Educação além do que se vê: como a Escola Nane tem desenvolvido uma estratégia de ensino inclusivo há quase 50 anos
Com o objetivo de garantir o direito à educação
para todas as pessoas, a educação inclusiva pressupõe a igualdade de
oportunidades e a valorização das diferenças ao atender conjuntamente todos os
perfis de estudantes na rede regular de ensino, sem segregar portadores de
necessidades especiais ou de distúrbios de aprendizagem
“Os estudantes não assimilam os
conteúdos ao mesmo tempo e da mesma maneira”. Sob influência deste pensamento
de um dos mais importantes nomes do século XX, Jean Piaget, nasceu a
Escola Nane, em 1975, Moema, Zona Sul de São Paulo, pelas mãos de quatro mulheres:
as psicólogas Suely Robusti e Miriam Tramutola, a pedagoga Rita de Cássia
Rizzo e a professora Lidiane Fernandes.
“Na época, queríamos um espaço intimista
e acolhedor, que fugisse do tradicional e tivesse um novo olhar para a
educação, sem julgar de antemão o que os alunos vão aprender, até porque a Nane já nasceu como uma escola
inclusiva, então, desde o início, pessoas com e sem deficiência convivem e
aprendem juntas, na mesma sala de aula, mas cada uma no seu tempo”,
ressalta Suely Robusti.
Para conseguir atender estudantes com
diferentes perfis, a escola construiu estratégias que focam na expansão das
competências e das habilidades socioemocionais de cada aluno, e reúnem
conceitos de outros grandes pensadores, como o patrono da educação brasileira,
Paulo Freire, o linguista Noam Chomsky e o psicólogo bielorrusso
Lev Vygotsky.
“Dessa maneira, temos um ponto de
partida sólido para inserir o aluno em oficinas e salas de aula adequadas ao
seu perfil, que estimulem o seu aprendizado por meio de um contexto mais
próximo possível da sua realidade”, explica a coordenadora pedagógica, Stella
Martins, que trabalha na Nane há mais de 30 anos.
Esse direcionamento, por exemplo, tem
forte influência de Lev Vygotsky, que defende o uso de uma linguagem
mais aproximada do conceito onde a criança nasceu, pois assim será melhor a sua
comunicação e, portanto, o seu desenvolvimento intelectual.
Um dos desafios da educação é justamente
proporcionar um ensino sem fazer com que o aluno se sinta deslocado,
pressionado ou inferiorizado por não acompanhar determinados conteúdos no mesmo
ritmo que outros colegas. “Quando entrei na Escola Nane, tive medo de não dar
conta das minhas tarefas, como havia acontecido em outra escola, mas logo
percebi que daria conta de tudo, pois os professores me mostraram que
tudo era possível com paciência e dedicação”, relata a ex-aluna Flávia
Stempniewski, 34, atualmente pedagoga.
Para proporcionar um ensino que respeita
o tempo de cada estudante, além de formar grupos de alunos que têm o mesmo perfil,
as aulas regulares e as oficinas trabalham de maneira mais lúdica e empírica
conteúdos fundamentais para que o aluno possa assimilá-los com propriedade e
assim dar os passos seguintes.
“O nosso objetivo é fazer com que o
estudante seja o mais desenvolvido possível para ter autonomia de pensamento e
de sobrevivência e, no futuro, ter o maior número possível de oportunidades de
escolha”, complementa Stella.
É o que vem acontecendo com Artur
Brumatti, autista , estudante do Ensino Fundamental II: pela primeira
vez, ele conseguiu acompanhar a proposta de conteúdo de uma escola sem
necessidade de adaptação e conquistou um nível inédito de autonomia, como
relata sua mãe Maria José Brumatti, economista. “Além de aprender, o Arthur
também ensinou seus colegas, num ambiente estimulante com muitas trocas e
interações”, comemora.
Cuidado, respeito e afeto são
prioridades no dia a dia da escola é parte importante de sua estratégia de
ensino. “A aprendizagem tem que ter emoção envolvida, tem que ter amor”,
defende Stella.
Para a Nane, o vínculo emocional é capaz
de proporcionar ao estudante a capacidade de caminhar com as próprias pernas,
de se desenvolver afetivamente, socialmente e cognitivamente. “A Nane
acolhe as pessoas com diversos níveis de dificuldade, nos ajudando a encontrar
caminhos para que nos tornemos independentes”, complementa a ex-aluna Flávia.
E mesmo no período de pandemia, que
obrigou alunos e professores a interagirem de forma online, a escola não deixou
de proporcionar momentos de socialização: atividades como festa junina, saraus,
baladas permaneceram na agenda escolar e são sempre muito aguardadas por todos
os alunos.
“Enxergar a educação com outros olhos
significa perceber o indivíduo na sua totalidade e tratar o conhecimento
de forma mais integrada, em que as atividades propostas são marcadas pelas
oportunidades que o estudante tem de atribuir significados ao ato de conhecer”,
conclui Suely.
E assim, com o pilar “todos
aprendem e têm o direito de aprender” que a parceria entre pais,
alunos e profissionais da Escola Nane têm contribuído, há 46 anos, para a
concretização de sonhos e projetos de crianças e jovens de toda a Educação
Básica. Mais do que formar alunos, a instituição prepara os estudantes para
vida, por meio do autoconhecimento e de conceitos humanitários como
cooperação e solidariedade.
Serviço:
Escola Novo Ângulo Novo Esquema
Rua Graúna, nº 107. Bairro Moema, São
Paulo/SP
www.nane.com.br I
Telefones: 11 5044-6205 / WhatsApp 11 97034-2225
@nane_oficial no Instagram
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