Médicos Sem Fronteiras lança revista da Turma da Mônica sobre Doença de Chagas
Publicação, feita em parceria com o Instituto
Mauricio de Sousa, marca o dia mundial de combate à enfermidade, que afeta de 6
a 7 milhões de pessoas no mundo
A Turma da Mônica está em uma nova
aventura. Dessa vez, os personagens infantis vão aprender e ensinar aos
leitores tudo o que é importante saber sobre a Doença de Chagas, uma
enfermidade que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, mas que muitas
pessoas não conhecem. A edição temática da revistinha, produzida por Médicos
Sem Fronteiras (MSF) em parceria com o Instituto Mauricio de Sousa, traz
informações em linguagem simples e acessível para que pais e filhos entendam
quais são as formas de prevenção, sintomas e tratamento. A publicação foi
lançada hoje (14/04) no Dia Mundial da Doença de Chagas e ficará disponível
para download no site da organização (msf.org.br).
“Chagas afeta pessoas em situação de
vulnerabilidade com pouco acesso aos serviços de saúde e à informação. Muitas
não sabem que contraíram a doença, pois não foram diagnosticadas. Elas correm
sérios riscos de desenvolver a sua forma crônica, que pode levar a complicações
e, em alguns casos, à morte”, explica Vitória Ramos, gerente de Advocacy e Assuntos
Humanitários de MSF. Atualmente, nem mesmo as faculdades que formam
profissionais de saúde tratam da patologia nos cursos. “A desinformação é muito grande, por
isso é importante falar com todos os públicos e em diferentes formatos sobre
essa doença que ainda existe. E a revistinha é uma oportunidade de atingir as
crianças e os familiares que também leem para os pequenos”.
Para Amauri Sousa, diretor executivo do
Instituto Mauricio de Sousa, colocar os personagens em uma história educativa é
muito gratificante. “Sabemos que uma campanha de saúde com a Mônica, o
Cebolinha e o Cascão traz uma curiosidade maior, pois desperta o imaginário de
muitas gerações que cresceram lendo gibis e podem fazer o mesmo com seus
filhos. Com a publicação, a mensagem chega em muito mais pessoas”, afirma
Amauri.
De acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS), de 6 a 7 milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelo
parasita Trypanosoma
cruzi, que
provoca a Doença de Chagas. E, aproximadamente, 10 mil mortes serão causadas
por enfermidades que estão relacionadas a Chagas todos os anos.
Embora os números sejam superlativos, a
enfermidade faz parte de um grupo de doenças negligenciadas que atinge países
pobres e mais comumente áreas fora dos grandes centros urbanos. Na América
Latina, a patologia é endêmica nos 21 países, colocando 75 milhões de pessoas
da região sob risco de infecção.
Quando falamos de tratamento, os
medicamentos atuais, descobertos há meio século, são especialmente eficazes
durante a fase aguda, quando o parasita está presente no sangue, e no início da
fase crônica da doença, quando ele se aloja em órgãos e tecidos. Mas, sem a
terapia, os pacientes podem desenvolver os quadros graves com complicações
cardíacas e digestivas, por isso é tão importante saber quais são os sintomas e
realizar o diagnóstico o mais cedo possível.
No Brasil, a falta de dados
epidemiológicos também é um problema grave. Mesmo após forte pressão de
especialistas e da sociedade civil, incluindo Médicos Sem Fronteiras, a
notificação dos casos crônicos ainda não está sendo implementada. “Com a
subnotificação, não sabemos quantos brasileiros estão com a doença ou onde eles
estão. Esse desconhecimento agrava a falta de políticas públicas adequadas para
essas pessoas que poderiam ser encontradas”, explica Vitória. Por isso, é tão
importante falar sobre a Doença de Chagas não só no dia 14 de abril, mas
durante todo o ano e para vários públicos.
A publicação também conta com o apoio da Fiocruz e da Iniciativa Medicamentos para Doenças (DNDi).
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