa ocorre exatamente no
Dia Nacional da Prevenção e Controle da Hipertensão Arterial, data para
conscientizar sobre a importância do diagnóstico preventivo e do tratamento da
doença, com prevalência na população adulta brasileira em torno de 35%.
A hipertensão tem fatores de risco que
são modificáveis e outros não modificáveis, como predisposição genética e
envelhecimento. Por isso é de fundamental importância trabalhar aqueles sendo
passíveis de mudança, o que inclui: manter uma rotina saudável, tendo uma
alimentação balanceada e evitando o sedentarismo – e consequentemente o
sobrepeso e a obesidade.
De acordo com a SBC, o hábito de fumar,
o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, diabetes e outras doenças com causa
cardíaca fazem parte do conjunto de fatores de risco, sendo importante também
que a pessoa tente combater o estresse.
Medidas preventivas devem ser
estimuladas. A aferição periódica dos níveis pressóricos propicia o diagnóstico
precoce da doença, o controle da pressão arterial e dos fatores de risco
associados, por meio da modificação do estilo de vida e/ou uso regular da
terapia medicamentosa fazem parte do tratamento preconizado pelas Diretrizes de
Hipertensão Arterial SBC.
Campanha "Falando de Coração - Dia
Nacional da Prevenção e Controle da Hipertensão Arterial”
Ação: Aferição gratuita de pressão arterial
Quando: 26/4
Onde: Estação Sé do Metrô de São Paulo
Hora: das 9h às 14h
SOBRE A SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA
Fundada em 14 de agosto de 1943, na cidade de São Paulo, por um grupo de médicos destacados liderados por Dante Pazzanese, o primeiro presidente, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), tem atualmente um quadro de mais de 13.000 sócios e é a maior sociedade de cardiologia latino-americana, e a terceira maior sociedade do mundo.
Nenhum comentário