Open Insurance, a revolução do setor de seguros. O que vem por aí?
Por Alexandre Rici, cloud sales specialist para
a Logicalis Brasil
O setor de seguros promete dar uma
virada de chave no mercado com o Open Insurance, ou Sistema de Seguros Aberto,
que é um ecossistema de compartilhamento e circulação de dados por meio de APIs
abertas, com consentimento do consumidor. Inspirado no modelo do Open Banking,
a expectativa é tornar o segmento altamente competitivo, impulsionando a
criação de produtos e serviços inovadores, a taxas mais atraentes para os
consumidores.
A iniciativa é regulada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e
deve beneficiar tanto o segurado, como a seguradora, multiplicando as opções de
relacionamento entre as prestadoras de serviços e os consumidores. Analistas do
setor apostam em uma movimentação que trará inovações por meio do uso
inteligente de dados dos clientes, promovendo serviços personalizados e
atraindo novos perfis ainda não explorados.
O Open Insurance permitirá compartilhar informações e dados sobre produtos e
serviços de seguros, capitalização e previdência dos consumidores (quando autorizados),
entre empresas de seguros, fintechs e credenciadas pela Susep.
Mas para ingressar nessa evolução, é essencial investir em novas tecnologias e
infraestruturas. A Cloud deve ser o habilitador dessa transformação ao garantir
inovação, escalabilidade, segurança e maior agilidade, possibilitando a criação
de novas plataformas e ampliação do portfólio de produtos e serviços e a venda
por meio de Marketplace e canais digitais.
Tudo isso pode ficar mais ágil por meio de parcerias com fintechs, insurtechs
(startups especializadas no setor de seguros) e empresas integradoras e de
tecnologia. Essa estratégia contribui para ganhar velocidade na trilha de
evolução do mercado de seguros, sem perder o foco no negócio. E não tenho
dúvidas de que buscar um parceiro que gerencie e atue em todas as fases dessa
jornada de modernização minimiza impactos, acelera processos e traz
resultados.
Nessa maratona para o novo desenho, é interessante construir e se conectar ao
ecossistema de negócios para todas as modalidades de seguros, que inclua
corretores, fintechs, cooperativas de crédito, locadoras de automóveis,
empresas de turismo, de saúde e bem-estar e até operadoras de telecomunicações,
que ofereçam serviços financeiros, para facilitar pagamentos e possibilitar financiamentos.
Percebe a formação de marketplaces, extremamente atraentes para o consumidor,
que levará a sua experiência a outro patamar por meio da conveniência?
Desafios do Open Insurance
O Open Insurance tem o mesmo conceito e herdou os mesmos padrões de
autenticação e segurança que o Open Banking, como o framework do FAPI/CIBA. Ele
enfrenta, portanto, os mesmos desafios na maior parte dos casos, como a
construção de um ambiente altamente seguro e escalável para a troca de
informações pessoais e sensíveis dos clientes e das empresas e as exigências de
compliance da LGPD em relação à privacidade e compartilhamento dos dados.
Por serem setores diferentes, com características próprias de atuação e de
perfis distintos de público-alvo, novos desafios se impõem ao Open Insurance. A
área de Seguros terá de superar dois importantes aspectos: a infraestrutura
tecnológica desatualizada de grande parte das empresas, que irá dificultar a
integração e é essencial nesse novo desenho de mercado; e a adequação do perfil
de quem vende seguros.
Muitas seguradoras já migraram para a nuvem, mas ainda preservam suas
aplicações críticas sob controle em seus territórios com arquitetura híbrida. O
grande problema é que, por vezes, essas arquiteturas sofrem com soluções
legadas e monolíticas, que não escalam de forma adequada, com tempos de
resposta insatisfatórios, e que entregam uma experiência ruim aos seus
usuários. Desta forma, os clientes precisarão de orientação e apoio
especializado para fazer essa atualização de maneira rápida, eficiente, segura
e dentro do orçamento estimado.
Em relação ao perfil de atuação dos vendedores de seguro, o desafio é alinhá-lo
ao novo mercado, mais competitivo, em que a simples apresentação de uma lista
de preços praticados por variadas seguradoras não será mais suficiente para
fechar negócios.
O gerente do banco, por exemplo, tem um papel consultivo, diferente do corretor
de seguros, que geralmente entra em contato com o cliente apenas uma vez ao
ano, próximo ao vencimento do contrato para renovação. Nos bancos,
tradicionalmente a fidelização é apoiada no bom relacionamento, na excelente
experiência proporcionada ao cliente e não necessariamente no menor preço de
produtos e serviços. O diferencial estará no valor agregado.
Então, o discurso terá de ingressar na era da humanização, da personalização e
do profundo conhecimento do vendedor sobre o produto que oferece e seus
diferenciais em relação à concorrência. É o futuro inquieto, batendo à porta do
presente.
E vem mais por aí. De acordo com o Bacen, os padrões tecnológicos e os
procedimentos operacionais que serão adotados no Open Insurance devem garantir
a integração, compatibilidade e interoperabilidade com o Open Banking. Essa
integração é que irá permitir aos consumidores o acesso ao ecossistema de
produtos e serviços.
É preciso, portanto, se preparar para não perder a oportunidade de ingressar de
maneira assertiva nessa evolução do mercado segurador. O Open Insurance, que
deu sua largada em dezembro de 2021, tem estimativa de entrar em operação em
junho de 2023, com todos os seus serviços, oportunidades e novos entrantes em
um ecossistema inovador e desafiante.
Por Alexandre Rici, cloud
sales specialist para a Logicalis Brasil.
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